Se o prestígio de um homenageado se mede pela presença maciça dos convidados, Gustavo Penna tem um motivo a mais para comemorar seus 50 anos de carreira. Na semana passada, o escritório dele se encheu de amigos que desejavam abraçá-lo. Desde a formatura na Escola de Arquitetura da UFMG, Gustavo se tornou um dos nomes mais importantes do setor não só em Minas, mas no país. Os admiradores dão respaldo a esta observação da coluna e vão além. “Gustavo Penna tem um deslocamento anatômico que poucos sabem, embora todos desconfiem: seu cérebro está situado no coração – é com ele que Gustavo pensa e age. As virtudes cardiais comandam sua vida e seu trabalho”, afirma Flávio Carsalade, colega de profissão do homenageado. “Muitos pensam que a criatividade está no cérebro, mas Gustavo nos prova o erro dessa concepção. Criar é um impulso vital para ele, força que o move o tempo todo, exatamente como faz o moto-coração. Se não houver criatividade, a vida não se move.” 

• Um ato de amor

“Em tudo que Gustavo cria e faz, há uma palavra-chave: alta qualidade”, continua Flávio Carsalade. “Trata-se aqui de uma qualidade que também vem do coração, porque é motivada pela empatia, pela atenção à alteridade e sua melhoria, portanto um ato de amor”. O arquiteto destacou que do coração do colega vem o sentimento poético, pois poesia é a materialização da emoção. “Esta é uma definição que serve também para descrever sua arquitetura. Tem outra palavra ligada ao coeur que ajuda a defini-lo: coragem. Gustavo se lança à vida e não espera ela passar, tenta criá-la e melhorá-la através do risco. Ah, já ia me esquecendo de mencionar. Há um outro dado curioso quanto a seu aspecto biológico: Gustavo nunca envelhece”, conclui Carsalade, com delicadeza.



• História construída no cotidiano

Diana e Laura, filhas de Gustavo Penna, agradeceram a presença dos convidados e anunciaram a exibição de três vídeos, surpresa para o pai, com depoimentos de amigos e parceiros. As duas demonstraram alegria com a presença de amigos, parceiros e clientes. “Cinquenta anos não são 50 anos de formado. São 50 anos de uma história construída no cotidiano, no dia a dia. É um trabalho coletivo, essência do Gustavo. Temos seis gerações de arquitetos, de 20 a 70 anos, trabalhando com a gente. Não tem nada dominado. É uma construção diária”, disse Laura. Bem-humorado e sem esconder a emoção, o homenageado avisou que não falaria. “Noite de amigos, todos gente boa, gente criada do lado esquerdo do peito, como dizia Fernando Brant”, comentou. Comparou sua trajetória ao trem que sai da estação, some no horizonte e continua por aí, soltando fumaça. Em meio a lágrimas e a gritos de “Viva Gustavo!”, Penna revelou que cada um ali faz parte de sua história. 

• O poeta da arquitetura

Angelo Oswaldo, prefeito de Ouro Preto e primo de Gustavo, definiu o homenageado como “poeta da arquitetura”, dizendo que ele risca a linha com a sensibilidade de quem constrói um poema. “Seus projetos dialogam com o entorno, a paisagem e o chão cultural. Gustavo inova e ao mesmo tempo reafirma uma identidade singular em cada etapa do processo criativo”, observou.

• Elegância, seriedade e compromisso

Ângela Roldão, colega do homenageado, guarda memórias afetivas do início de carreira. “Me formei na UFRJ, no Rio. Logo que cheguei a Minas de volta, me aproximei do Gustavo por afinidade com a forma como ele trabalhava: com elegância, seriedade e muita vontade de fazer uma boa arquitetura”, conta. “Aprendi com ele que estudar muito e ter cultura geral era o caminho. Líamos, falávamos poesias, cantávamos e trabalhávamos, trabalhávamos... Ele virou, com justa causa, o Gustavo Penna que tanto faz brilhar a arquitetura mineira”, elogia, destacando a bela voz do amigo.

 

• Trilha especial


A noite foi animada pelo Ana Rodrigues Quarteto, que reúne também Beto Lopes, Wilson Lopes e Cyrano Almeida. Além deles, Toninho Horta, Juarez Moreira, Babaya e Bob Tostes tocaram e cantaram para Gustavo Penna.

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