A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,62% em 2023 é um alívio para a economia como um todo, mas principalmente para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, pela primeira vez desde 2020, não terá que enviar uma carta ao ministro da Fazenda se explicando pela “ineficácia” da política monetária em manter o índice de preços dentro do limite da meta fixada para o ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Mas se há um alívio para o presidente do BC e para o bolso do cidadão, a taxa de 0,56% em dezembro (o dobro em relação ao 0,28% de novembro), praticamente sepulta qualquer possibilidade de o Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central acelerar o corte na taxa básica de juros, devendo manter a redução de 0,5 ponto percentual na reunião de 30 e 31 de janeiro.

Com a ressalva de que a aceleração dos preços, que veio pior do que as previsões do mercado, pode ser um problema pontual e que ainda não permita dizer que há riscos de aumento da inflação, analistas e economistas já começam a sinalizar para possíveis mudanças na política monetária. “Apesar de o IPCA de dezembro ser resultado de choques pontuais, serve de advertência como a tarefa de convergir a inflação para o patamar em torno de 4%, que projetamos para 2024 é desafiadora”, avalia Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo. Para ele, a taxa de juros terminará o ano em 9,25% “A piora na média dos núcleos sugere um cenário desinflacionário menos consistente no curto prazo. Diante disso, é provável uma menor expectativa de uma redução mais rápida da taxa Selic”, acrescenta Igor Cadilhac, economista do PicPay.

Além de ficar acima das expectativas do mercado financeiro, que projetava alta de 0,49% para dezembro e de 4,5% para o ano, o IPCA de dezembro mostrou piora nos núcleos da inflação. “O que acende um alerta é a média dos núcleos variando 0,45% ante nossa projeção de 0,38%. Adicionalmente chamamos a atenção para a variação de serviços subjacentes, 0,51% ante 0,34%. No final das contas, a divulgação do índice de dezembro traz informações qualitativamente e quantitativamente piores do que o precificado pelo mercado”, diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

“Chama a atenção que todos os grupos do índice apresentaram aumento no último mês do ano, dessa forma, em termo qualitativos, a inflação oficial piorou em todos os aspectos, com um índice de difusão subindo de 51,7% para 65,3% e com a média dos núcleos saindo de 0,18% em novembro para 0,45% em dezembro”, acrescenta Paulo Silva, responsável pela gestão dos ativos e passivos da Efí. Para ele, a inflação de dezembro não altera o ritmo de corte da taxa Selic em 0,5 ponto, mas exigirá “uma intenção adicional por parte do Banco Central na condução da política monetária daqui para frente”, acrescenta. Para ele, isso pode reduzir o otimismo do mercado de uma Selic em 9,5% no fim do ano.



Analista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo. “a leitura do IPCA de dezembro trouxe outra surpresa altista disseminada em itens da inflação subjacente (núcleo da inflação)”, que ficou “acima do teto das estimativas do mercado pela primeira vez nos últimos três meses”, o que coloca em jogo a perspectiva de desaceleração da inflação dos serviços. “A inflação de serviços encerrou o ano em 6,22% e a subjacentes em 4,82%”, diz Andrea ao destacar que avaliação de um momento pior de inflação subjacente esta em acordo com a expectativa da Warren e com isso não houve alteração na projeção de que a Selic chege ao fim do ano em 9%. com cortes de 0,5 ponto percentual. Hoje, a Selic está em 11,75%, e para que chegue ao patamar projetado pelaWarren serão necessários cinco cortes consecutivos a partir deste mês, com a Selic ficando abaixo de dois dígitos apenas no segundo semestre do ano.

Casa própria

23,5% foi o crescimento nas vendas de imóveis novos no país entre janeiro e outubro em relação a igual período de 2022, segundo a Abrainc

Infraestrutura

Pelo menos R$ 150 bilhões devem ser injetados em projetos de infraestrutura no país a partir da sanção pelo presidente Lula, na quarta-feira, da lei que cria as debêntures de infraestrutura. Nas contas da Assocaiçaõ Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abid) esse virão de fundos de pensão e previdência privada, com um patrimônio de R$ 1,5 trilhão e que agora estão autorizados a investir em debêntures.

 Startups

Um estudo da Liga Ventures com a seguradora Kakau, e Associação Brasileira de Insurtech mapeou 117 startups ativas e que utilizam diversos tipos de tecnologia no mercado de seguros. Em relação ao ano de fundação das startups, cerca de 35% delas foram criadas entre 2019 e 2022. Já as principais categorias de insurtechs ativas fundadas de 2020 a 2023 foram infraestrutura tecnológica (26%); seguro de vida (15%); análise de dados (11%); agrícola (11%) e seguro automotivo (11%), segundo os dados do mapeamento da Liga Ventures.

 

 

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