Jornal Estado de Minas

DESPEDIDA

Barroso sobre voto impresso: 'Discussão desnecessária. Retrocesso'

O ministro Luís Roberto Barroso, ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), destacou  a discussão acerca do voto impresso durante discurso feito na cerimônia de despedida da presidência do TSE, nesta quinta-feira (17/2).




 
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A adoção do voto impresso é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o chefe do Executivo federal, as urnas eletrônicas não são seguras. Ele aponta que a eleição de 2018, na qual ele foi eleito em segundo turno, foi fraudada. Para Bolsonaro, ele foi eleito ainda em primeiro turno. 

A proposta defendida por Bolsonaro e pelos seus apoiadores foi rejeitada pela Câmara dos Deputados.

"Boa parte do ano de 2021 foi gasto com uma discussão desnecessária, que significaria um retrocesso, a volta do voto impresso. O sistema é seguro, transparente e auditável", afirmou.
 
Para Barroso, "felizmente" a Câmara rejeitou a proposta do voto impresso, considerada pelo presidente do TSE um "retrocesso". "A rediscussão requentada do assunto só tem por finalidade tumultuar o processo eleitoral", disse.





Ainda de acordo com Barroso, a revolução tecnológica permitiu que qualquer pessoa pudesse expressar ideias, opiniões e disseminar notícias em um mundo digital. Por isso, ele ressaltou que o combate e a verificação de dados se tornaram algo essencial no século XXI.
 
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"O TSE montou uma estratégia de guerra para combater a desinformação na campanha de 2020. E nunca precisamos tanto do jornalismo profissional. A imprensa profissional é um dos antídotos contra esse mundo da pós-verdade e dos fatos alternativos, disfarces para mentiras e as notícias fraudulentas", acrescentou.

Em meio à polarização política, Barroso ainda defendeu a liberdade dos brasileiros. "A liberdade de expressão é muito importante e precisa ser protegida, inclusive contra os que a utilizam para destruí-la juntamente com a destruição da democracia. O ódio, a mentira e as ameaças não são protegidas pela liberdade de expressão porque se destinam a silenciar a expressão dos outros", declarou Barroso.