Rastreamento oncológico -  (crédito: EBC - Saúde)

Rastreamento oncológico

crédito: EBC - Saúde

As redes sociais recentemente têm sido palco de “famosos” e alguns “influenciadores” que noticiam o emprego de um rastreamento por imagem de todo o corpo (a chamada “varredura de corpo inteiro) para o rastreamento e eventual detecção de algum tumor, que seria então detectado em uma fase mais precoce, permitindo assim sua ressecção através de uma cirurgia, obviamente com maiores chances de curabilidade. A técnica geralmente empregada é a ressonância nuclear magnética, embora em alguns casos a tomografia computadorizada possa igualmente ser utilizada para o mesmo fim. A periodicidade via de regra é anual. Mas afinal, esse tipo de rastreamento é efetivo? Para quem deveria ser empregado?


O que é uma varredura de corpo inteiro?


Geralmente, é uma varredura com ressonância magnética ou tomografia computadorizada com o intuito de detectar precocemente uma doença, em geral o câncer, e antes que ela produza sintomas ou sinais clínicos.


Para quem então essa varredura seria indicada?


1- Para portadores da Síndrome de Li-Fraumeni: é uma síndrome hereditária rara que pode levar ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, incluindo sarcoma (como osteossarcoma e sarcomas de tecidos moles), leucemia, câncer de cérebro (sistema nervoso central), câncer do córtex adrenal e câncer de mama. Esses cânceres geralmente se desenvolvem quando as pessoas são relativamente jovens. Pessoas com Li-Fraumeni também podem desenvolver mais de um câncer durante a vida. Esta síndrome é mais frequentemente causada por mutações hereditárias no gene TP53, que é um gene supressor de tumor. Um gene TP53 normal produz uma proteína que ajuda a impedir o crescimento de células anormais. A síndrome de Li-Fraumeni também pode ser causada por mutações em um gene supressor de tumor chamado CHEK2, que também normalmente ajuda a impedir o crescimento de células com danos no DNA.


2- Portadores de mieloma múltiplo: um câncer no sangue que pode causar lesões ósseas em todo o corpo: o rastreamento em outras situações devem seguir as recomendações tradicionais e específicas. A mamografia, por exemplo, ainda é a melhor forma de rastrear o câncer de mama porque às vezes essas lesões são muito pequenas e podem não aparecer em um exame de corpo inteiro. O rastreamento do câncer colo-retal e do colo uterino também devem ser feitos por meio dos exames específicos, como a colonoscopia e a citologia oncótica/pesquisa de HPV, respectivamente. O rastreio do câncer prostático é feito com a dosagem do PSA e o toque retal.


Para indivíduos fumantes ou ex-fumantes, por exemplo, com mais de 50 anos, pode ser indicado o rastreamento com tomografias de tórax. Nesse caso, o exame indicado é a tomografia computadorizada de tórax com baixa dose de radiação (TCBD). Os critérios para a indicação do exame são: homens ou mulheres com idade maior ou igual a 50 anos com histórico de tabagismo de pelo menos 20 anos/maço (o número de maços de cigarro fumados por dia multiplicado pelo número de anos de tabagismo (por exemplo, 30 anos / maço equivale a 1 maço por dia por 30 anos ou 2 maços por dia por 15 anos).


Quais são os riscos das varreduras de corpo inteiro?


As varreduras de corpo inteiro geralmente detectam alterações que são consideradas incidentais, como tumores benignos do fígado, nódulos na tireoide ou nas glândulas supra-renais. Essas descobertas podem facilmente levar a exames dispendiosos e exames extras – ou até mesmo cirurgias ou biópsias desnecessárias – que apresentam riscos adicionais próprios. Eles não resultam necessariamente em nada útil para quem realiza este exame. Também podem causar ansiedade desnecessária.