A taxa básica de juros continuará caindo até o final do ano, com as projeções para a inflação dentro da meta para os próximos anos. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que reduziu de 12,75% para 12,25% a Selic esta semana vai promover novo corte na última reunião do ano, no início de dezembro, com os juros fechando o ano em 11,75% No comunicado da decisão, tomada de forma unânime, o Copom não faz nenhuma modificação em relação ao ritmo da flexibilização da política monetária e nem quanto à sinalização sobre a continuidade dos cortes.

A única condicionante acrescentada no texto em relação à reunião interior refere-se à elevação dos juros nos Estados Unidos e o agravamento da guerra no Oriente Médio. No primeiro caso, um novo aumento nas taxas de juros dos EUA pode limitar o corte de juros no Brasil para evitar uma migração de recursos para títulos norte-americanos. No segundo caso, a guerra pode pressionar os preços do petróleo e com isso elevar a inflação mundo a fora, incluindo o Brasil.

“O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, é mais incerta do que o usual e exige cautela na condução da política monetária”, diz o comunicado divulgado junto com a decisão do corte de 0,5 ponto percentual na taxa. Diante das expectativas do mercado financeiro, o Banco Central deve manter o corte de 0,5 ponto na próxima reunião, aproveitando o intervalo entre a última reunião deste ano, em 12 e 13 de dezembro, e a primeira de 2024, entre 30 e 31 de janeiro, para avaliar a evolução do cenário externo.

É nesse intervalo também que o Banco Central avaliará a evolução do controle fiscal, com a manutenção da meta de déficit zero, perseguida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ou com o estabelecimento de nova meta em um percentual próximo a zero. A meta estará fixada no Orçamento de 2024, que tramita no Congresso e terá que ser aprovado até o último dia do ano legislativo, sob pena de os parlamentares ficarem impedidos de iniciar o recesso.

Outro ponto que aponta para a continuidade da redução da taxa básica de juros é o fato de que, mesmo com o corte de quarta-feira, o Brasil continua a ter a maior taxa real de juros, conforme levantamento do MoneYou, o juro real no Brasil está em 6,9%, contra 6,89% no México e 5,48% na Colômbia. Esse percentual está acima dos 4,5% que o Banco Central considera como taxa real neutra, ou seja, sem impacto na atividade econômica.

Essa atividade econômica também está precisando dando sinais de desaquecimento. A produção da indústria brasileira está estagnada exatamente no período em que se espera crescimento da produção para atender a demanda de fim de ano. As vendas do comércio também estão estagnadas e mesmo o setor de serviços, com alta de 4,1% no ano, teve queda de 0,9% em agosto. Esse quadro aponta também para uma redução dos ganhos do trabalho, mesmo com o país registrando as menores taxas de desemprego em quase 10 anos.

Com a conjuntura interna favorecendo o processo de desinflação, o Banco Central terá espaço para manter a política de flexibilização da política monetária, sem contudo acelerar o ritmo, como desejam empresários da indústria e do comércio e serviços. A perspectiva é de que no fim do ano que vem a Selic esteja em 9%, caindo para 8.5% em 2025. A expansão da guerra Israel x Hamas para países que são grandes produtores de petróleo no mundo árabe, fora do radar ainda, pode modificar totalmente o cenário, levando a uma alteração na política monetária pelo Banco Central.

Balança

US$ 8,96 bi é o superávit da balança comercial brasileira em outubro, o maior para o mês desde o início da série histórica em 1989

Marco positivo

Para a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) o novo marco legal das garantias, sancionado pelo presidente Lula, “é um importante avanço do arcabouço regulatório moderno” que permitirá ampliar o mercado de crédito e agilizar a execução das garantias. Mas para a Acrefi, o veto à retomada de automóveis dados em garantia pela via extrajudicial precisa ser revisto.

Para a China

Com uma corrente de comércio de quase US$ 20 bilhões e um superávit de US$ 9,5 bilhões, Minas Gerais é o principal estado exportador para a China, respondendo por quase 36% do que é vendido do Brasil para o gigante asiático. Entre os principais produtos estão minério de ferro, soja, carne bovina, ferro ligas, outros minérios, açúcar, celulose, cobre, carne de aves e ferro gusa. Juntos, esses produtos representam 97,3% das exportações.