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Estado de Minas Investigação

CPI dos Fura-fila tem bate-boca de deputados

Parlamentares trocam farpas pelo caso do colega Luiz Humberto (PSDB), morto por COVID-19 e colhem depoimento de duas servidoras da Saúde


05/05/2021 04:00

Janaína Fonseca disse na CPI que servidores foram imunizados para não perder dosses (foto: Daniel Protzner/ALMG - 4/5/21)
Janaína Fonseca disse na CPI que servidores foram imunizados para não perder dosses (foto: Daniel Protzner/ALMG - 4/5/21)

A reunião de ontem da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fura-fila, criada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi marcada por acirrado debate entre parlamentares. Durante os encontros, o caso do deputado estadual Luiz Humberto Carneiro (PSDB), morto por causa do coronavírus em 17 de abril deste ano, tem sido recorrentemente citado. Colegas do tucano creem que ele pode ter sido prejudicado pelo cronograma de vacinação. A avaliação de deputados é que, se o processo de imunização fosse feito de modo mais ágil, pessoas poderiam ter sido salvas.

E, enquanto a CPI colhia outro depoimento para dar continuidade à apuração sobre a possível vacinação irregular de servidores da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o caso de Luiz Humberto voltou à tona. Correligionário do governador Romeu Zema, Guilherme da Cunha (Novo) discordou das reiteradas menções ao ex-deputado.

“Não há, absolutamente, relação nenhuma entre o triste episódio envolvendo nosso colega Luiz Humberto – professor, mentor e grande amigo para mim – com a vacinação ocorrida na SES-MG. Parece-me que há reiterada utilização do nome dele, em que pese provoque uma justa sensibilização em todos nós, pela proximidade que tínhamos e admiração que temos. Ela é absolutamente inadequada diante do cronograma dos fatos”, disse.

A fala irritou o presidente da CPI, João Vítor Xavier (Cidadania), que subiu o tom para rebater o colega. Ele tem sido um dos deputados que, constantemente, cita o caso de Luiz Humberto Carneiro. “A vacina, caso tivesse chegado ao deputado Luiz Humberto, poderia, sim, ter salvo a vida dele. O deputado tinha 67 anos. Faltavam poucos dias para que pudesse se vacinar quando contraiu a COVID-19. É uma canalhice sem tamanho querer deturpar a fala deste deputado. É uma canalhice. Não tem outro termo que eu possa utilizar”, afirmou.

Luiz Humberto Carneiro foi hospitalizado em 10 de fevereiro, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Após cerca de dois meses internado, passando por uma unidade de terapia intensiva, sucumbiu ao vírus no mês passado. “A vacinação na SES-MG teve início em 19 de fevereiro. Posterior, portanto, ao diagnóstico de COVID-19 e internação do colega Luiz Humberto”, alegou Guilherme da Cunha.

A data fornecida pelo deputado do Novo, contudo, foi questionada por Cássio Soares (PSD), relator da CPI. “A vacinação indevida na secretaria de Saúde começou em 19 de janeiro. Ou seja: anteriormente à data que vossa excelência tem em mente. O fato de ter lembrado da questão do deputado Luiz Humberto é apenas uma questão simbólica, considerando que tantas outras vítimas perderam suas vidas – e não teriam perdido caso a vacinação chegasse”.

O governo do estado informou à reportagem que eventuais comentários sobre o tema seriam feitos pela liderança de Zema na Assembleia. Procurado, o bloco que dá sustentação ao Executivo no Parlamento optou por não comentar o imbróglio de ontem. A coalizão ligada à base do governo, aliás, leva o nome de Luiz Humberto. "O Bloco Luiz Humberto Carneiro informa que não vai comentar este triste episódio, ocorrido nesta terça-feira(ontem). E deixamos registrado que mais que o nome do nosso eterno líder, nosso compromisso é também honrar seu legado de temperança, bom senso e da política maior. As divergências respeitosas fazem parte da política e da vida, sobre elas estaremos sempre à disposição para o bom debate", diz nota enviada ao EM.

Depoimentos 


A ex-chefe da assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) Virgínia Cornélio da Silva se comprometeu a entregar, a deputados estaduais, a folha de marcação de ponto dos dois servidores presentes à reunião que teve o áudio vazado em abril, quando ela já havia sido exonerada. Ontem, ela depôs à CPI. Já Janaína Fonseca Almeida, diretora de Vigilância e Agravos Transmissíveis, contou que, por causa do risco de perda de doses, 35 servidores da Central de Rede de Frios foram vacinados no Aeroporto de Confins, na Região Metropolitana da Capital.



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