Eleito presidente da Câmara dos Deputados nessa segunda-feira (01/02) para o biênio 2021-2022, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) chega com moral à Mesa Diretora da Casa. Isso porque ele conseguiu 302 de 505 votos possíveis e foi eleito logo em primeiro turno. Parlamentar em terceiro mandato na Câmara Federal, uma das explicações para a expressiva vitória vem do passado, quando ainda estava no segundo mandato.
Lira era muito próximo ao deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ), que presidiu a Casa entre 2015 e 2016, ano em que o carioca foi cassado por quebra de decoro parlamentar, ao esconder que tinha contas na Suíça, “paraíso” para políticos e outras pessoas que buscam sigilo fiscal. Cunha está preso por corrupção desde outubro daquele ano, em uma das fase da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Antes de ser cassado e preso, Cunha estava em alta na Câmara. Ele tinha acabado de abrir e conduzir o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e de angariar forças políticas do chamado “Centrão”, bloco de partidos que hoje é “liderado” por Arthur Lira e conta com cerca de 140 parlamentares. Na época, inclusive, Lira era tido como um dos “braços direitos” de Cunha.
A fidelidade de Lira lhe rendeu, entre 2015 e 2016 - período do auge de Cunha -, o cargo de presidente da comissão de Constituição e Justiça. E a atuação do alagoano na comissão é lembrada por muitos, já que a cassação de Cunha demorou 11 meses para ser concretizada. Muito por causa da falta de celeridade dos trabalhos nessa comissão temática.
Antes da cassação de Cunha, Lira ainda emitiu um parecer favorável a Cunha. Contudo, em plenário, a cassação do carioca foi ímpar, com 450 votos pelo fim do mandato contra somente dez pela manutenção (um deles foi de Arthur Lira).
Novo presidente, Lira também tem algo em comum com Cunha: as constantes investigações por crimes. Ele é réu em duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em uma delas, é acusado de pertencer a uma organização criminosa, chamada de “quadrilhão do PP”, que praticou crimes contra empresas públicas. Em outra, também em organização ilícita, é acusado de receber R$ 106 mil em propina para manter o presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no cargo em 2012, ainda no primeiro mandato na Câmara.
Além disso, a ex-esposa de Lira, Jullyene dos Santos Lins, moveu uma ação na Justiça contra o deputado, por injúria e difamação. O hoje presidente da Câmara nega todas as acusações e diz que nunca praticou nenhum crime.