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Estado de Minas

Bolsonaro reclama da imprensa após insultar repórter

Jornalista é autora de reportagem que denunciou o disparo de mensagens de celular ilegais durante a campanha presidencial


postado em 19/02/2020 04:00 / atualizado em 19/02/2020 08:24

(foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)
(foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)

Brasília –  Depois da repercussão negativa de seu comentário sobre a jornalista Patrícia Campos Mello, no qual disse, pela manhã, que a repórter da Folha de S.Paulo "queria dar o furo a qualquer preço" sobre a CPI, o presidente Jair Bolsonaro voltou a reclamar da cobertura da imprensa. Horas depois do comentário, após reunião ministerial, Bolsonaro questionou se, entre os jornalistas presentes, havia algum da Folha.

Então, disse, irritado: "Eu agredi sexualmente uma repórter hoje? Parabéns à mídia aí. Valeu, hein? Eu cometi violência sexual contra a repórter hoje?". Questionado se não achava desrespeitosa a forma como se referiu ao trabalho da jornalista, Bolsonaro não respondeu e entrou no carro, rumo ao Palácio do Planalto, onde deu posse ao ministro Onyx Lorenzoni na pasta da Cidadania e ao general Braga Netto, na Casa Civil.

As críticas ao presidente começaram logo após ele comentar com simpatizantes que o aguardavam na saída do Palácio do Planalto o trabalho da jornalista, autora de reportagem que denunciou o disparo de mensagens de celular ilegais durante a campanha presidencial.

“Olha a jornalista da Folha de S.Paulo. Tem mais um vídeo dela aí. Não vou falar aqui porque tem senhoras aqui do lado. Ela falando: ‘Eu sou ‘tá, tá, tá’ do PT’, certo? No depoimento do Hans River, no final de 2018, para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele”.

Em tom jocoso, o chefe do Executivo emenda: "Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim. Lá em 2018, ele [Hans] já dizia que ele chegava e ia perguntando: ‘O Bolsonaro pagou para você divulgar pelo Whatsapp informações?’ E outra: se você fez fake news contra o PT, menos com menos dá mais na matemática. Se eu for mentir contra o PT, eu estou falando bem, porque o PT só fez besteira", afirmou arrancando .

Na semana passada, Hans River, ex-funcionário de uma empresa de comunicação que serviu de fonte da reportagem de Patrícia, disse aos parlamentares da CPI que a jornalista havia se insinuado sexualmente para ele em troca de informações. 

Pouco depois do comentário de Bolsonaro, a Folha emitiu nota de repúdio: "O presidente da República agride a repórter Patrícia Campos Mello e todo o jornalismo profissional com a sua atitude. Vilipendia também a dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício da Presidência".

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também se manifestou, por meio de nota assinada por seu presidente, Paulo Jeronimo de Sous. Leia a íntegra:

"Nesta terça-feira, mais uma vez, para vergonha dos brasileiros, que têm o mínimo de educação e civilidade, o presidente da República, Jair Bolsonaro, é ofensivo e agride, de forma covarde, a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo. Este comportamento misógino desmerece o cargo de presidente da República e afronta a Constituição Federal. O que temos visto e ouvido, quase cotidianamente, não se trata de uma questão política ou ideológica. Cada dia mais, fica patente que o presidente precisa, urgentemente, de buscar um tratamento terapêutico. A ABI conclama a sociedade brasileira a reagir às demonstrações do “Cavalão”, como era conhecido Bolsonaro na caserna, e requer à Procuradoria-Geral da República que cumpra o seu papel constitucional, denunciando a quebra de decoro pelo ex-capitão Jair Bolsonaro."
 


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