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Estado de Minas

Políticos de menor tradição veem oportunidade de conquistar eleitorado

Políticos de partidos com menor expressão nacional querem aproveitar o desgaste dos medalhões tradicionais para se lançar ao Palácio do Planalto e conquistar a avenida


postado em 31/12/2017 07:30 / atualizado em 31/12/2017 07:34

Assim como a Unidos da Tijuca soube aproveitar o momento para investir na tecnologia e na criatividade para se tornar a grande revelação do carnaval do Rio de Janeiro nos últimos tempos, com três títulos de 2010 para cá, políticos de partidos com menor expressão nacional querem aproveitar o desgaste dos medalhões tradicionais — apresentados na edição de ontem — para se lançar ao Palácio do Planalto e conquistar a avenida. Na ala direita do sambódromo, o principal deles é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O político está na Câmara desde 1991 e acredita que agora é o momento para um esfile mais ousado. Assim como ele, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) também deixa o conforto do quarto mandato consecutivo no Senado para subir no carro alegórico e tentar sacudir a galera. Com um enredo diferente, mais alinhado ao do PT, a deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) pretende conquistar os jovens e as mulheres para se tornar a segunda mulher detentora do estandarte de ouro da história do país. E, já no alvorecer do segundo dia de desfiles, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pode surgir como uma surpresa aos espectadores.

 

 

 

Jair Bolsonaro

» Agremiação: PSC
» Conjunto: 75.413 filiados (0,45% do eleitorado)
» Alegorias: 3 deputados federais, 14 estaduais, 51 prefeitos
» Evolução: deputado federal desde 1991 e vereador
» Enredo: discurso radical à direita com foco em segurança.
» Mestre-sala: Flávio e Eduardo Bolsonaro.
» Comissão de frente: os deputados delegado Waldir (PR-GO), delegado Éder Mauro (PSD-PA), delegado Fernando Francischini (SD-PR) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Folia com disciplina
Com o rigor da disciplina militar, o deputado Jair Bolsonaro pretende entrar na avenida no melhor estilo abre-alas. A missão: conquistar o estandarte de ouro a partir de 2019. O enredo será focado em segurança pública, família e soberania. Vindo de uma candidatura que parecia brincadeira das redes sociais, o parlamentar despontou nas pesquisas e se consolidou para chegar a um eventual segundo turno. A onda de apoio se refletiu no Parlamento. Se, no começo de 2017, na eleição para a presidência da Câmara, Bolsonaro teve tímidos quatro votos, na última semana de trabalho já contava com uma dúzia de discursos efusivos na tribuna, especialmente, dos deputados da bancada da bala. Um dos primeiros problemas para o candidato é definir a agremiação pela qual entrará no sambódromo. De público, Bolsonaro pode até parecer um democrata. Mas, nos bastidores, ele tem se mostrado disposto a ingressar num partido onde possa mandar. Por enquanto, o compromisso é com o Patriotas, mas só irá se a legenda cumprir exigências, entre elas, o controle de diretórios estaduais e da executiva nacional. Aliados torcem para que o ex-presidente Lula brigue até o fim da candidatura porque acreditam que “a insistência do Lula vai eleger o Bolsonaro”.

 


Rodrigo Maia

» Agremiação: DEM
» Conjunto: 1.095.371 de filiados (6,55% do eleitorado)
» Alegorias: 4 senadores, 30 deputados federais, 48 deputados estaduais, 267 prefeitos
» Evolução: deputado federal (1999 à atualidade)
» Enredo: discurso mais centro-direita, pró-reformas e privatizações para uma economia mais liberal
» Mestre-sala: César Maia (RJ) e José Agripino Maia (RN)
» Comissão de frente: Efraim Filho (PB), Ronaldo Caiado (GO), ACM Neto (BA), Mendonça Filho (PE)

Esquentando os tamborins
Ainda sem saber se haverá espaço no sambódromo eleitoral, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ainda está no ritmo de “deixa as águas rolar”. Ele é hoje uma espécie de regra três para a Presidência dentro da base do governo. Apesar do entusiasmo de correligionários, como o presidente do partido, senador José Agripino Maia, e o líder da bancada na Câmara, deputado Efraim Filho, a tendência, segundo especialistas, é de que o DEM saia como uma das alas do PSDB ou até mesmo de um candidato que venha carregar a bandeira do presidente Michel Temer. Assim como no caso do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), uma candidatura do DEM só será viável hoje se obtiver o apoio do PMDB. Maia até aqui jogou lado a lado com o presidente Temer. O pequeno distanciamento ocorrido quando da votação das denúncias do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot o aproximou de Meirelles, outro presidenciável. Agora, porém, o enredo de Meirelles/Rodrigo já foi alterado no ensaio da reforma da Previdência, no início de dezembro.

 

 

Manuela D’Ávila

» Agremiação: PCdoB
» Conjunto: 394.900 de filiados – 2,363% do eleitorado brasileiro
» Alegorias: 1 senador, 12 deputados federais
» Evolução: atual deputada estadual; deputada federal e vereadora.
» Enredo: discurso mais à esquerda. Foco nas mulheres e na juventude.
» Mestre-sala: as deputadas Jandira Feghali (RJ) e Alice Portugal (BA)
» Comissão de frente: Vanessa Grazziotin (AM), Nádia Campeão (SP)

Samba separado

No carnaval eleitoral de 2018, o PCdoB lançou candidatura própria e não estará no desfile como uma das alas do PT. A agremiação decidiu lançar candidato porque não quer fechar com o PT sem a segurança da candidatura de Lula e o julgamento de 24 de janeiro, em que o TRF-4 definirá sobre a condenação do petista em segunda instância, será essencial para traçar o destino. Se Lula sair na avenida, a sigla se cacifa para estar ao seu lado no carro alegórico no posto de vice. Se não, a legenda desfila sozinha pelo sambódromo. A separação vem causando problemas internos na legenda que, em muitos lugares, tinha o casamento enraizado. O Maranhão é o um deles. O governador Flávio Dino, fiel aliado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelou logo depois do Natal que vai de Lula no ano que vem. Diz isso agora que sabe que precisa do PT para ampliar o tempo de tevê numa candidatura à reeleição. O nome escolhido pela legenda é o da deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila. Duas vezes deputada federal, a jovem, vinda do movimento estudantil, voltou ao estado em 2015 para poder conciliar a carreira política com a maternidade. Chamou a atenção de todo o país ao amamentar a filha durante as sessões na Assembleia Legislativa e, justamente com este tipo de bandeira, pretende ser a grande campeã do desfile rumo ao Planalto. “Me elegi sem parentes importantes, sem sobrenome famoso, num partido pequeno, com origem no movimento social e eu dialogo com a renovação”, afirmou. A candidata conta com os jovens e as mulheres como principais cabos eleitorais. Em relação ao PT, ela vê como legítima a candidatura de Lula e diz está tudo em paz.

 


Alvaro Dias

» Agremiação: Podemos (Antigo PTN)
» Conjunto: 162.165 de filiados – 0,971% do eleitorado brasileiro
» Alegorias: 3 senadores, 17 deputados federais, 16 estaduais, 30 prefeitos
» Evolução: senador (1983-1987 de 1999 à atualidade); governador do Paraná (1987-1991); deputado federal (1975-1983) e estadual (1971-1975)
» Enredo: combate à corrupção, aos privilégios e ruptura com o atual sistema político
» Mestre-sala: senadores Romário (RJ) e José Medeiros (MT)
» Comissão de frente: Renata Abreu (SP)

Clima de renovação
Apesar de carregar o peso da tradição, assim como a Estácio de Sá — medalha de ouro no quesito no carnaval do Rio —, o senador Alvaro Dias (Pode-PR) pretende entrar no sambódromo com o discurso da novidade. Para ele, o novo que a população busca não é a ausência de rugas no rosto, é a inovação na forma de fazer política. “A população não está se valendo de rótulos. Ela não compactua com essa dicotomia de nós contra eles e eles contra nós. Se querem nova política, melhor que ela chegue por meio de alguém que a defenda há muito tempo. Eu sempre fui o contestador do sistema”, afirmou. Um dos principais focos do candidato será brigar contra a velha prática do “me dá um dinheiro aí”. E, como proposta inicial, pretende sugerir a privatização de parte das estatais e uma grande redução na máquina, com cortes no Executivo, Legislativo, no número de partidos. “Isso passa por uma redução de senadores, de três para dois por estado, e de deputados, de 20%. E a consequência também será a redução proporcional nas assembleias estaduais e nas câmaras de vereadores. Haverá uma monumental economia”, projeta Dias. Na visão do especialista em marketing eleitoral Marcelo Vitorino, o candidato tem, de fato, potencial para representar o novo que a população quer, sem ser o aventureiro sem experiência. Entretanto, como se trata de uma eleição majoritária, Dias teria perdido a janela de oportunidade para se aliar a partidos pequenos e médios. “Ele se isolou e vai ficar sem tempo de televisão e rádio. Não vai ter deputados para puxar votos. É muito difícil pensar em uma campanha assim”, comenta.


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