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Estado de Minas POLÍTICA

Bolsonaro é só elogios para o 'superministro' da infraestrutura

Só nos 100 primeiros dias de governo, foram 23 leilões de ativos - incluindo aeroportos, terminais portuários e a Ferrovia Norte-Sul -, com previsão de gerar R$ 8 bilhões em investimentos


postado em 20/05/2019 07:55 / atualizado em 20/05/2019 08:20

Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas(foto: Wilson Dias/Agência Brasil )
Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas (foto: Wilson Dias/Agência Brasil )

Integrante de um governo ainda sem avanços em temas como o combate ao desemprego ou a melhoria de indicadores na Educação, o ministro Tarcísio de Freitas tem sido elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro com uma frequência pouco vista na Esplanada dos Ministérios.

No comando da área de Infraestrutura, ele passou a reunir em sua pasta tudo aquilo que Bolsonaro gostaria de encontrar nas outras: entregas de promessas, resultados para festejar nas redes sociais e batidas de martelos em leilões na Bolsa de Valores.

Só nos 100 primeiros dias de governo, foram 23 leilões de ativos - incluindo aeroportos, terminais portuários e a Ferrovia Norte-Sul -, com previsão de gerar R$ 8 bilhões em investimentos.

Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, com Engenharia Civil pelo Instituto Militar Engenharia (IME), o ministro de 43 anos é descrito como alguém bom de conversas de gabinete e em audiências públicas, mas também faz questão de meter o pé por estradas lamacentas e negociar preço de frete com caminhoneiros.

Também ganhou pontos com o chefe ao adotar uma postura mais pragmática em relação a demandas de ambientalistas e de comunidades indígenas que eventualmente cruzam o caminho de projetos de infraestrutura.

"Fazer algo objetivo, mesmo que seja de sua própria rotina, tem feito toda a diferença num governo tumultuado", diz o professor Marco Antônio Teixeira, da FGV-SP. "É um ministério que faz o que se espera dele: toca os projetos."

Os elogios do presidente têm sido retribuídos na mesma moeda. Para Tarcísio, Bolsonaro não chegou ao Planalto só porque venceu seus opositores nas urnas.

Foi mais do que isso. Católico fervoroso, o ministro diz ter convicção de que Bolsonaro foi ungido por Deus. "Ele não só foi um escolhido pela população brasileira. É um escolhido de Deus", afirmou em seu discurso de posse.

Dilma


Diferentemente do que se vê em quase toda a equipe escolhida a dedo por Bolsonaro, Tarcísio é um egresso dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Michel Temer.

Ele chegou à cúpula do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em 2011, quando Dilma prometia fazer uma "faxina" no órgão, depois da revelação de esquemas de corrupção.

À época, era funcionário de carreira da Controladoria-Geral da União (CGU). Tarcísio foi o número dois do general Jorge Fraxe, que ocupou o posto de diretor-geral do Dnit com a missão de resgatar a imagem do governo. Em 2014, ele sucederia Fraxe no comando do Dnit.

No governo Temer, atuou na Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), no anexo 2 do Palácio do Planalto.

Com sua nomeação para comandar toda a área de infraestrutura, Tarcísio passou a ser visto como mais um "superministro" do governo Bolsonaro, somando-se ao time de Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça).

Quando Bolsonaro, ainda em dezembro, pediu uma prévia do que receberia em sua mesa assim que chegasse ao Planalto, Tarcísio usou o trabalho anterior no governo para apresentar um pacote de concessões que estavam engavetados ou com contratos para assinar.

"Esse resultado é fruto de trabalho, não nasceu do dia para a noite", diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura. "Ele vem atuando de maneira pragmática. Não era uma pessoa conhecida popularmente e está surpreendendo."

Haiti


Servidor de carreira vinculado à consultoria legislativa da Câmara, Tarcísio mantém no dia a dia o perfil flexível adotado na política.

"Flamenguista roxo", sabe tocar cavaquinho e diz ouvir de funk carioca a ópera. Entre as leituras de cabeceira, tem preferência por aquelas que tratam do período do Império.

A indicação de seu nome para Bolsonaro não foi defendida apenas pelos amigos de caserna e generais que estiveram com ele no Haiti, quando chefiava a seção de engenharia da missão de paz da ONU. Tarcísio também seria elogiado por membros do Tribunal de Contas da União, que ele próprio gosta de criticar.

Em dezembro, Bolsonaro fez uma visita ao tribunal. Teve uma conversa com os ministros, entre eles o decano da Corte, Walton Alencar Rodrigues.

Na conversa, Walton sublinhou o trabalho de Tarcísio e de seu parceiro na condução das concessões do PPI, Adalberto Vasconcelos. Ambos vinham liderando os projetos e o cronograma dos leilões. Bolsonaro ouviu com atenção e guardou os nomes. Pesou ainda o fato de Tarcísio ter currículo militar.

Adalberto, por seu lado, já tinha atuado como auditor do TCU e tinha trânsito com os militares alçados para liderar a transição do governo. A aprovação de seu nome pelo setor privado foi decisiva.

Os elogios feitos até agora, porém, não garantem uma unanimidade. Na área ambiental, ele é visto como alguém impaciente e capaz de "tratorar" qualquer um que não concorde com suas propostas. Dentro do TCU, muitos técnicos veem uma pressão descrita como exacerbada do ministro para que o órgão libere seus projetos. No ano passado, traços dessa pressão ficaram bem evidentes.

Tarcísio, então secretário do PPI, tentava liberar a concessão da Rodovia de Integração do Sul (RIS) - atacado por auditores, que enxergavam irregularidades no edital.

Tarcísio, então, acusou a Corte de levantar suspeitas sem apresentar provas. "Os auditores do TCU não são os 'papas' do universo. Tem muito absurdo nesse relatório, faz insinuações e não apresenta evidências. Vamos rechaçar. Estamos seguros do que colocamos lá e vamos nisso até o fim", atacou ele, na época. Ambos acabaram cedendo e os ponteiros se acertaram.

A concessão da estrada aconteceu em novembro de 2018, com a assinatura do contrato marcada para este ano.

"É um ministro objetivo, que vai direto ao ponto e que tem uma agenda com começo, meio e fim", diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz.


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