A interrelação existente entre classe social e envelhecimento é complexa e nem sempre muito clara. Esta conexão tem implicações para a compreensão de como diferentes segmentos da sociedade experimentam o processo de envelhecimento. É essencial reconhecer essa interação para que nós, por um lado, por meio do apoio; e o governo, por meio de políticas públicas, desenvolvamos ações com o objetivo de melhorar a qualidade de vida para aqueles que estão enfrentando o processo de amadurecimento com menos recursos que outros de nós.



O envelhecimento é uma realidade biológica e nenhum de nós está livre dela. No entanto, a velocidade e forma como esse processo se manifesta podem variar de modo significativo de indivíduo para indivíduo. Qual de nós nunca se deparou com pessoas de idades assemelhadas, mas que apresentam um processo de envelhecimento completamente diferente?

Temos o hábito de achar que o que define nosso envelhecimento é a idade cronológica, no entanto, essa concepção é enganosa. Pesquisas recentes demonstram que mais determinante para nosso envelhecimento são questões socioeconômicas. Uma pesquisa publicada no Journal of Health and Social Behavior apontou que o aceso diferenciado a cuidados de saúde de qualidade é uma realidade em muitas nações e que indivíduos de classes sociais mais baixas têm menor probabilidade de receber tratamentos
médicos adequados e, consequentemente, apresentam uma incidência mais alta de doenças crônicas, o que pode acelerar o processo de envelhecimento.

Mas não é só isto! O estilo de vida é também um determinante-chave para o envelhecimento saudável. Infelizmente, a capacidade de manter hábitos saudáveis pode ser  severamente restringida pela classe social. Um outro estudo, agora do American Journal of Public Health, ressaltou como indivíduos de classes mais baixas frequentemente têm acesso limitado a alimentos mais saudáveis, mais frescos e mais nutritivos. E não precisamos ter dúvidas que esta falta de acesso tem implicações diretas na saúde e no modo como o processo de envelhecimento se desenvolve em cada um de nós.

Um outro ponto determinante para a saúde é a presença de interações reais e virtuais na vida das pessoas em processo de amadurecimento. Estas conexões interpessoais são responsáveis pelo bem-estar físico e psicológico. No tocante à saúde mental, as redes sociais permitem interações que na realidade nem sempre são tão fáceis de acontecer; já em relação à saúde física, as redes sociais de apoio podem incentivar comportamentos saudáveis, dar suporte em caso de doenças e até mesmo socorrer a tempo em caso de emergência. Quanto maior a rede de apoio, maior a chance de uma vida mais saudável.

O acesso equitativo a cuidados de saúde de qualidade, um ambiente limpo e seguro, e a capacidade de cultivar e manter relações interpessoais significativas são direitos humanos fundamentais e não privilégio reservado a uma elite. Em uma sociedade verdadeiramente progressista e compassiva, como é a que esperamos construir, todos os indivíduos, independentemente de sua classe social, deveriam ter as mesmas oportunidades de envelhecer com dignidade, saúde e alegria.

Devemos reconhecer que o envelhecimento com qualidade de vida é tanto um desfio pessoal quanto uma questão social coletiva, pois, no fim das contas, o verdadeiro teste para uma sociedade é como ela cuida dos seus membros mais vulneráveis.

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