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Estado de Minas

Políticos vão aproveitar Carnaval para conversar com bancadas sobre Previdência

Ideia é traçar cenário para garantir aprovação da reforma. Bolsonaro vai manter contato com trio de interlocutores


postado em 03/03/2019 05:09 / atualizado em 03/03/2019 11:16

Após o feriado de carnaval, lideranças dos partidos no Congresso Nacional vão definir os próximos passos da reforma da Previdência (foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados - 19/2/19)
Após o feriado de carnaval, lideranças dos partidos no Congresso Nacional vão definir os próximos passos da reforma da Previdência (foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados - 19/2/19)

Brasília – Com o início do feriado de carnaval, deputados e senadores estão concentrados em suas bases eleitorais prontos para aproveitar a maior festa popular do país, mas nem tudo é diversão. Com a discussão da reforma da Previdência pela frente, o abre-alas das bancadas terá como foco captar o nível de apoio da sociedade. Quando sair às ruas, os congressistas estarão atentos ao clima dos foliões em relação à proposta de emenda à Constituição (PEC). A ordem vem da comissão de frente das legendas, ou seja, dos líderes partidários.

Mesmo entre amigos e familiares, as lideranças seguem em ação. “O Congresso para, mas continuamos trabalhando”, afirma o deputado Paulo Martins (PSC-PR), líder do partido na Câmara. O parlamentar brinca que é cobrado por colegas e a mulher para deixar o trabalho em segundo plano, mas garante: o dever tem falado alto. “Continuo conversando com a bancada por telefone. Estou aproveitando as festividades para relaxar e trabalhar, porque não dá para ficar só parado sabendo da guerra que vem pela frente”, explica.

Assim como Martins, congressistas do PSC e de outras legendas também se dividirão entre o descanso e a responsabilidade parlamentar. O próprio contato com os eleitores nas ruas é visto como um momento para trabalhar. Invariavelmente, os parlamentares vão dedicar parte do carnaval para fazer pesquisas qualitativas com a sociedade, comenta o deputado Daniel Coelho (PPS-PE), líder da sigla na Câmara. “Os deputados são abordados a todo momento. Seja por uma cobrança ou para tirar dúvidas. É aí que vamos aproveitar para medir o apoio à reforma”, destaca.

O contato entre parlamentares e eleitores em períodos festivos é sempre um termômetro para medir o desempenho legislativo e a aceitação a pautas em debate no Congresso. No caso da Previdência, a mãe das reformas, Coelho prevê uma cobrança maior. “Já notamos muito mais dúvidas do que certezas. Não há opinião consolidada sobre o tema, e isso não é ruim. Vamos coletar os anseios e os questionamentos no supermercado, na padaria ou em uma cafeteria para ter uma noção do que as ruas têm a dizer sobre a reforma”, comenta.

Mais conversas

Munidos de análises qualitativas que as ruas darão, a ideia é que parlamentares permaneçam em diálogo com os líderes dando retorno sobre o clima em torno da reforma ainda durante o carnaval. Na volta às atividades parlamentares, as lideranças se reunirão com suas bancadas para debater os passos seguintes em relação à tramitação do texto.

As bancadas se cercarão também de análises técnicas contrárias e favoráveis à reforma e farão monitoramento das redes sociais para ter uma melhor noção da temperatura em torno da reforma. Munidos das informações, as lideranças já planejam reuniões com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o secretário especial da Previdência Social e Trabalho, Rogério Marinho.

Diálogo com a articulação política à parte, os grupos partidários não se mostram sensíveis a votar cegamente com o governo sem tirar dúvidas com a equipe econômica antes. “Já pedi uma reunião com o Marinho para esclarecer algumas dúvidas, como a idade mínima. A média de idade da aposentadoria já é de 65 anos. Então, precisamos entender por que estabelecer essa idade para homens”, comenta Coelho.

Monitoramento


A alegoria do governo também estará a postos. O presidente Jair Bolsonaro permanecerá concentrado na residência oficial, no Palácio da Alvorada, e não na Barra da Tijuca, onde tem uma casa em um condomínio. Não vai abrir mão de tomar uma cerveja ou outra, mas com parcimônia. Continuará conversando com parlamentares e ministros pelo WhatsApp.

O presidente estará em contato a todo momento com os responsáveis pela articulação política: o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), e o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). Os três terão a missão de monitorar a fervura aliada durante o período.

A avaliação do governo é de que não haverá necessidade de acionar os bombeiros da interlocução política para apagar algum foco de incêndio na base aliada que começa a ser construída. Mas o monitoramento será necessário. O aceno de Bolsonaro em ceder a pontos na reforma da Previdência não foi bem digerido por todas as bancadas. A posição do presidente em admitir rever a regra da idade mínima das mulheres de 62 anos para 60 não era nem sequer um pleito defendido pelas lideranças.

O aceno de Bolsonaro dividiu líderes. Uns acharam o recuo positivo, um sinal de que está aberto ao diálogo e mantém a avaliação de que “reforma boa é a que passa”. Outros, entretanto, acreditam que passa um sinal de enfraquecimento. “Não estava no horizonte ceder sem os debates nem sequer terem começado. Aceitar mexer na idade mínima, que é a espinha dorsal da reforma, passa incerteza sobre o que o governo quer. Isso expõe a liderança de sustentação ao texto”, analisa um líder.

 

 


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