Depois de informar ao presidente Lula (PT), durante a recente passagem por Belo Horizonte que será candidato à reeleição, o prefeito Fuad Noman (PSD) colocará o bloco na rua oficialmente nesta segunda-feira -  (crédito: Ilustração)

Depois de informar ao presidente Lula (PT), durante a recente passagem por Belo Horizonte que será candidato à reeleição, o prefeito Fuad Noman (PSD) colocará o bloco na rua oficialmente nesta segunda-feira

crédito: Ilustração

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) recebe neste fim de semana um hóspede incômodo no Palácio dos Bandeirantes. E para que não fosse a única figura política de expressão do estado paulista no palanque da Paulista, pediu ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) para acompanhá-lo. Este enfrenta em São Paulo uma eleição polarizada. E ao subir no pódio comandado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de orquestrar um golpe de estado, Nunes fornece mais munição ao seu adversário, que já o chama de “tchutchuca de Bolsonaro”. Sem necessidade: na disputa em SP, a extrema direita refluiria ao polo mais próximo, ou seja, ao próprio Nunes.

 

 

Romeu Zema (Novo) também vive os seus dilemas. Temendo perder em 2026 a corrida pelo espólio do bolsonarismo, recuou, em janeiro, depois de confirmar presença no ato “Democracia Inabalada”. Este registrou a memória do que não deve ser esquecido: os ataques de 8 de janeiro às instituições democráticas. Em manifestação de natureza oposta, desta vez Zema deixou para a véspera o seu anúncio. No seio do governo, os equilibrados pregaram para que não se deixasse seduzir. Este é um momento delicado.

 

Pela incapacidade de formular proposta razoável para a dívida de Minas com a União, o governo do estado perdeu o debate na Assembleia. Zema foi nocauteado na condução das negociações. Agora, a solução do problema está nas mãos de Rodrigo Pacheco (PSD) e do presidente Lula (PT), de quem o governador depende. Mas ao participar desse palanque paulista, Zema dispara sinais que podem prejudicar Minas.

 

Não menos importante também é a mensagem que envia ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ponderados nem sempre vencem a argumentação. Há também no governo Zema integrantes afetivamente cooptados pela narrativa bolsonarista. Pensando exclusivamente em 2026, não percebem que o raciocínio que vale para Nunes é verdadeiro para Zema: o governador terá a extrema direita por gravidade, caso seja “o” escolhido do “mito”. Mas essa é a aposta de alto risco. Lideranças que se respaldam no culto à personalidade e na produção de “inimigos internos” não cultivam sombras.

 

Biólogos documentam relações entre organismos de espécies distintas que “vivem juntas”. Especializados em obter o que querem, certos parasitas, ao atingirem o sistema nervoso de seus hospedeiros, impelem gafanhotos para a água, onde morrem afogados; desorientam as formigas, tornando-as “zumbis”; fazem do abdôme das baratas ninho de suas crias. Já a Sacculina, quando para se reproduzir invade o corpo do caranguejo macho, torna-o “feminino”, daí o nome popular: craca castradora.

 

Convém aos políticos que alcançaram o poder com o voto bolsonarista observar mais a natureza. Na política, frequentemente é tênue a fronteira entre o mutualismo e o parasitismo: relações que já foram de benefício mútuo, carregam também os seus perigosos momentos de parasitismo. E este parece ser um deles.

 

Nada bem

 

Para alguns segmentos do governo Zema, a articulação política com a Assembleia Legislativa, a cargo do secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN), não anda bem. A avaliação é de que Valadares não aprovou nenhuma matéria importante para a gestão Zema.

 

Linha cruzada

 

Entra em cena o secretário de estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), que mira a construção de uma base de sustentação mais orgânica na Assembleia. Dez deputados estaduais próximos a Marcelo Aro participaram, na quinta-feira, de jantar com o vice-governador Mateus Simões (Novo). Entre pepitas, estavam o pai de Aro, Zé Guilherme (PP), Vitório Junior (PP) e Oscar Teixeira (PP). Mas à mesa também estavam parlamentares de outras legendas, entre eles, o coronel Henrique (PL).


Descontentamento

 

Na pauta da conversa o descontentamento com compromissos firmados entre base e governo não cumpridos e a sucessão estadual de 2026. Hipotecaram apoio a Mateus Simões, que estará no exercício do governo e será o candidato do Novo à reeleição. Aro é nome considerado para ser o vice da chapa.

 

Corrida ao TCE

 

Embora o conselheiro doutor Viana se aposente no próximo 10 de abril, a disputa interna pela vaga na Assembleia Legislativa será postergada. Em 19 de outubro, será a vez da aposentadoria de Wanderley Ávila. Como são muitas candidaturas, duas vagas poderão facilitar a composição. O primeiro da fila é Alencar da Silveira (PDT), mas há pelo menos outros quatro cobiçando a cadeira. Para abril de 2025, será a vez da aposentadoria de Mauri Torres. A última cadeira da leva, destinada a ser preenchida por deputados estaduais.


Promotoria eleitoral

 

O promotor de Justiça Emmanuel Levenhagen assumirá a coordenadoria Estadual de Apoio aos Promotores Eleitorais do MPMG. Ele substituirá Edson Rezende, que se aposentou depois de 31 anos na função. (Alessandra Mello)


PRTB

 

Na guerra pelo controle das legendas para a montagem de chapas de vereadores em Belo Horizonte, a batalha pelo PRTB foi encerrada. O partido está sob o controle, em Belo Horizonte de Jorge Periquito, ex-assessor parlamentar de Rodrigo Pacheco (PSD), com quem mantém relação de confiança. A chapa proporcional da legenda está sendo montada pelo presidente da Câmara, Gabriel Azevedo, ele próprio, ainda sem partido. Azevedo não concorrerá à reeleição. É pré-candidato à PBH.

 

Viagem

 

Depois de informar ao presidente Lula (PT), durante a recente passagem por Belo Horizonte que será candidato à reeleição, o prefeito Fuad Noman (PSD) colocará o bloco na rua oficialmente nesta segunda-feira. Apesar de Fuad ter jantado, há 15 dias, com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), este não estará presente. Está em viagem de férias com a esposa. Kalil ainda não se posicionou na sucessão à PBH.