Jornal Estado de Minas

Atos antidemocráticos

Presidente da CPMI comete gafe ao dizer que Torres tem que voltar à prisão

O deputado federal Arthur Maia (União-BA), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, se atrapalhou durante a condução do colegiado, nesta terça-feira (8/8), e disse que o ex-ministro Anderson Torres teria que voltar à carceragem após o depoimento. O parlamentar se corrigiu logo em seguida e afirmou que o depoente, na verdade, teria que cumprir as medidas cautelares impostas pela Justiça.





 A fala do presidente da CPMI ocorreu após o deputado Filipe Barros (PL-PR) apontar o tempo de duração do depoimento e as restrições de Torres.


“O deputado Filipe Barros, eu queria até pedir desculpas porque eu não consegui questão de ordem, ele estava preocupado com o horário porque o depoente tem que voltar à carceragem da polícia, onde ele se encontra. Perdão! Perdão! Ele está com medida de segurança e recolhimento. Perdão, doutor Anderson. Então, ele tem que voltar para a sua casa até as 20h”, disse Arthur Maia.

 

Em seguida, Maia completou o raciocínio. “A questão de ordem era no sentido de perguntar se, caso nós ultrapassássemos os limites das 20h, se seria possível fazermos uma solicitação ao ministro Alexandre de Moraes para que não fosse interrompido o depoimento”, destacou o deputado.

Anderson Torres ficou preso por 4 meses por suposta omissão diante dos atos golpistas de 8 de janeiro — que resultaram na depredação dos prédios dos Três Poderes. À época, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Em maio, ele conseguiu o direito de cumprir em liberdade medidas alternativas à prisão, como o uso de tornozeleira eletrônica. A Justiça também determinou que ele precisa estar em casa após as 22h todos os dias e não sair da capital.





Depoimento à CPMI

Anderson Torres chegou ao Senado por volta das 8h50, e a sessão teve início às 9h24. Ele foi conduzido à mesa por volta de 9h35. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES) não poderão participar da oitiva, pois não podem manter contato com o investigado.

O magistrado considerou que há "conexão dos fatos em apuração e as investigações das quais os parlamentares fazem parte". Flávio Bolsonaro, que é membro suplente da comissão, marcou presença na sessão de hoje. Marcos do Val, porém, desistiu de ser membro e foi substituído pelo senador Marcos Rogério (PL-RO).

O STF também garantiu a Torres o direito ao silêncio. Ele não será obrigado a responder perguntas que possam acarretar em autoincriminação.