Jornal Estado de Minas

'PEDIDO DE DESCULPAS'

Aziz ironiza Bolsonaro: 'Talvez escreva uma carta sobre Ricardo Barros'

Durante o depoimento de Marcos Tolentino, sócio-oculto do Fib Bank, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, senador Omar Aziz (PSD-AM), ironizou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao falar do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).




 
Leia: CPI da COVID ouve Marcos Tolentino, suposto sócio oculto da FIB Bank
 
A fala foi feita após o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apontar que Barros está ligado com todos os contratos superfaturados de vacinas envolvendo o Ministério da Saúde. “Ele é um ótimo negociador”, ironizou Randolfe. “Está em todas”, respondeu o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

“Eu vou pedir para vocês para não citarem mais o deputado Ricardo Barros porque ele está presente, está presente em todos os cantos do governo. Ele é intocável perante o presidente Bolsonaro e intocável perante aos apoiadores do governo. Porque ele permanece. Mesmo que a gente mostre aqui o que ele fez, não muda nada…. talvez o presidente escreva uma nota pedindo desculpas por manter ele até hoje”, responde Aziz.
 
 

Após os atos do dia 7 de setembro, onde Bolsonaro atacou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, o presidente publicou uma carta apaziguando a crise provocada por ele, entre os poderes. A ação foi vista como um recuo do presidente.





Até o momento,  Tolentino ficou em silêncio na maior parte das perguntas feitas pelo relator da CPI daCOVID, Renan Calheiros (MDB-AL), alegando prerrogativa profissional. 

Tolentino não quis falar sobre a atuação dele em empresas investigadas pela CPI e ligadas ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), o que reforçou as suspeitas dos senadores.
 

O dia da CPI

 
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID tenta, mais uma vez, ouvir o depoimento do advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva, nesta terça-feira (14/9), suspeito de ser ‘sócio oculto’ da empresa FIB Bank. Na sessão anterior, ocorrida em 1º de setembro, ele apresentou um atestado médico e alegou que estava internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Senadores buscam investigar o envolvimento de Marcos Tolentino, dono da Rede Brasil de Televisão, na garantia irregular no fechamento do contrato da vacina indiana Covaxin, fornecido pela FIB Bank. 

Segundo requerimento de convocação feito pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), essa garantia oferecida no contrato de R$ 1,61 bilhão é do tipo fidejussória, o que não estava previsto no documento assinado entre a Precisa, o Ministério da Saúde e o laboratório Bharat Biotech. 




 
Ainda segundo parlamentares, ele seria ligado ao deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara, apontado por parlamentares como articulador de negociações de vacinas contra COVID-19 sob suspeita de irregularidades. 

Tolentino obteve no Supremo Tribunal Federal (STF) decisão da ministra Cármen Lúcia que permite a ele se recusar a responder a perguntas que eventualmente possam incriminá-lo. No entanto, o juiz Codevila apontou que sua decisão de intimação do advogado em nada interfere no habeas corpus concedido. 
  

O que é uma CPI?

As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.



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O que a CPI da COVID investiga?

Instalada pelo Senado Federal em 27 de abril de 2021, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI da COVID trabalha para apurar possíveis falhas e omissões na atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. O repasse de recursos a estados e municípios também foi incluído na CPI e está na mira dos parlamentares.

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