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Estado de Minas PLANALTO

ONYX LORENZONI FICA NA CASA CIVIL

Apesar do esvaziamento da sua pasta, ministro se reúne com o presidente Jair Bolsonaro e acerta sua permanência no governo. Amanhã, ele lerá mensagem na volta do Congresso


postado em 02/02/2020 04:00

Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil:
Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil: "A demissão de Santini é página virada. O presidente Bolsonaro é meu líder. O que o presidente decidir eu cumpro, o que ele comandar, eu faço" (foto: ANTÔNIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL )

Brasília – Mesmo enfraquecido, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, fica no cargo. Pelo menos é o que foi acertado durante uma hora de reunião entre ele e o presidente Jair Bolsonaro, na manhã de ontem, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o trabalho na pasta continuará normalmente. Ele descartou saída da Casa Civil para outra função no governo e disse que a demissão de Vicente Santini, ex-secretário executivo da pasta, já é "pagina virada". "Tive uma reunião de trabalho com o presidente Bolsonaro e as coisas continuam no seu curso normal. Não conversamos sobre mudança na Casa Civil, falamos sobre a rotina normal no ministério", disse Onyx a jornalistas, ao sair do Palácio da Alvorada.
No encontro, ficou acertado que Onyx levará a mensagem presidencial ao Congresso amanhã, na cerimônia que marcará o início do ano legislativo. O gesto foi interpretado por aliados de Bolsonaro como sinalização de que o ministro mantém algum prestígio. Em conversa com jornalistas após a reunião, Bolsonaro se negou a falar sobre Onyx. "Já que deturpou a conversa, acabou a entrevista", disse ele ao ser questionado sobre o tema.
 
O ministro confirmou que o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) deixará a Casa Civil e irá para o Ministério da Economia, como previsto desde o início do plano de governo. Ele lembrou que mudanças de atribuições de ministérios já ocorreram no ano passado, citando o Coaf, que foi da Justiça para a Economia, e posteriormente para o BC, e a Cultura, que foi do Ministério da Cidadania para o Turismo.
Questionado sobre se a perda das atribuições na Casa Civil e a demissão de Santini não gerariam incômodos na sua atuação à frente da pasta, ele afirmou que não está em busca de poder e sim de "servir ao governo". "A demissão de Santini é página virada. O presidente Bolsonaro é meu líder. O que o presidente decidir eu cumpro, o que ele comandar, eu faço", afirmou.
 
Durante a curta entrevista, ele fez questão de passar a mensagem de que seu trabalho continuará normalmente a partir de segunda-feira. Ele citou reunião do grupo interministerial sobre o coronavírus, que ocorrerá na Casa Civil às 10h, além de uma reunião com o ministro Paulo Guedes, para tratar da transição do PPI. Ainda na segunda-feira, caberá a Onyx levar ao Congresso a mensagem presidencial de Bolsonaro para a abertura dos trabalhos no Parlamento.
 
"A mensagem presidencial reafirma o norte do governo que é a redução do tamanho do Estado e os investimentos que têm sido feitos para a digitalização dos serviços aos cidadãos. Reforçaremos nosso trabalho de combate à corrupção. Já recuperamos neste primeiro ano a confiança interna e externa no Brasil. O governo vem fazendo uma série de reformas que começou com a Previdência e está agora com o pacto federativo. A mensagem citará a continuidade das reformas, como a administrativa (que ainda não foi enviada pelo governo)", completou. Onyx citou ainda outras atribuições que a Casa Civil continuará tendo, como o trabalho de adesão do Brasil à OCDE e o centro de governo para articulação de projetos do ministério.
 
Questionado sobre criticas à articulação o governo no Congresso, respondeu que o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, tem feito "excelente trabalho". "Não conheci governo que não tivesse problemas com o Parlamento. É da relação entre os poderes em todos os países. O governo precisa ter paciência, resiliência e diálogo. Já aprovamos projetos importantes e vamos continuar esse trabalho", encerrou o ministro.

SOBREVIDA NO CARGO


Protagonista da mais recente crise política no governo, Lorenzoni ganhou uma sobrevida no cargo. Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro afirmam que a intenção é mantê-lo no posto por enquanto, apesar de ter suas funções esvaziadas e de pressões no Palácio do Planalto e na Esplanada para que seja demitido. A permanência de Onyx é avaliada por aliados como importante porque o ministro é hoje um dos poucos nomes no governo com boas relações no Congresso, após conseguir aparar arestas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ser muito próximo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
 
Embora a articulação política do Planalto tenha passado para a Secretaria de Governo, comandada pelo general Luiz Eduardo Ramos, os militares enfrentam dificuldades para se relacionar com os congressistas. No ano passado, Ramos chegou a ser hostilizado em uma reunião na Câmara. Onyx tem a vantagem de acumular cinco mandatos como deputado.
 
O ministro antecipou o fim das suas férias e retornou ontem dos Estados Unidos. O motivo da volta foi a crise política que levou à demissão de Vicente Santini, ex-secretário executivo da pasta, por uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB), e a perda do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que cuida de privatizações de estatais e concessões, uma das vitrines do governo. O programa havia migrado para a Casa Civil como uma espécie de "prêmio de consolação" após Onyx perder a articulação política do Planalto, no meio do ano passado. Agora, foi transferido para o Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. Sem o PPI e sem a articulação política, Bolsonaro deixou a Casa Civil esvaziada.
 
O enfraquecimento ocorre após o comportamento de Onyx incomodar não apenas o presidente, mas colegas de Esplanada, que o acusam de fazer a velha política, ao usá-los para atender a demandas do baixo clero do Congresso, e de ter indicado para o governo nomes que viraram dor de cabeça para seu chefe, como o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Segundo interlocutores, Bolsonaro, porém, reconhece que Onyx é um aliado fiel, que o acompanha desde quando seu projeto presidencial era embrionário, e não pretende abandoná-lo por enquanto.
 
Antes do encontro no Alvorada, Onyx passou a sexta-feira percorrendo gabinetes de ministros palacianos para angariar apoio à sua permanência. Ele se reuniu com Ramos, com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e com o titular da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. Também recebeu importantes manifestações públicas para ficar no cargo.
 
Apesar da permanência de Lorenzoni, o chefe da Comunicação da Casa Civil, Gustavo Chaves Lopes, que assessorava diretamente o ministro, pediu demissão na sexta-feira. Lopes ficou insatisfeito com o processo de esvaziamento do ministério de Lorenzoni, com a retirada do Programa de Parcerias e Investimento (PPI) de sua responsabilidade e com a dupla demissão de Vicente Santini, primeiro do cargo de secretário executivo e depois da função de assessor na pasta.

 
 


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