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Estado de Minas

Militares estarão em primeiro plano no próximo governo

O encontro do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com os comandantes das Forças Armadas, antes de ter uma reunião com o presidente Michel Temer, é um forte indício de prestígio dos militares


postado em 07/11/2018 07:43

Um dos encontros de Bolsonaro foi com o comandante da Marinha: sem contingenciamento de recursos dos militares (foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Um dos encontros de Bolsonaro foi com o comandante da Marinha: sem contingenciamento de recursos dos militares (foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O encontro do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com os comandantes das Forças Armadas, antes de ter uma reunião com o presidente Michel Temer, é um forte indício de que os militares estarão em primeiro plano no próximo governo, avaliam especialistas. Na reunião com os comandantes Eduardo Bacellar (da Marinha) e Eduardo Villas Bôas (do Exército), Bolsonaro afirmou que o governo não pretende contingenciar recursos dos militares.

Segundo o cientista político Thiago Vidal, o que chama mais a atenção é Bolsonaro ter se encontrado individualmente com cada um dos mandatários das três Forças. “O mais simbólico é o fato de ter um número significativo de militares como prováveis ministros e/ou assessores diretos. No fim, é um prestígio às Forças Armados. Um prestígio individual”, diz. Vidal lembra, no entanto, que a presença do presidente eleito na cerimônia de comemoração dos 30 anos da Constituição, na Câmara, fez com que ele e Temer se reunissem informalmente.

Para o professor e cientista político da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Homero de Oliveira, esse contato próximo das instituições militares com Bolsonaro é previsível e “perfeitamente lógico”. Ele conta que, desde o início da campanha, parte expressiva dos membros das Forças — em especial do Exército — apoiou Bolsonaro. “Não sei o que o levou a fazer isso, mas, talvez, pensou que o fortaleceria, por enfatizar a posição em favor das Forças Armadas”, afirma o pesquisador.

O acadêmico acredita que, mesmo com um contexto diferente, o fato vivenciado, ontem, se assemelha, em alguns aspectos, ao que ocorreu com Getúlio Vargas em 1950. Ele lembra que, à época, o representante do PTB chegou a pedir a anuência dos militares para disputar a campanha eleitoral. “Getúlio era um civil, mas Bolsonaro, já é um militar de carreira. É alguém que deve contar com o apoio dos militares.”

Oliveira diz que o presidente eleito não necessita da aceitação dos chefes das Forças para governar, mas ressalta que as medidas prometidas durante a campanha, de aumentar o número de militares em postos-chaves do governo, podem criar um ambiente de aprisionamento dos interesses da categoria. “Já começou com a presença muito forte dos militares na composição da equipe de transição. Além disso, ele anunciou que terá a maioria da Esplanada comandada por militares”, afirma.

Sem cortes


Ao ser questionado sobre a mensagem que esses encontros podem transmitir, Bolsonaro foi enfático. “Eu sou oriundo da carreira, então, os militares terão um lugar de destaque no governo.”

O presidente eleito também garantiu que as Forças Armadas não sofrerão cortes de orçamento. “Hoje (ontem), Paulo Guedes disse que os militares não terão recursos contingenciados. Ele manda na economia”, ressalta. A decisão, segundo Bolsonaro, se justifica pelo fato de os militares prestarem um serviço a todo o Brasil, sendo essenciais em “momentos difíceis como os que atravessamos”. “Acho que nada é mais justo. É o reconhecimento das Forças Armadas”, diz.

O núcleo duro do governo já conta com dois militares de destaque: os generais Augusto Heleno Ribeiro (para a Defesa ou SGI), um dos principais conselheiros, e o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão. Ambos estavam presentes nos encontros com os comandos das Forças Armadas.


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