Jornal Estado de Minas

TENSÃO NO DF

Ataque ao STF é repudiado por Dias Toffoli; homem que atirou fogos é preso em Brasília

A noite do último sábado ficou marcada em Brasília por ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), organizados pelo grupo "300 do Brasil"que soltaram fogos de artifício no rumo do prédio do órgão como protesto. Em menos de 24 horas, um homem foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal acusado de atirar os artefatos. Pouco tempo depois, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, soltou uma nota repudiando a manifestação.




Na nota, Toffoli afirmou que “o Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão”. O ministro também disse que, como “Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal repudia tais condutas e se socorrerá de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus Ministros e da democracia brasileira”.

Financiadas ilegalmente, essas atitudes têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado, apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer com todos, Poderes, instituições e sociedade civil, em prol do progresso da nação brasileira”, publicou o presidente do STF.

A nota do ministro Dias Toffoli foi publicada às 16h50. Pouco antes, um homem havia sido preso pela Polícia Civil do Distrito Federal acusado de atirar fogos em direção ao STF. Ele foi identificado como Renan Silva Sena. Renan foi abordado por agentes, que estavam em um carro descaracterizado. Quando foi colocado no veículo, alguns apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que estavam com ele tentaram correr atrás do automóvel. Um vídeo produzido pelo Correio Braziliense flagrou a condução do suspeito.




O grupo ‘300 do Brasil’ é formado por apoiadores de Bolsonaro e liderado pela ativista Sara Winter. Na noite do último sábado, integrantes do movimento se reuniram na Praça dos Três Poderes e soltaram fogos em direção ao STF. Toda a ação foi filmada pelos próprios participantes, que atacaram os ministros do órgão e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

“(Estamos) em frente aos bandidos do STF. Isso é para mostrar para eles e para o bandido do GDF (governo do Distrito Federal): não vamos arregar”, disse um dos integrantes do ato.



O ato radical também entrou na mira da Procuradoria da República no Distrito Federal, que passará a investigar a manifestação. Um inquérito será conduzido pela Polícia Federal e uma perícia deve ser feita no local nos próximos dias. Os trabalhos têm como objetivo analisar possíveis danos ao prédio e colher provas.

O protesto foi uma reação à ação da Polícia Militar, escalada pelo DF Legal, órgão do governo do Distrito Federal encarregado de fazer valer a lei, que desmontou o acampamento dos 300 na Esplanada dos Ministérios na tarde do mesmo dia. A retirada dos manifestantes foi embasada no decreto assinado por Ibaneis Rocha que proibia a circulação de pessoas na Esplanada neste domingo.



Houve, também, pouco antes dos ataques ao STFtentativa de invasão ao Congresso Nacional. Membros do grupo de Sara Winter chegaram a subir a rampa do prédio, mas os policiais legislativos retiraram os manifestantes do local. (Com informações de Darcianne Diogo e Marcelo Agner, do Correio Braziliense)

“Lei será rigorosamente aplicada”, garantiu Moraes


Quem também se manifestou neste domingo sobre os ataques foi o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Ele seguiu na mesma linha de Toffoli ao dizer que o órgão não se curvará perante às ações radicais e garantiu que “a lei será rigorosamente aplicada” e que “a Justiça prevalecerá”.

“O STF jamais se curvará ante agressões covardes de verdadeiras organizações criminosas financiadas por grupos antidemocráticos que desrespeitam a Constituição Federal, a Democracia e o Estado de Direito. A lei será rigorosamente aplicada e a Justiça prevalecerá”, publicou.

Leia, na íntegra, a nota de Dias Toffoli


Infelizmente, na noite de sábado, o Brasil vivenciou mais um ataque ao Supremo Tribunal Federal, que também simboliza um ataque a todas as instituições democraticamente constituídas.


Financiadas ilegalmente, essas atitudes têm sido reiteradas e estimuladas por uma minoria da população e por integrantes do próprio Estado, apesar da tentativa de diálogo que o Supremo Tribunal Federal tenta estabelecer com todos - Poderes, instituições e sociedade civil, em prol do progresso da nação brasileira.

O Supremo jamais se sujeitará, como não se sujeitou em toda a sua história, a nenhum tipo de ameaça, seja velada, indireta ou direta e continuará cumprindo a sua missão.

Guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal repudia tais condutas e se socorrerá de todos os remédios, constitucional e legalmente postos, para sua defesa, de seus Ministros e da democracia brasileira.