Na música não é mais necessário lançar um álbum e depender de uma mídia física -  (crédito: Pixabay/Reprodução)

Na música não é mais necessário lançar um álbum e depender de uma mídia física

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No final dos anos 1990, houve um forte movimento para que as gravadoras numerassem os CDs para melhorar o controle das vendas. As gravadoras eram donas de toda a cadeia produtiva de um álbum. Estou falando desde a gravação das músicas até a venda final. Muitos artistas tinham como hábito reclamar que estavam sendo abusados financeiramente. O principal motivo é que todas as informações estratégicas estavam dentro das gravadoras. Era um mundo onde a raposa fazia a gestão do galinheiro.

 

 

A indústria da música se digitalizou e com isto a maior parte de sua receita vem das plataformas de streaming. São várias empresas pagando percentuais muito pequenos onde o somatório destes valores é que faz sentido. Eu tenho falado que estamos vivendo no mundo em pedacinhos.

 

O mesmo acontece com o que estamos pagando. Não compramos mais softwares, fazemos assinaturas para uso mensal. Isto acontece com revistas, jornais, canais de TV e outros.

 

Temos boa parte da nossa receita mensal comprometida com pequenos valores que, no final, se tornam um montante significativo. Alguns desses gastos passam despercebidos em nossas contas de cartão de crédito.

 

Esta fragmentação nos dá mais trabalho para administrar, mas tem suas vantagens. Na música não é mais necessário lançar um álbum e depender de uma mídia física. Existem artistas que só se preocupam com a próxima música que será divulgada. Isso viabiliza a vida de muita gente e minimiza os erros de lançar um álbum esteticamente mal concebido. Pensando como um start-up, lance rápido e caso aconteça algum erro, corrija o mais rápido possível. É o conceito Elon Musk de pensar.

 

Na minha opinião, o modelo de produzir em série, muito utilizado para diminuir os custos, é voltado para o mundo físico. No mundo digital as regras são outras. Os carros da Tesla recebem atualizações de software automaticamente. É quase como se ter uma oficina online.

 

Para esse carnaval, fiz um projeto onde lancei canções autorais de nove blocos de BH, lembrando as antigas marchinhas carnavalescas. Gastei quinze dias para realizar todo o projeto. Se o mundo musical ainda fosse no modelo físico, não teria conseguido realizar esta ideia em tão pouco tempo.

 

Este mundo em pedacinhos na verdade é um grande quebra-cabeças, daqueles de duas mil peças, que sempre demoramos a montar mas, no fim, dá vontade de embaralhar tudo e começar novamente.

 

Este é nosso mundo atual, um grande quebra-cabeças de peças parecidas, mas que cada uma tem seu lugar exato.