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Estado de Minas

Vídeo: eleitores de Bolsonaro e Haddad debatem em defesa de seus candidatos

Nossos convidados são jovens que participam do Senatus - Sociedade de Debates da UFMG. A entrevista foi transmitida ao vivo nas redes sociais do Estado de Minas.


postado em 25/10/2018 06:00 / atualizado em 26/10/2018 15:06



O diálogo faz parte da construção e fortalecimento da democracia. Na falta de encontros entre os candidatos à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), o Estado de Minas promoveu debate entre eleitores dos dois candidatos, transmitido ao vivo pelas redes sociais do jornal. Foram convidados quatro jovens participantes do Senatus, sociedade de debate da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O Senatus faz parte de um movimento nacional de grupos que se dedicam à criação de uma cultura de respeito e tolerância a partir da argumentação e do discurso.


O advogado Philippe Cirilo, de 25 anos, e o estudante de ciência do estado, Pedro Lopes, de 22, defenderam Haddad. Já o estudante de economia, Lucca Gabriel, de 19, e o estudante de direito Caio Almeida, de 24, apresentaram as razões pelas quais optaram por Bolsonaro. Divididos em duplas, eles também tiveram a chance de questionar os outros e discutiram sobre as propostas de cada presidenciável para áreas importantes como educação e segurança. Sábado, dia 27, às 11h, o Senatus promove debate aberto ao público sobre as eleições presidenciais na Faculdade de Direito da UFMG.
(foto: Fred Bottrel/EM/D.A Press)
(foto: Fred Bottrel/EM/D.A Press)

 

Por que Haddad?

Pedro Lopes
“A conduta geral de Bolsonaro não tem mudado. Essas perspectivas em relação a fuzilar opositores ditas em alguns momentos de campanha, recentes alegações em relação a possíveis prisões ou mesmo exílio de opositores... Essas questões e discursos não têm desaparecido na conduta de Bolsonaro. Pelo contrário. Ele se construiu de alguma forma nesse sentido, parte de seu eleitorado concorda com essas medidas e é assim que ele continua se mostrando.”

Philippe Cirilo
“Dentro do ambiente democrático é muito difícil tolerar, aceitar e validar o que tem sido dito por Jair Bolsonaro. Ele é expresso e literal em se dizer contra as minorias, admite ser homofóbico, tem frases frequentemente racistas. Validar esse tipo de discurso num ambiente democrático é, por si só, anti-democrático. Isso dá voz na sociedade para que comportamentos desse tipo, que não podem ser tolerados, continuem acontecendo.”

Por que Bolsonaro?

Lucca Gabriel 
“Em várias ocasiões, Bolsonaro foi destemperado, mas agora tem se mostrado muito mais presidenciável. Quando seu vice-presidente dá declarações controversas, ele conserta, coloca panos quentes. Quando seu filho dá declarações contra o STF, ele manda uma carta a essa instituição. Isso mostra uma sobriedade de Bolsonaro que nunca tínhamos visto antes e que agora conseguimos perceber, com racionalidade nas suas propostas, coisa que o Haddad não tem feito.”

Caio Almeida
“Outros candidatos chegaram com a proposta de acabar com as reformas de Michel Temer, coisa que eles não têm nem o poder de fazer. Todas as propostas de Bolsonaro trabalham com a realidade do teto de gastos, que acho que é muito interessante de se fazer. Atacam tanto a inépcia dele, mas Bolsonaro trabalha com a ideia de escolher os melhores para estar do lado dele no governo. Ele não tem rabo preso e pode escolher essas pessoas sem que algum conluio político interfira.”

MINISTÉRIO

Philippe 
Bolsonaro admite a inaptidão técnica e diz que vai escolher os melhores para governar junto com ele. Mas, se ele tem inaptidão técnica, admitida, como vai saber quem são os melhores e como ele vai saber se as medidas tidas pelos melhores são boas ou não? Então, ele está admitindo que não tem senso crítico para governar.

Lucca
Bolsonaro já elencou bons nomes para sua equipe de governo, como (deputado) Onyx Lorenzoni para a Casa Civil, o economista Paulo Guedes, para a Fazenda, coisas que o Haddad até então não fez. A política do Haddad é totalmente desconhecida. Ele não revelou nenhum nome, ainda não declarou quem vai ser seu ministro da Fazenda, o que é totalmente problemático, porque não dá condição de o eleitor saber quais rumos a economia vai tomar. E, ao não revelar seus ministros, ao contrário de Bolsonaro, você não sabe em quem está votando: é no Haddad, professor, com bom currículo, ou é na cúpula petista por trás? Com Lula, Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias? Nós não sabemos.

ECONOMIA

Philippe
Apesar de Haddad não ter definido um plano para o ministério, o plano de governo dele está muito claro. A preocupação dele é com a redução do desemprego e da taxa de juros. Também se mostrou, em São Paulo, responsável fiscalmente. É a questão de olhar o currículo. Por outro lado, Bolsonaro, apesar de ter indicado seu ministro da Fazenda, o seu próprio ministro não consegue explicar o que vai fazer com a economia.

Lucca
Quando Haddad fala que vai revogar a PEC do Teto, que vai retomar obras públicas, investimentos públicos são medidas problemáticas dentro do contexto econômico que vive o Brasil, em que não tem dinheiro para isso. É impossível manter responsabilidade fiscal e fazer tudo que Haddad se propõe a fazer. As propostas de Bolsonaro são muito claras. Paulo Guedes fala de privatizar, de reduzir a participação do Estado em empresas, em determinados setores que são chave para a retomada de investimento de uma forma efetiva e sustentável. A política econômica do Haddad é incapaz de fazer. Atrás do Bolsonaro, Paulo Guedes já está angariando investimentos e empresários para efetivamente funcionar seu plano de governo.

Pedro 
A questão da lógica simplista de Bolsonaro ultrapassa as teorias econômicas. Um plano de governo é uma questão extremante complexa. Em várias delas, Bolsonaro faz uma coisa que toda a mídia internacional já entende como uma tática populista, que são respostas extremamente simples e constantemente incorretas sobre assuntos extremamente complexos.

CAVALEIRO SOLITÁRIO

Caio
O membro de um partido grande como o PT já tem todo um background e uma retaguarda que encaminha para seu plano de governo. O Bolsonaro é um cavaleiro solitário que teve que mudar de partido diversas vezes para conseguir lançar sua candidatura e não tinha toda essa retaguarda. Durante a campanha, está montando a equipe dele. É muito desproporcional, nesse sentido, comparar Fernando Haddad com Bolsonaro, que está se alavancando agora.

Philippe
Gostaria de falar sobre o cavaleiro solitário. As propostas de Bolsonaro são muito radicais e difíceis de se concretizar. Desde o governo Lula se promete uma reforma tributária, uma reforma da Previdência. Se o Lula, com toda base, não conseguiu aprovar, como um cavaleiro solitário, que era do baixo clero do Congresso e não conseguiu ascender nem para senador, que já pertenceu a mais de oito partidos, vai conseguir aprovar esse tipo de proposta? Ou ele vai ser mais um Collor? Que tenta mudar o Brasil em um ano, quebra e tem que sair?

Lucca
Com Bolsonaro tendo uma forte presença no primeiro turno e passando para o segundo turno com uma margem tão grande, a nossa bolsa de valores, a Bovespa, subiu vertiginosamente desde então e o dólar tem caído. O que isso representa? Um clima de otimismo claro do mercado sobre a capacidade do Bolsonaro de tomar medidas efetivamente boas para a economia. De criar um ambiente de segurança econômica para que as pessoas e investidores possam colocar seu dinheiro no Brasil, gerar empregos, gerar renda. O que garante que Bolsonaro vai aprovar as reformas é a Câmara altamente favorável a ele. O PSL conseguiu eleger quase tantos candidatos quanto o PT. Os partidos que vêm na sequência comporão a base aliada de Bolsonaro.

EDUCAÇÃO

Pedro
Haddad tem uma visão mais completa das necessidades complexas que a sociedade tem. O principal nessa linha é a formação de professores. O Brasil tem carência de formação de professores. Haddad pretende fortalecer o programa de bolsas de iniciação à docência, que faz com que alunos de universidade pública estejam presentes em escolas públicas e se comprometam a participar. Haddad fala da expansão só sistema S, do ensino técnico, profissionalizante, pensa em camadas muito diversas do ensino que precisam de apoio nesse momento.

Philippe
Os programas do Bolsonaro sobre educação são no mínimo erráticos. Ele fala também de remoção da ideologia de gênero, que é extremamente aleatório, algo que não se verifica. Ele fala sobre ensino a distância desde o ensino básico, uma péssima ideia para nossas crianças que precisam aprender a conviver em harmonia. E fala de retomar a disciplina de moral e cívica do período da ditadura militar. Então a educação no período Bolsonaro vai ser um passo atrás no ponto de vista de inclusão de minorias, do discurso da diversidade, e do ensino a distância?

Caio
As pessoas pegam uma fala e simplesmente generalizam. O Bolsonaro estabelece como uma possibilidade esse ensino a distância para aquelas pessoas que têm dificuldade de locomoção até as escolas. Como nos casos, por exemplo, no interior do Acre, que as crianças levam quatro horas para chegar à escola. O interessante é porque ele propõe uma inversão da pirâmide. Em vez de investir mais no ensino superior, ele pretende investir mais na educação básica, que vai permitir um desenvolvimento maior desde a educação básica.

SEGURANÇA

Lucca
No Brasil, são mais de 60 mil homicídios anualmente. O que percebemos nesse tempo de 14 anos do governo do PT é que não foi feito nada para melhorar isso de forma eficiente e não há indícios de conseguir num eventual governo. O que Bolsonaro prega é uma mudança de foco. É claro que é importante o Bolsa-Família, mais educação, mais emprego, mais oportunidade para que o cidadão cometa menos crime. Outras questões estão relacionadas a isso, como a questão das drogas, mas o mais importante nesse momento é olhar para a realidade e pensarmos que esse modelo não tem dado certo, é uma mudança de modelo, é um fortalecimento da Polícia Militar. Isso que tem maior chance de reduzir a criminalidade.

Caio
Ele toca num ponto importante que é o investimento tecnológico para essas polícias. Outra coisa muito interessante é a integração, que hoje não existe, entre as forças federais e estaduais. Ou seja, Marinha, Exército e Aeronáutica, integrada com a Polícia Militar, Civil e Corpo de Bombeiros. Aumenta muito o espectro, debatida novas formas de atuação e vai ampliando a gama de possiilidades em relação à segurança pública.

Philippe
A proposta que Bolsonaro tem é autorizar, ou seja, excluir a responsabilidade do policial militar de matar alguém em serviço. E acho que excluir a responsabilidade de alguém que tira a vida humana é altamente perigoso. A gente sabe como a polícias agem, às vezes para o bem, mas como também erram e matam pessoas por outros interesses. A investigação é sempre importante.

Pedro
A Polícia Federal é mais preparada do que Exército, Marinha e Aeronáutica, que são órgãos reservados para a defesa da nação, que não são preparados para lidar com o ambiente civil. A gente sempre vê excessos quando esses momentos de intervenção, como o que está acontecendo no Rio, com a intervenção militar. A PF tem a capacidade, o equipamento para, se fortificado, conseguir interagir com outras polícias muito mais tranquilamente. As políticas do Bolsonaro aqui são as mais ineficientes. As armas não têm uma relação com a redução de crimes aqui no Brasil. Os crimes passionais no Brasil são muitas vezes homicídios, que vêm de surpresa, simplesmente por raiva do momento. Esse tipo de conduta que Bolsonaro mostra é que o mais deixa escancarado, com todo respeito, a face mais monstruosa da sua campanha e a mais difícil de se engolir num debate democrático e consciente.


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