Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano,

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano, "Anatomia de uma queda", de Justine Triet, é um dos títulos da programação

crédito: Les Films Pelleas/Divulgação


O Festival Varilux de Cinema Francês dá início, nesta quinta-feira (9/11), à sua 14ª edição, cinco meses mais tarde que o período habitual. Até 22 de novembro, 21 longas-metragens (19 inéditos no circuito comercial) serão exibidos em meia centena de cidades brasileiras. Em Belo Horizonte, as sessões serão nos cines Ponteio, UNA Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas.

A época é outra, mas o formato é o mesmo. A maratona conta com pouco mais de 4 mil sessões de cinema. Foi uma edição difícil de se organizar, afirma Christian Boudier, curador e diretor do evento.

“Fomos literalmente expulsos do período (junho) por causa dos lançamentos dos blockbusters americanos. Uma das virtudes do Varilux é que o festival permite que o cinema francês seja exibido em salas comerciais. Pois, na época, os (administradores dos) cinemas falaram: 'Não contem com a gente'. Como iríamos perder muito espaço, e nossa prioridade é reconquistar público, desistimos."

O Varilux vai exibir algumas estrelas da temporada mais recente de festivais internacionais. A maior delas é "Anatomia de uma queda", de Justine Triet, Palma de Ouro em Cannes neste ano. O filme acompanha a investigação da morte de um homem em um lugar remoto dos Alpes. Há três testemunhas da morte - um cachorro, uma criança e uma mulher. Esta última, obviamente, é apontada como a principal suspeita.

A série "Bardot", sobre a carreira da atriz, ficará disponível de graça no site do festival, por um mês

"E Deus criou a mulher", de Roger Vadim, com Brigitte Bardot, está na programação do festival

Bonfilm/Divulgação

RELAÇÃO PROIBIDA

Entre os concorrentes de "Anatomia" em Cannes estava "Culpa e desejo", de Catherine Breillat, que o Varilux também exibe. Com Léa Drucker como protagonista, o filme retrata a relação proibida entre uma advogada e seu enteado.

Um dos atores mais prolíficos da cinematografia francesa, Daniel Auteuil estrela "Meu novo brinquedo", remake de James Huth para a comédia "O brinquedo" (1976). Na história, o veterano ator interpreta o homem mais rico da França, que diz ao filho que ele pode escolher o que desejar de aniversário. O garoto escolhe como brinquedo Samy, o vigia da loja.

Apesar das dificuldades, e ainda sem saber se a edição de 2024 será também no fim do ano, Boudier comemora a realização do festival. Como nos anos anteriores, uma equipe de atores e diretores franceses desembarcou nesta semana no Brasil, para encontros com o público do Rio e de São Paulo.

Entre os convidados estão Cédric Kahn e Stefan Crepon, diretor e ator de "Making of", história ficcional (com uma boa base no real) que acompanha a difícil realização de um longa-metragem. O drama romântico "O desafio de Marguerite", que foge do padrão ao contar a relação entre dois jovens matemáticos, traz ao Brasil a diretora Anna Novion.
Outra convidada é a jovem atriz franco-argentina Julia de Nunez, que estreou como o ícone Brigitte Bardot na série biográfica "Bardot", que acompanha a ascensão da atriz. A produção, de seis episódios, não será exibida em BH. Mas, no próximo dia 22, logo após o festival, ela ficará disponível por um mês (e de graça) no site Festival Varilux em Casa.

Bardot, por sinal, é a estrela de dois clássicos que o festival exibe: “E Deus criou a mulher” (1956), de Roger Vadim, e “O desprezo” (1963), de Jean-Luc Godard.

O cinema francês tradicionalmente ocupa o terceiro lugar entre as cinematografias mais vistas no Brasil - a primeira colocação fica com a produção americana e o segundo posto, com a nacional. Mas o cenário do pós-pandemia é outro.

"O cinema não conseguiu se reerguer (depois da crise sanitária). Houve um balanço da Unifrance (organização que promove o cinema francês em todo o mundo) em 2022. Uma das piores tendências é no Brasil", diz Boudier. Segundo ele, a produção francesa perdeu 67% de seu público no país. O resultado só não foi pior do que na China, cuja queda foi de 91%. "Antes, um filme independente francês conseguia 20 mil, 30 mil espectadores. Hoje, conseguir este número é muito difícil."

A situação da França é muito semelhante à da produção brasileira. Há dois anos sem cota de tela (o mecanismo que garante reserva de mercado para o filme nacional), a cinematografia brasileira também tem sofrido reveses. Neste ano, a fatia de mercado está em 1,4%, segundo dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Na década passada, a média da produção nacional de ocupação das salas foi de 13%.

FESTIVAL VARILUX 2023
• O festival começa nesta quinta-feira (9/11). Em BH, haverá sessões, até 22/11, no Centro Cultural Unimed-BH Minas, Cine Ponteio e UNA Cine Belas Artes.

•Em Minas, haverá também sessões no Cinemais Jardim Norte, em Juiz de Fora, e no Cine Marquise, em Poços de Caldas. Programação completa disponível no site do festival.

 

MOSTRA COMPETITIVA
O Cine Humberto Mauro também dedica sua programação à produção francesa, a partir desta quinta (9/11). Até domingo (12/11) a sala no Palácio das Artes promove o FestiFrance Brasil, mostra competitiva de cinema francês. São várias sessões, das 10h até as 21h, abrangendo longas e curtas, documentários e animações. Haverá também workshops de direção de cena, produção executiva e criação de roteiro. No último dia do evento, às 17h, haverá premiação dos curtas. Entrada franca (ingressos devem ser retirados na bilheteria uma hora antes de cada sessão). Programação completa em fcs.mg.gov.br