(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas JUSTIÇA

Com Celso de Mello de atestado, julgamentos do STF sofrem impacto

Assuntos polêmicos, como juiz de garantias, dominam a pauta


postado em 02/02/2020 06:00 / atualizado em 02/02/2020 07:46

Dias Toffoli montou grupo de trabalho para avaliar juiz de garantias (foto: CARLOS MOURA/SCO/STF)
Dias Toffoli montou grupo de trabalho para avaliar juiz de garantias (foto: CARLOS MOURA/SCO/STF)

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta segunda-feira as atividades do primeiro semestre. A Corte volta sob tensão, dividida em razão da criação do juiz das garantias, aprovado pelo Congresso, mas alvo de decisões divergentes do presidente, Dias Toffoli, e o ministro Luiz Fux. Durante o recesso do Poder Judiciário, Fux derrubou uma decisão liminar tomada por Toffoli que adiou por seis meses a entrada em vigor deste trecho da lei. A iniciativa não foi vista com bons olhos pelo presidente da Corte, que montou um grupo de trabalho no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) especificamente para avaliar a implantação das alterações aprovadas pelo Parlamento.
Além disso, o Supremo retorna do recesso desfalcado. O ministro Celso de Mello passou por cirurgia e fica afastado dos trabalhos até março. Por causa do procedimento médico, ele estará ausente em votações importantes, e complica a situação do plenário, que pode empatar as votações em 5 a 5. Neste caso, o voto de minerva é de Toffoli. A sessão de abertura, que deve contar com a presença do vice-presidente, Hamilton Mourão, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do procurador-geral da República, Augusto Aras, começa às 10h30.
 
Com a ausência de Celso, o STF precisou reajustar pautas importantes e polêmicas. Estava previsto, no cronograma de análises pelo plenário, a restrição de participação em concurso público de candidato que responda a processo criminal. O tema deveria ir a votação no dia 5 de fevereiro. No entanto, por causa da ausência de Mello, ficou para 2 de abril. Também em fevereiro, a Corte deveria finalizar o julgamento de ações que discutem a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O plenário já formou maioria para barrar diminuição de jornada e consequentemente o salário de servidor público. A votação precisa ser encerrada, e também foi realocada para abril. Na sessão de 19 de fevereiro, deve ser avaliada a constitucionalidade da redução de 60% da base de cálculo do ICMS incidente sobre agrotóxicos e autorização para que os estados-membros concedam redução da base de cálculo ou isenção do ICMS.
 
A concessão de incentivos fiscais nos agrotóxicos faz com que o Brasil perca bilhões de reais em impostos, além de incentivar o crescimento do uso de insumos agrícolas, que fazem mal ao meio ambiente e aos trabalhadores do setor. De acordo com a ONG Terra de Direitos, em 2018, o Brasil deixou de arrecadar R$ 2,07 bilhões em razão da isenção fiscal destes produtos. A decisão do Supremo sobre o caso será tomada em uma ação movida pelo Psol, e deixa em suspense grandes produtores de todo o país. Ainda no primeiro semestre, será avaliada uma ação que questiona decreto presidencial de Temer, que estabeleceu processo especial de cessão de direitos de exploração, desenvolvimento e produção em campos de petróleo pela Petrobras, sem aval do Congresso.

IMPACTOS O ministro Celso de Mello fez cirurgia e está de atestado até março. Ele estava com dificuldades de locomoção desde o ano passado e em alguns sessões era visto se deslocando de cadeira de rodas pelas dependências do Supremo. A advogada Cecília Mello, que durante 14 anos foi desembargadora no Tribunal Regional Federal da 3 Região (TRF-3) destaca que a ausência de um dos ministros causa impactos significativos no funcionamento do tribunal. “O afastamento do ministro Celso de Mello causará impactos significativos nos julgamentos do STF. Com 10 ministros, nos julgamentos do plenário que haja empate, o presidente passa a ter dois votos, o seu e o voto de qualidade”, explica. Além do plenário, o julgamento da Segunda Turma pode ser prejudicado. “Na turma, haverá um desfalque e serão quatro ministros a julgar. Neste caso, quando houver empate, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu”, completa.
 
Em 12 de fevereiro, está na pauta o RE 1235340, que discute a execução da pena após condenação pelo tribunal do júri. Este item já está previsto no pacote anticrime, aprovado pelo Congresso Nacional e é preciso que os ministros avaliam se o caso ainda deve ser tratado, sob risco de entrar em choque com as decisões do Legislativo, o que não tem sido incomum nos últimos meses.
 
Um dos itens mais controversos deve ser avaliado em 25 de março e trata da ordem das chamadas alegações finais em uma ação penal. O resultado do julgamento pode beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e gerar a anulação da condenação dele no processo relacionado ao Sítio de Atibaia. Em outubro do ano passado, por 7 votos a 4, o plenário do Tribunal decidiu que os réus delatados, ou seja, acusados por outros envolvidos no processo, devem apresentar suas últimas defesas em primeira instância antes dos réus que firmaram acordo de delação com as autoridades.
 
Em relação a este tema, falta definir para quais casos esta medida pode ser aplicada. Os magistrados devem avaliar se réus já condenados podem ser beneficiados, ou se vale apenas para casos futuros. Se Lula for beneficiado, a sentença que o condenou a 17 anos e um mês de prisão no caso do sítio pode ser anulada e a ação penal volta para o primeiro grau de Justiça. O ministro Dias Toffoli, presidente do STF, entendeu, em seu voto, que os casos anteriores podem ser afetados, o que abre margem para anulação de condenações realizadas na Lava-Jato, muitas pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba. Alguns integrantes do Supremo defendem que a defesa deve comprovar que a ordem das alegações finais gerou prejuízo ao cliente.
 
Em março, no dia 11, um assunto polêmico entra na lista de julgamentos. A Corte vai analisar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade 5543 (ADI) proposta contra normas do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proíbem a doação de sangue por homossexuais. Atualmente, na entrevista, realizada antes da doação, homens que dizem ter feito sexo com outros homens, mesmo que tenham usado preservativo e que o sangue seja testado, são proibidos de doar.



receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)