Boa parte das pessoas acredita que a suplementação de vitaminas e minerais pode prevenir o câncer ou as doenças cardiovasculares. A Internet está repleta de artigos e propagandas que alardeiam as maravilhas que esses suplementos nutricionais podem fazer, desde a cura do câncer até a prevenção e cura de doenças cardiovasculares, desde que se consumam suplementos vitamínicos que quase sempre incluem a vitamina D. Mas afinal de contas, esses suplementos previnem e tratam ou não doenças, quando não são utilizados para indivíduos que apresentem efetivamente uma deficiência inequivocamente estabelecida destes elementos?

Quando consideramos a prevenção de doenças cardiovasculares (DCV) e do câncer, a resposta é bastante óbvia, pelo menos se levarmos em conta as recentes diretrizes da USPSTF (Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos). Essa instituição norte-americana avaliou 17.459 citações únicas da literatura médica, bem como 379 artigos de texto completo que incluíam ensaios clínicos controlados e estudos de coorte observacionais.

As conclusões de sua investigação mostraram que havia pouco ou nenhum benefício em tomar suplementos vitamínicos ou minerais para prevenir doenças cardiovasculares ou câncer, além de nenhum impacto na mortalidade dos usuários. E preocupantemente, a suplementação de beta-caroteno inclusive foi associada ao aumento do risco de câncer de pulmão, além de outros resultados adversos especificamente em indivíduos que apresentam fatores de risco aumentados para desenvolver câncer de pulmão, como os fumantes.

Embora sejam frequentemente comercializados como medicamentos, os suplementos nutricionais são regulamentados como alimentos, com padrões menos rigorosos. A cultura médica atual advoga que os médicos devam sempre praticar a medicina baseada em evidências. Sem evidências, simplesmente não se pode aconselhar os pacientes a fazer uso de suplementos porque há poucas evidências que apoiem o seu uso.



Além disso, muitos pacientes presumem que não terão efeitos adversos utilizando esses suplementos. Embora isto possa ser verdade para muitos deles, alguns entretanto podem prejudicar os usuários de várias maneiras. Os suplementos vitamínicos podem interagir com medicamentos que o paciente já faz uso para problemas médicos.

Foi demonstrado que alguns deles causam danos ao fígado e a outros órgãos. Quando são usados para substituir a medicina tradicional, também podem causar danos, atrasando o diagnóstico correto de doenças potencialmente graves, além dos cuidados médicos apropriados. Pacientes com câncer podem deixar de receber o diagnóstico apropriado, ou recebê-lo em fases mais tardias da doença, por acreditar que esses suplementos por si combatam sua doença, o que faz com que haja um atraso no tratamento que poderia salvar sua vida. Quando percebem que os suplementos não estão sendo efetivos, o câncer pode ter avançado demais para ser tratável.

Embora possam existir alguns estudos que demonstrem alguma eficácia de vitaminas e minerais em certas doenças, estas diretrizes consideram apenas a sua utilização em termos de prevenção do câncer e das doenças cardiovasculares. Portanto, é muito mais sensato recomendar aos indivíduos medidas comprovadamente preventivas, como dieta adequada, atividade física, manutenção do peso ideal, não fumar ou ingerir bebidas alcoólicas e realizar adequadamente os exames de rastreamento do que consumir suplementos.

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