Ontem toquei neste tema, hoje volto a ele para abordar outro aspecto. Na Polônia, um dos países europeus com os menores índices de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, pesquisadores estudaram 500 profissionais de classe média por 10 anos em Varsóvia. Descobriram que aqueles com pior equilíbrio entre vida pessoal e profissional apresentaram pior saúde mental e física.

 

 

Globalmente, trabalhar 55 horas ou mais por semana tem sido associado a 4,9% das mortes por doenças cardíacas e a 6,9% das mortes por acidente vascular cerebral (AVC), de acordo com estimativa conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

 

 

Longas jornadas de trabalho criam a “tempestade perfeita” para o coração, com mais horas sentado, maior estresse, sono ruim e menos tempo para hábitos saudáveis, informa Jayne Morgan, cardiologista e vice-presidente de assuntos médicos da Hello Heart.

 

Pessoas que estão sempre “ligadas”, geralmente, apresentam sinais precoces de sobrecarga cardiovascular, mesmo que sejam jovens e saudáveis. Trabalhar em excesso pode alterar fisicamente o cérebro, afetando a saúde cognitiva e emocional ao longo do tempo.

 

Estudo piloto com profissionais da saúde constatou que aqueles que trabalhavam 52 horas ou mais por semana apresentaram mudanças visíveis em regiões cerebrais envolvidas na tomada de decisões, regulação do estresse e controle emocional. Isso sugere que o excesso de trabalho crônico pode remodelar o funcionamento do cérebro.

 

 

Estar ocupado constantemente mantém o cérebro em estado de alerta máximo, como indicam as ondas beta rápidas no eletroencefalograma. A hiperatividade contínua consome energia, podendo levar a estresse, esgotamento, fadiga mental, sono ruim, redução da produtividade e negligência emocional, alerta Manoj Sharma, professor titular de saúde social e comportamental da Universidade de Nevada, em Las Vegas (EUA).

 

A constante correria pode construir barreiras emocionais silenciosas sem a gente perceber, não apenas entre nós e as pessoas que amamos, mas também dentro de nós mesmos. Quando cada momento é preenchido com trabalho ou tarefas, a conexão real fica em segundo plano.

 

 

A correria constante já foi mecanismo de defesa, uma forma de evitar encarar emoções desconfortáveis. Manter-se produtiva pode ajudar a pessoa a escapar de sentimentos mais profundos. Porém, essa constante ocupação impede a própria cura.

 

Os sinais de alerta de que a correria do dia a dia está se tornando prejudicial incluem irritação, cansaço persistente e menos tempo para relacionamentos. Isso pode levar à ansiedade, culpa quando não se está trabalhando, dificuldade de concentração, negligência com você mesmo, automedicação com álcool e outras substâncias.

 

Em alguns casos, a tensão mental constante pode desencadear condições como o transtorno bipolar. Quebrar o ciclo começa com a redefinição de sua identidade, ou seja, enxergar a si mesmo em quem você é, em vez do que você faz.

 

 

Algumas estratégias para ajudar a desacelerar: faça pequenas pausas, como curta caminhada, alongamento rápido e momentos para respirar ao longo do dia. Essas pausas ajudam a regular o sistema nervoso e as emoções. Administre seu tempo com sabedoria, reservando espaço para interações sociais e atividades significativas.

 

* Isabela Teixeira da Costa/ Interina

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