Numa Copa do Mundo marcada por várias lesões entre o grupo de jogadoras, a Seleção Brasileira Feminina tem como desafio chegar ao duelo das oitavas de final na melhor condição física possível. A equipe obteve a vaga em terceiro lugar do Grupo C, com vitórias sobre Jamaica (3 a 0) e Itália (1 a 0), sendo batida pela Austrália (3 a 2), mas conviveu com vários problemas médicos que prejudicaram o desempenho. Duas atletas – a lateral-direita Fabi e a zagueira Érika – foram cortadas da competição e a atacante Andressa Alves também ficou de fora depois de sofrer lesão na coxa esquerda. O mata-mata será no domingo, com a adversária a ser definida no fechamento da rodada de hoje na França.
Além delas, as atacantes Marta e Cristiane não chegaram ao Mundial em plenas condições e tiveram de ser substituídas nos dois últimos jogos. A camisa 10, que estabeleceu o recorde de gols em Copas (17), ficou de fora da estreia contra a Jamaica por ainda se recuperar de estiramento na coxa esquerda, sofrido na preparação em Portugal.
A craque explicou que deixou a partida contra a Itália por prevenção (marcou o gol da vitória), já que poderia se complicar na partida das quartas de final: “Lógico que, voltando de uma lesão, a gente sempre tem um receio. Eu fui até onde poderia ir sem sentir nada. O cansaço físico não foi o que afetou a minha saída, mas, sim, uma questão de pensar mais para a frente. Se eu pudesse, ficaria o jogo inteiro, mas poderia correr o risco de sofrer uma nova lesão, ou sentir mais dores. Então, preferi prevenir”.
Vadão sustenta que não houve exageros ou planejamentos equivocados que tenham sobrecarregado as atletas na preparação: “A Andressa Alves sentiu no aquecimento. Não foi um treino forte, de velocidade ou qualquer coisa assim. A Fabiana vinha com histórico de lesões e se recuperou com muito sacrifício. Ela ficou um ano e meio tendo jogado só um jogo no Canadá. A Cristiane passou pelo mesmo processo de lesões musculares. A Fabiana foi para o Inter e rompeu o ligamento, voltou a jogar e a gente convocou. A Érika foi diferente, pois estava jogando no Corinthians e teve uma lesão no tornozelo”.
FOLGA Para o duelo de mata-mata, contra adversário ainda indefinido, a tendência é que todas as jogadoras estejam à disposição, inclusive a volante Formiga, que cumpriu suspensão automática. A camisa 8 foi outra que não suportou a intensidade do jogo contra a Austrália e acabou substituída no intervalo. Ontem, as atletas tiveram seu primeiro dia de descanso desde que a preparação começou oficialmente com os primeiros treinos preparatórios em Portugal, no fim de maio. Várias aproveitaram para andar pelas ruas de Lille. Outras passaram o dia com os familiares.
França mais perto como adversária
Quatro partidas encerram hoje a fase inicial da Copa do Mundo Feminina e definirão as posições das seleções nos Grupos E e F, além de completar o chaveamento das oitavas de final. Os confrontos desta quinta devem também confirmar a França como adversária da Seleção Brasileira no domingo, às 16h, em La Havre, pela segunda fase. Outra possibilidade mais remota é o time verde-amarelo encarar a Alemanha na próxima fase, sábado, às 12h30, em Grenoble.
Para que o Brasil encare a equipe germânica, as oitavas de final não poderiam ter representantes dos grupos A (Nigéria) ou do grupo D (Argentina). Como as hermanas seguem com chances, a definição ficará para hoje. Qualquer outra possibilidade colocará a França, dona da casa, no caminho do Brasil.
Os jogos de hoje envolvem duelos de seleções que chegaram aos 100% de aproveitamento na competição. Holanda e Canadá, que venceram as duas iniciais, brigam pelo primeiro lugar no Grupo E, às 13h (de Brasília), em Montpellier. Na outra partida da chave, Camarões pega a Nova Zelândia, no mesmo horário, em Reims – ambas não pontuaram, mas têm possibilidades remotas de classificação.
Pelo Grupo F, um clássico do futebol feminino marcará a definição do líder. Tricampeões mundiais, os Estados Unidos encaram a Suécia, às 16h, em Le Havre. Classificado e dono do melhor ataque (com 16 gols) – aplicou a maior goleada da competição, em cima da Tailândia (13 a 0) –, o time norte-americano pode consolidar a melhor campanha da fase classificatória em caso de nova vitória. Também garantidas na segunda etapa, as suecas têm ataque positivo neste torneio, com sete gols.
O Chile, que enfrenta a Tailândia às 16h, em Rennes, depende de combinação de resultados para passar às oitavas. O que pesa contra as sul-americanas é o saldo negativo de cinco gols, que dificultaria a luta pela vaga inédita.
REAÇÃO Com reação heroica, a Argentina segue viva na Copa do Mundo. As hermanas saíram perdendo por 3 a 0 para a Escócia, mas empataram por 3 a 3, com três gols em 20 minutos, ontem, no Parc dos Princes, pelo Grupo D. As europeias terminaram em último lugar na chave, com 1 ponto, e estão eliminadas. Já as sul-americanas, com 2, precisam de combinação de resultados para chegar às oitavas: os duelos entre Tailândia e Chile e Camarões e Nova Zelândia precisam terminar empatados.
Já a Inglaterra confirmou a liderança da chave com a vitória sobre o Japão por 2 a 0, em Nice, com gols da atacante White. As japoneses asseguraram a segunda posição e também estarão nos mata-matas.