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Ivan Drummond
Repóter de Polícia e Esportes. Participei da cobertura e sete edições dos Jogos Olímpicos, Cobertura Copa do Mundo. Ganhador de dois Prêmios "Esso", em 1985 e 1987. Ganhador Prêmio Nacional Petrobras, com a série de matérias "Hilda Furacão"
HISTÓRIAS DO ESPORTE

Aconteceu na várzea

Pois a direção tomou uma decisão. Contratou um estivador e o inscreveu na competição. Todos os jogos, lá estava ele, o novo contratado, no banco de reservas

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Até quando vão acontecer esses erros – a gente tem de chamar assim – de arbitragem? Já repararam que eles acontecem, sempre, contra times mineiros? E que os beneficiados são, sempre, clubes de Rio e São Paulo?

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Não posso deixar de lembrar aberrações contra nossas equipes. A primeira delas foi em 1974, na final do Campeonato Brasileiro, entre Cruzeiro e Vasco, na capital fluminense. Era um jogo extra, já que as duas equipes tinham terminado o quadrangular final, que teve também Santos e Internacional, empatados, com quatro pontos. Na época, o vencedor de uma partida levava dois pontos, não três como é agora – passou a ser assim a partir de 1995.

Para começar, o jogo teria de ser em Belo Horizonte, pois o Cruzeiro tinha melhor saldo de gols que o time carioca, mas uma manobra, que contou com certa conivência do Cruzeiro, pura infantilidade, acabou levando o jogo para o Maracanã.

Pois o jogo começa. O Vasco faz 1 a 0, aos 18min do primeiro tempo. O Cruzeiro empata, com Nelinho, aos 19 do segundo. O Vasco passa à frente aos 31min da segunda etapa.

O jogo é tenso. Mas um lance, aos 43min do segundo tempo, acabou por dar o título ao Vasco. Nelinho vai à linha de fundo e cruza. Zé Carlos marca de cabeça. Mas o árbitro Armando Marques anula. Com o empate haveria prorrogação e, se a igualdade permanecesse, disputa de pênaltis.

Mas o gol foi anulado, numa das maiores aberrações já vistas no futebol brasileiro, pois em bola de linha de fundo não há impedimento. Afinal de contas, todos os atacantes estarão atrás da linha da bola.

Depois vem o absurdo de 1981. Atlético x Flamengo, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia, jogo extra para decidir o primeiro colocado da chave, que tinha ainda Olímpia e Cerro Porteño, ambos do Paraguai.

Aos 14min, Reinaldo dá um carrinho em Zico, no meio do campo, e é expulso. Daí em diante, uma série de expulsões, estranhamente todas do Atlético. Palhinha vem a seguir. Depois Éder. E chega a vez de Chicão. O Atlético está com sete jogadores em campo, o mínimo exigido pela regra para que um jogo continue.

Mas o campo é invadido por dirigentes atleticanos. O árbitro, causador de tudo, José Roberto Wright, dá a partida por encerrada. A decisão dá a vitória por WO ao time carioca.

E hoje, seguimos vendo aberrações. Expulsões inexistentes, inventadas pelos árbitros e pelo VAR – já disse, aqui, que a maioria desses caras que trabalham nisso não entendem nada. Jogadores de outros clubes cometem faltas feias e não são expulsos, mesmo quando o jogador agredido terá de ficar afastado um tempão por uma contusão gravíssima. Nesse caso, aliás, a regra deveria prever que o causador da contusão deveria ser afastado até que sua vítima volte a jogar.

E isso tudo acontece há muito tempo nesse brasileiro. Os clubes mais prejudicados são os mineiros, Atlético e Cruzeiro.

E esses acontecimentos me remontam aos tempos de várzea, aqui em Belo Horizonte. Havia um time que era sempre prejudicado pela arbitragem. Pois é. E isso revoltava, e muito, dirigentes e jogadores.

Pois a direção tomou uma decisão. Contratou um estivador e o inscreveu na competição. Todos os jogos, lá estava ele, o novo contratado, no banco de reservas.

Mas por que um estivador, que nem sequer conseguia chutar uma bola? Pois no terceiro jogo, o juiz errou feio. O técnico, então, mandou o estivador entrar em campo. Ele foi lá, direto para cima do juiz e lhe deu uma surra. Um dos assistentes terminou de apitar o jogo. Expulsou o estivador.

Mas ali, sem que ninguém percebesse, um recado estava sendo dado. O agressor foi suspenso por um ano. Mas ele tinha um amigo, também estivador, que foi contratado. Duas rodadas depois, um novo erro gritante de arbitragem. E lá foi o segundo estivador e nova surra no árbitro.

Bom, essa foi a solução encontrada por um time da várzea.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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