Calendário maluco no fim da temporada
Engana-se quem pensa que as mudanças promovidas pela CBF conseguiram resolver o nó das datas do nosso futebol em 2025
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A CBF está fazendo verdadeira ginástica para conseguir encerrar o Campeonato Brasileiro até 7 de dezembro, como previsto originalmente. E o torcedor que se vire para entender o porquê de jogos por rodadas diferentes serem realizados em um mesmo dia.
Em 19 de novembro, por exemplo, enquanto quatro embates valerão pela 34ª rodada da Série A, incluindo Fluminense x Flamengo, outro será pela 37ª rodada, Palmeiras x Vitória. Já Bragantino x Atlético, pela mesma 37ª rodada, foi antecipado para 16 de novembro, sendo que as datas originais previstas eram 3 e 4 de dezembro. Já em 30 de novembro, Fortaleza e Galo se enfrentarão pela 35ª rodada, enquanto Corinthians e Botafogo jogarão pela 36ª.
Mas engana-se quem pensa que com essas mudanças a entidade máxima do futebol brasileiro conseguiu resolver o nó do calendário de 2025. Bragantino x Vitória e Atlético x Palmeiras, pela 34ª rodada, marcada inicialmente para ser disputada nos dias 19 e 20 de novembro, foram adiados sine die, ou seja, sem previsão de quando serão disputados, pois o Galo disputará no dia 22 a decisão da Copa Sul-Americana, contra o Lanús, e precisa estar em Assunção, capital do Paraguai, no máximo no dia 19 à noite.
A tendência é que atleticanos e palmeirenses se enfrentem em 3 de dezembro, data-base da 37ª rodada. Entendeu? Eu não.
Claro que este ano é atípico pela disputa da primeira Copa do Mundo de Clubes da Fifa, que foi realizada entre junho e julho. Porém, é inegável que faltou planejamento, principalmente porque os clubes brasileiros caíram cedo no Mundial e poderiam ter retomado seus jogos mais rápido. E as mudanças geram desequilíbrio técnico na competição.
Para tentar evitar que o caos se repita em 2026, a CBF anunciou, no início de outubro, mudanças no calendário do nosso futebol a partir da próxima temporada. Como será ano de Copa do Mundo de Seleções, a principal novidade é a antecipação do início do Campeonato Brasileiro para o fim de janeiro. Também foi diminuída a duração dos estaduais, limitados agora a 11 datas, e as principais equipes só entrarão na Copa do Brasil a partir da quinta fase.
Seria tudo muito bom, mas ainda não resolve a situação. Tanto que, pelo que foi divulgado, as Datas Fifa não serão respeitadas mais uma vez, como está previsto em março.
Estou cada vez mais convencido que será necessário cortar competições e os estaduais são os mais indicados. Deficitários e pouco atrativos para os torcedores, há muito não tem razão de existir. Até para os clubes do interior seria melhor ter outro tipo de disputa, não dá para viver de um jogo contra um dos gigantes da capital na temporada.
O ideal seria que essas equipes menores tivessem um calendário nacional durante todo o ano ou na maior parte dele, sendo subsidiados pela CBF ou pela futura Liga. Poderíamos ter as Séries E e F do Brasileiro regionalizadas, por exemplo.
Não sei se funcionaria, mas é uma sugestão. Do jeito que está é que não pode ficar.
Xenofobia
Nem sei o que dizer sobre as declarações dos ex-treinadores Emerson Leão e Oswaldo Oliveira condenando a presença de técnico estrangeiros no Brasil, durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, na manhã da última terça-feira (4/11), na sede da CBF, no Rio. Eles têm direito à opinião, mas foi no mínimo deselegante a postura xenófoba demonstrada diante do atual técnico da Seleção Brasileira, o italiano Carlo Ancelotti.
Será que Leão e Oswaldo foram maltratados quando trabalharam no Japão e no Catar? Tenho certeza que não. E mesmo se tivessem sofrido algum tipo de preconceito pela nacionalidade, deveriam usar a experiência para mostrar o quão importante é receber bem um estrangeiro.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
