Coágulos e embolia pulmonar podem surgir devido à falta de movimentação durante voos longos
 -  (crédito: Fabio Rossi/reprodução)

Coágulos e embolia pulmonar podem surgir devido à falta de movimentação durante voos longos

crédito: Fabio Rossi/reprodução

 

Embolia pulmonar é a grande complicação da trombose, problema comum em extensas viagens de avião devido a longos períodos sem movimento, à pressurização da cabine e ao ar-condicionado.

 


Esta semana, a fisioterapeuta Flavia Rezende faleceu enquanto voava para o Japão por conta de uma embolia pulmonar. “Esta grande complicação da trombose venosa profunda é caracterizada pelo desenvolvimento de um coágulo sanguíneo no interior das veias das pernas devido à circulação inadequada. Em casos graves, o coágulo se desprende da parede da veia e corre pela circulação até chegar ao pulmão, causando embolia que pode resultar até em morte súbita”, alerta a médica Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

 


“O problema é mais frequente durante viagens de avião porque permanecemos muito tempo parados e sem movimentar as panturrilhas, então a velocidade do sangue dentro dos vasos diminui, favorecendo o desenvolvimento de coágulos. A pressurização da cabine e o ar-condicionado causam desidratação e, consequentemente, aumentam a viscosidade sanguínea”, explica.

 

 


A “trombose dos viajantes” ou “síndrome da classe econômica” pode ocorrer horas após o voo, quando a pessoa já chegou a seu destino. “Há cuidados que deveriam ser hábitos rotineiros para todos os viajantes. Primeiramente, deve-se ingerir muito líquido e evitar bebidas alcoólicas durante o voo, para não desidratar. Medicações para dormir não são aconselhadas, pois diminuem a mobilidade”, recomenda a doutora Aline.

 


A principal dica é andar pelos corredores a cada duas horas e movimentar as pernas enquanto estiver sentado. Comece com os pés no chão e, em seguida, levante os calcanhares enquanto mantém as pontas dos pés no chão, permanecendo nessa posição por alguns minutos. Depois, coloque os calcanhares no chão e levante os dedos dos pés. Segure por alguns segundos e repita algumas vezes.

 


Outro ótimo exercício consiste em traçar círculos com os pés por alguns segundos, mudando de direção de fora para dentro e de dentro para fora.

 


Você também pode dobrar a perna. abraçando os joelhos o mais próximo possível do peito. Permaneça assim por alguns minutos, sempre trocando de perna.

 


É importante prestar atenção aos sinais da trombose. Há dor na perna, principalmente na panturrilha, associada a inchaço persistente, calor, sensibilidade e vermelhidão. Mudança de cor na região e dificuldade de locomoção também podem indicar a presença de um coágulo sanguíneo nas pernas.

 


“A atenção deve ser redobrada por aqueles que possuem fatores individuais que agravam os riscos de trombose, como obesidade, tabagismo, uso de hormônios e pílulas anticoncepcionais, portadores de câncer, pessoas com maior predisposição a coagulação sanguínea, gestantes, idosos, deficientes físicos e portadores de varizes”, explica a médica.

 


Caso o paciente tenha alguma das condições agravantes, o ideal é procurar um cirurgião vascular antes de viajar. “O médico poderá orientar sobre a necessidade do uso de meias elásticas durante o voo ou, em casos mais graves, anticoagulantes”, diz.

 


Caso os sinais característicos da trombose se manifestem, o mais importante procurar tratamento médico o quanto antes para evitar que o problema evolua para a embolia pulmonar, cujos sintomas são dor no peito, tosse, cansaço e falta súbita de respiração.

 


“Geralmente, o tratamento da trombose inclui medicamentos anticoagulantes que vão ajudar na redução da viscosidade do sangue e na dissolução do coágulo. Anticoagulantes também são usados no tratamento da embolia venosa. Em casos mais graves, há drogas para desfazer os coágulos e cirurgias para retirá-los podem ser indicadas”, finaliza Aline Lamaita.