Jornal Estado de Minas

ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

CPMI: Abin não sabe se Dino recebeu os alertas do 8 de janeiro


O ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, em depoimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos, nesta terça-feira (1/8), afirmou que não é possível afirmar que o Ministério da Justiça recebeu os alertas sobre os ataques do 8 de janeiro.





A declaração ocorreu após uma tentativa do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em inferir uma omissão do ministro Flávio Dino durante os ataques. Saulo afirmou que os alertas foram enviados e que supostamente teriam sido recebidos, mas que não é possível confirmar. 

“Os informes foram encaminhados para a diretoria de inteligência da secretaria de operações integradas do Ministério da Justiça. Não temos esse mecanismo, os órgãos não confirmam se receberam ou não. A Abin não detém a cadeia do conhecimento depois que ele (os informes) sai ”, disse o ex-diretor.

Nikolas pontua que por Dino possuir a soberania da sua pasta, não faz sentido ele não ter conhecimento dos informes. “A inteligência só é efetiva se o órgão receber o informe, caso contrário é somente encaminhado e se aquilo chegou ou não, não faz diferença”, disse o deputado mineiro.




“Deputado, não temos condições de saber se foi recebido. Foi encaminhado e há um compromisso de todos os órgãos que estão nos grupos de inteligência, se manterem a par das informações contidas ali. Agora, é impossível você saber quem leu a informação”, respondeu Saulo Moura.

Antes, o ex-diretor afirmou que a agência emitiu 33 alertas do dia 2 a 8 de janeiro. “Não são relatórios. O relatório de inteligência é um documento estratégico, demora um tempo para ser produzido", explicou o ex-diretor. "Até o dia 4, a informação que nós tínhamos é que a manifestação teria baixa adesão", acrescentou.