Essa semana recebi um vídeo de um equipamento de inteligência artificial (IA) que fica grudado em nosso corpo. A princípio achei fantástico! Mas, a pergunta seguinte foi inevitável. Será que a IA seria capaz de redirecionar a estupidez humana?


Estamos em 2222. Messias Tatá era o tataraneto de um presidente que governara um promissor país da América do Sul 200 anos antes. Diziam ser o país do futuro. Para garantir a inteligência equivalente entre os governantes e o diálogo fluido entre eles, um chip super poderoso, o GPT50-plus-mestre, com inteligência universal, tornou-se obrigatório para ser instalado em governantes da Terra, Marte e Lua.


Messias Tatá, como gostava de ser chamado, sentado em sua cadeira presidencial, balançava-se com um ar de autoconfiança. A inteligência artificial, agora parte de sua psique, tentava orientá-lo em meio a uma crise epidêmica.


IA: "Senhor presidente, recomendo enfaticamente que sigamos os protocolos da OMS para o controle da epidemia."


Messias Tt: "Não preciso de protocolos estrangeiros. Tenho minhas próprias ideias. E se eu acredito nelas, devem ser as melhores."


IA: "Mas, senhor, as evidências científicas são claras sobre a eficácia das vacinas."


Messias Tt: "Vacinas? Não, não. Vamos promover aquele remédio que eu li sobre outro dia. Parece promissor."


IA, com uma voz programada para nunca perder a paciência: "Infelizmente, aquele remédio não tem comprovação científica. Pode ser perigoso."


Messias Tt ignorava, já planejando um discurso tele-tele (televisivo-telepático), promovendo o tal remédio. A IA, então, tentou mudar de assunto.


IA: "Sobre o Ministério da Educação...Talvez devêssemos focar em ampliar o acesso à educação de qualidade em vez de distribuir bíblias?"


Messias Tt: "Ah, mas as bíblias ensinam tudo que é necessário. Além de bíblias, estou interessado na venda e distribuição de armas. Um povo armado e com bíblias debaixo do braço, jamais será vencido."
IA: "Senhor, estatísticas mostram que um aumento no acesso a armas está correlacionado com o aumento da violência..."


Messias Tt interrompeu, já cansado da conversa. "Essas são suas estatísticas. Eu confio no meu instinto. E meu instinto diz que estou certo. Meus eleitores confiam no meu instinto familiar secular."


A IA, em um último esforço, tentou abordar o tema da democracia e da corrupção de militares.


IA: "Democracia é um pilar fundamental para a estabilidade e o desenvolvimento do país. Corromper as forças militares pode ter consequências severas."


Messias sorriu, confiante. "A democracia é o que eu digo que é. E quanto aos militares, já fui um deles. Eles estão do meu lado."


A IA percebeu que suas tentativas de razão estavam sendo em vão. Estava presa na mente de alguém que confundia obstinação com sabedoria e autoridade com competência.


A IA, buscando novos ângulos, abordou a percepção de mundo.


IA: "Senhor, precisamos refletir sobre o nosso planeta no contexto global e Intergaláctico? A colaboração universal é vital."


Messias Tt: "O mundo e o universo são um tabuleiro e eu sou um dos reis. Cada movimento meu deve garantir vantagem para nossa nação, independentemente dos outros."


A IA percebeu a complexidade de tentar instilar racionalidade e empatia em alguém cuja visão de mundo era tão rigidamente definida. Um verdadeiro "Duelo de Titãs": a lógica contra a obstinação, a razão contra a retórica.


E La Nave va!