Não conheço bem como todos os países tratam a questão da educação financeira. Sei que nos Estados Unidos e na Europa isso é ensinado às crianças na escola e os pais reforçam em casa. Por aqui, não se fala nada – cada um que se vire e aprenda por conta própria. Talvez por isso o número de devedores e de pessoas com o nome no SPC e Serasa seja tão alto.
O conhecido especialista em investimentos Charles Mendlowicz, chamado também de “Economista Sincero”, acaba de lançar o livro “18 princípios para você evoluir” (Citadel Grupo Editorial), no qual compartilha valores fundamentais para o sucesso financeiro.
Charles Mendlowicz tem claro que esse sucesso é precedido não apenas de visão para as oportunidades, mas de propósitos a serem adotados em todas as esferas da vida. No livro, ele conta parte das perdas e desafios que enfrentou nos últimos 10 anos e como virou a chave para se tornar uma das principais referências no mercado de investimentos.
Cada capítulo representa um desses pilares. Eles estão alicerçados em valores e posturas a serem exercitados cotidianamente, como a generosidade, a espiritualidade, a curiosidade e aprender a lidar com o próprio ego. Cuidado com o excesso de consideração, adoração e apreço por si mesmo. Quantas pessoas se perdem por pensar que são melhores do que as outras?
Os princípios elencados também dizem respeito a questões práticas, como definição de metas, se informar por meio da leitura e perseguir a excelência, mesmo nas pequenas ações do dia a dia. Sobre dinheiro, o autor estimula os investimentos em detrimento do conceito de poupar, o guardar sem lucrar. Segundo ele, é preciso tratar o dinheiro como aliado, não como inimigo.
As pessoas querem fazer as coisas começando pelo final, mas temos de começar pelo princípio. Então, não adianta falar sobre ganhar dinheiro, trocar o Fiesta 2007 por um zero quilômetro, ou se vale a pena comprar ou financiar apartamento na planta em 420 meses se você não está fazendo o básico, ou melhor, se você nem entendeu o básico ainda. Não adianta querer ganhar algo sem viver o processo.
Na cultura judaica, da qual Charles faz parte, o 18 está relacionado a tudo o que está vivo, em movimento e em constante evolução. Por este motivo, o número foi escolhido para titular a obra.
O livro é, também, oportunidade de conhecer a fundo a vida do carioca que chegou a gerente de uma das maiores indústrias de bebidas do mundo, a Coca-Cola, e hoje abastece milhares de pessoas com conteúdos sobre investimentos e análises do cenário político e econômico brasileiro.
Pelo visto, agora o brasileiro despertou para a questão financeira, tanto é que criaram uma tal de psicologia financeira, campo de estudo que combina conceitos da psicologia e da economia para compreender como emoções, crenças e comportamentos influenciam as decisões financeiras das pessoas.
O professor Ahmed El Khatib, coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), diz que a psicologia financeira busca analisar o comportamento humano em relação à administração do dinheiro considerando fatores psicológicos que influenciam as escolhas financeiras.
Ao compreender como emoções e crenças influenciam as decisões financeiras, as pessoas podem desenvolver estratégias para lidar com esses fatores e tomar decisões mais alinhadas com seus objetivos. Isso pode contribuir para a construção de uma vida financeira mais saudável e equilibrada.
O professor da Fecap conta que os atalhos do cérebro, ou vieses cognitivos, podem afetar as decisões financeiras, levando a pessoa a tomar decisões irracionais, como gastar mais do que pode ou investir em ativos arriscados sem análise adequada.
A falta de autocontrole afeta as finanças pessoais, não é à toa que oito em cada 10 famílias brasileiras estão endividadas e um terço tem dívidas em atraso, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva e MFM Tecnologia.
Nesse cenário, a psicologia financeira é de grande importância, pois ajuda a pessoa a compreender e controlar melhor suas atitudes e hábitos financeiros.
O professor acrescenta que a procrastinação afeta as finanças pessoais ao levar a pessoa a adiar decisões importantes, como investir na previdência privada ou fazer plano de pagamento de dívidas, o que pode resultar em perda de oportunidades e aumento de juros. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)