Preenchimento com ácido hialurônico é o mais utilizado pelos médicos por causa dos riscos que o PMMA pode trazer à saúde dos pacientes -  (crédito: INTERNET/REPRODUÇÃO)

Preenchimento com ácido hialurônico é o mais utilizado pelos médicos por causa dos riscos que o PMMA pode trazer à saúde dos pacientes

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“Vaidade, vaidade, tudo é vaidade”, está escrito no livro de Eclesiastes, capítulo 1, na Bíblia. E a vaidade leva as pessoas a fazerem de tudo na busca pela beleza e juventude. E se paga caro por isso. São oferecidos todos os tipos de serviços para atender a essa demanda.

É aí que mora o perigo. Na semana passada, a imprensa mostrou a prisão preventiva de uma dentista, em Goiás, por realizar procedimentos estéticos que resultaram em deformações nos rostos de pacientes. Ela oferecia – e fazia – cirurgias plásticas. Não apenas aplicação de botox e retirada de pálpebra. E ainda dava curso para outros profissionais fazerem o mesmo.

Em 2020, uma mulher de 35 anos fez preenchimento nos lábios, queixo e maçãs do rosto. Seis meses depois, acordou com o rosto inchado, vermelho e dolorido. Ao procurar um médico, foi informada de que o produto utilizado não era ácido hialurônico. Após uma biópsia, foi constatado que o preenchimento tinha sido feito com PMMA (polimetilmetacrilato), o que causou o processo inflamatório em seu rosto. A paciente se surpreendeu com a notícia.

Mariana Michelini perdeu seu lábio superior. Já se submeteu a vários procedimentos cirúrgicos na tentativa de reconstruir a região afetada, mas ainda lida com as consequências do uso dessa substância em seu rosto.

Mas, afinal, o que é o PMMA e quais são os seus riscos na estética?

A médica dermatologista Renata Castilho explica que o PMMA é um preenchedor definitivo em forma de gel, utilizado em procedimentos estéticos e para correção de lipodistrofia, uma alteração da quantidade de gordura no corpo que pode ocorrer em pacientes com HIV. Ele é composto por microesferas de acrílico, que são injetadas na pele para preencher rugas, sulcos e aumentar o volume dos lábios, por exemplo.

É importante destacar que, desde os anos 2000, os médicos não costumam mais utilizar o PMMA em procedimentos estéticos. Isso porque essa substância é permanente e pode aderir à pele, músculos e ossos. Além disso, quando há um processo inflamatório ou quando o paciente não gosta do resultado, remover o PMMA sem causar danos a essas estruturas é extremamente difícil.

Além dos riscos de inflamação e aderência aos tecidos, o PMMA também pode causar deformidades no rosto, já que o produto pode se deslocar do local de aplicação. A substância pode ainda causar reações alérgicas e até mesmo desencadear câncer, uma vez que contém substâncias tóxicas como o benzeno e o tolueno.

Um médico estuda ao menos seis anos para se especializar em cirurgia plástica. Outros profissionais de saúde, mesmo estudando anatomia, não estão preparados tecnicamente para cirurgias nem têm locais próprios para tal. Porém, muitas pessoas procuram o profissional pelo preço e se arriscam, pois quem vai conviver e arcar com as consequências – que são graves – são elas.

Não digo que este foi o caso de Mariana, mesmo porque no material que recebi não cita o nome do profissional, a clínica e nem a especialidade dele (ou dela). Falo isso por causa do caso da dentista. Os pacientes são os que ficam “mutilados” e resta saber se será possível reverter o estrago.

É preciso ter consciência, limite e profissional especializado, sério e ético para cuidar da estética. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)