Gustavo Scarpa é uma das 'armas' do técnico Felipão para o clássico contra o Cruzeiro, na Arena MRV -  (crédito: Pedro Souza/Atlético)

Gustavo Scarpa é uma das 'armas' do técnico Felipão para o clássico contra o Cruzeiro, na Arena MRV

crédito: Pedro Souza/Atlético

Neste momento, o Atlético tem mais time, mais grupo, mais estádio, mais técnico, mais tudo que o Cruzeiro. Contra fatos não há argumentos e, justamente por isso, o aponto como franco favorito para vencer o clássico desta noite em sua casa. Torcedores tem uma máxima de que “quando uma equipe está mal e é inferior a outra, naquele momento, ela sempre ganha o clássico”. Não penso assim, pois trabalho em cima da realidade momentânea das equipes. O Galo tem um time forte, uma base que vem junta há três anos, com mudanças de poucas peças. Tem um ataque feroz, com Hulk e Paulinho, e fez a melhor contratação da temporada, Gustavo Scarpa, que tem bola para jogar no nosso pobre futebol, mas não tem bola para jogar na Europa, tanto que fracassou na Inglaterra e Grécia e foi repatriado. O alvinegro jogará diante de sua torcida, única, aliás, numa declaração de incompetência das autoridades. Tudo conspira para que o Galo consiga uma grande vitória e se eu fizesse uma aposta nessas casas de jogos colocaria 80% das fichas no Galo e apenas 20% no Cruzeiro.


Os cruzeirenses dirão: “Jaeci, você disse o mesmo no Brasileirão e o Cruzeiro carimbou a inauguração da arena do Galo, com grande vitória, que, inclusive, fez com que o alvinegro não conquistasse a taça.” É verdade. No futebol existe o imponderável e uma equipe que está mal pode sim derrubar aquela que se encontra mais forte no momento. Porém, isso não é regra, é exceção. O Galo é o grande favorito, queiram ou não os mais empolgados. O Cruzeiro é um time em formação, com técnico novo e muita coisa para acontecer. Uma equipe que terminou o ano muito mal, ao contrário do Galo, terceiro colocado no Brasileirão. E a gente sabe que camisa hoje em dia não pesa mais. Mesmo sendo o maior vencedor de taças nacionais e internacionais do estado, o Cruzeiro de hoje é um time fraco, em busca de uma identidade.


A SAF do Cruzeiro é como a do Botafogo. Pelas entrevistas que vi, tanto Textor quanto Ronaldo querem que suas empresas deem lucro. Eles não têm a preocupação de formar um grande time para conquistar taças. Primeiro, porque ambos não têm dinheiro para investir em seus clubes e, segundo, que compraram as instituições como investimento para negócios futuros. O próprio Ronaldo declarou em entrevista: “Não serei eterno no Cruzeiro. Um dia vou vender o clube”. É o mesmo que uma pessoa que compra uma empresa falida. Ele compra barato, tenta recuperá-la e a vende em seguida, com belo lucro. O problema é que no futebol se mexe com a paixão do torcedor, e isso pode causar problemas sérios.


Vejam a diferença. A SAF do Atlético visa taças e títulos. Os donos são atleticanos declarados, ajudaram o clube nos momentos mais difíceis e, além disso, são bilionários. Não querem lucro e sim organizar a casa, pagar as dívidas e por o Atlético como candidato a todos os títulos que vai disputar. E a torcida agradece, pois esse deve mesmo ser o objetivo de uma equipe de futebol. Os clubes não são instituições financeiras para viverem de lucro. Enfim, no clássico de hoje o favorito é o Galo, como continua favoritaço ao título. Se o Cruzeiro vencer, será por esses acasos e pelo imponderável do futebol. Qualquer coisa diferente disso, como diz meu amigo e grande jornalista, Chico Maia, “é perfumaria”.