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Estado de Minas

Podcast conta como nasceu Minas Gerais e quem foi o primeiro governador

Primeiro episódio de Histórias do Poder mostra os motivos que levaram a Coroa portuguesa a separar Minas de São Paulo e nomear, em 1720, dom Lourenço de Almeida


postado em 09/09/2018 07:00 / atualizado em 09/09/2018 16:29

Você saberia dizer sem a ajuda do Google ou de alguma enciclopédia quem foi a primeira pessoa a governar Minas Gerais? Ou quando os mineiros foram às urnas pela primeira vez? O Estado de Minas estreia neste domingo, 9 de setembro, o podcast Histórias do Poder, que contará fatos, curiosidades e bastidores históricos das disputas políticas no estado.


Até o dia da eleição, 7 de outubro, vamos percorrer quase três séculos em que uma centena de homens administraram Minas. Os episódios, com a participação de historiadores e pesquisadores, poderão ser ouvidos semanalmente.

O tema do primeiro episódio é o surgimento da capitania de Minas Gerais e os desafios que dom Lourenço de Almeida (eis nosso primeiro governador!) enfrentou ao longo da década que esteve à frente da administração estadual. Confira os bastidores dessa história nesta conversa com a historiadora Fabiana Léo Pereira Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A partir do século 17, quando os portugueses começaram a explorar o território que mais tarde seria Minas Gerais, a administração local era comandada pela capitania do Rio de Janeiro, onde ficava a sede da Coroa portuguesa na colônia. No início do século 18, em 1710, com a produção de ouro cada vez maior no interior da colônia, é fundada a capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Alguns historiadores consideram os três governadores dessa capitania (Antonio Carvalho, Brás Baltazar e Pedro de Almeida) os primeiros governadores mineiros, mas somente em 1720, quando a Coroa resolveu separar as duas capitanias, Minas passou a ter seu próprio governo.

Documento assinado em 2 de dezembro de 1720 por dom João V, rei de Portugal, que determinou a separação de Minas e São Paulo(foto: Arquivo Público Mineiro/Reprodução)
Documento assinado em 2 de dezembro de 1720 por dom João V, rei de Portugal, que determinou a separação de Minas e São Paulo (foto: Arquivo Público Mineiro/Reprodução)

Foi um documento assinado em 2 de dezembro de 1720 (veja ao lado), por dom João V, o rei de Portugal, que determinou a separação de Minas e São Paulo. “Eu el rei faço saber aos que este meu alvará vieram que tendo em consideração ao que me representou o meu conselho ultramarino (…) ser muito conveniente a meu serviço e bom governo das ditas capitanias de São Paulo e Minas e sua melhor defesa que as de São Paulo se separem das que pertencem as Minas ficando dividido todo aquele distrito”, decretou dom João.

TENSÃO NA COLÔNIA

A decisão do monarca ocorreu após o território passar por uma revolta contra a criação das casas de fundição – locais que a Coroa instalou para impedir que o ouro extraído em Minas não fosse declarado e os impostos pagos a Portugal. Segundo a historiadora Fabiana Léo Pereira Nascimento, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a insatisfação de colonos poderosos com o maior controle gerou um clima de tensão na região, o que deixou o rei preocupado com seu território mais valioso de todo o império.

“Minas tinha acabado de passar por uma série de levantes, um momento delicado que foi a sedição de Vila Rica, também conhecida como Revolta de Felipe dos Santos. Até então, o ouro retirado na região mineradora circulava em forma de pó e o controle da Coroa era mais difícil. A administração colonial determina aos governantes locais a criação das casas de fundição, em que as barras seriam marcadas e retirada uma porcentagem da Coroa, o chamado quinto. A população da região não reage bem a essa tentativa de regulamentação. Vários potentados locais se insurgem contra o governo e Felipe dos Santos é um dos insatisfeitos”, explica Fabiana Léo.

Dom Lourenço de Almeida tinha previsão de comandar a capitania por três anos, mas acabou ficando por 12 (foto: Arquivo Público Mineiro/Reprodução)
Dom Lourenço de Almeida tinha previsão de comandar a capitania por três anos, mas acabou ficando por 12 (foto: Arquivo Público Mineiro/Reprodução)

Para escolher quem governaria um território tão conturbado e ao mesmo tempo tão importante para os interesses econômicos do império português, os conselhos Ultramarino e de Estado levaram em conta a experiência militar dos indicados.

A JOIA DA COROA

“O português dom Lourenço começou sua carreira militar aos 16 para 17 anos, na Índia. Depois governou a capitania de Pernambuco durante a Guerra dos Mascates e conseguiu pacificar o conflito a contento da Coroa. Os conselheiros do rei, que alertavam sobre em Minas ter um povo imoral e desordeiro, avaliaram que era preciso um governador que garantisse a obediência na região mineradora e ao mesmo tempo mantivesse o sossego na capitania para não atrapalhar a exploração. Vale lembrar que era aqui que o império retirava a renda necessária para manter suas administrações em todos os continentes. Minas era a joia da Coroa do ponto de vista financeiro”, explica a historiadora.

Ao desembarcar em Vila do Carmo (hoje Mariana), onde se encontrava a administração da capitania, dom Lourenço herdou como principal problema a insubordinação das populações escravas que não aceitavam o domínio português e de insatisfações de exploradores com a cobrança de impostos. “Uma das decisões mais importantes de dom Lourenço foi transportar a capital de Vila do Carmo para Vila Rica (hoje Ouro Preto)”, lembra Fabiana Léo. A previsão era de que o português ficasse à frente da capitania por três anos, mas ele acabou ficando por 12 anos em Minas e foi considerado exitoso por conseguir pacificar a região mineradora e manter a alta arrecadação para a Coroa.



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