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Estado de Minas

Reforma da Previdência: Planalto avança sobre indecisos para ganhar folego

Hoje, Planalto tem apenas 270 parlamentares a favor da reforma da Previdência; enquanto votação não entra para a pauta, governo tenta, para além dos números, identificar quem de fato está alinhado


postado em 12/12/2017 07:30 / atualizado em 12/12/2017 07:39

Na próxima quinta-feira, Rodrigo Maia pretende fazer a leitura do projeto da reforma da Previdência no plenário da Câmara: será o primeiro grande teste da base(foto: Marivalado Oliveira/Estadão Conteúdo)
Na próxima quinta-feira, Rodrigo Maia pretende fazer a leitura do projeto da reforma da Previdência no plenário da Câmara: será o primeiro grande teste da base (foto: Marivalado Oliveira/Estadão Conteúdo)

Para conseguir colocar a reforma da Previdência em votação na Câmara dos Deputados na próxima terça-feira, como pretende, o governo precisará conquistar uma média de cinco votos por dia até lá. Essa é a contagem no cenário otimista caso a proposta tenha hoje, de fato, o apoio de 270 deputados, número que ainda tem sido apurado detalhadamente pelos principais articuladores governistas.

A julgar pela lentidão dos avanços observados até agora, com o placar estagnado há semanas, conseguir entre 40 e 50 votos em uma semana é um grande desafio, mesmo com 100 deputados ainda indecisos. O fôlego dos parlamentares para defender a proposta será medido na quinta-feira, quando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pretende fazer a leitura do texto no plenário.

Antes de arriscar a votação, o presidente Michel Temer procura saber não apenas número de votos, mas também quais deputados estão, de fato, alinhados com os interesses do governo. Ele reunirá os líderes para “fazer a contabilidade de um a um e ver onde é que estão os maiores problemas e qual é a distância para os 308 votos”, explicou ontem Rodrigo Maia. Embora o objetivo seja conseguir colocar a matéria em pauta na semana que vem, antes do recesso parlamentar, que começa em 22 de dezembro, Maia afirmou que “de forma nenhuma podemos pautá-la sem uma garantia muito clara de que ela será aprovada”. Por isso, segundo ele, será necessário “trabalhar o dobro para gerar as condições”.

A aposta no fechamento de questão, embora seja uma alternativa lógica a essa altura do campeonato, não é suficiente e não tem o gás necessário para garantir a aprovação. Até agora, três partidos tomaram posição a favor da reforma: PPS, PTB e PMDB. O governo esperava que a decisão dos peemedebistas inspirasse outras legendas. “Falei com o presidente do PP, presidente do PSD, agora falei com o presidente do PRB, e estão todos entusiasmados para um eventual fechamento da questão”, disse Temer domingo, em entrevista em Buenos Aires, na Argentina.

Negociações


Mas, por enquanto, o mais próximo de seguir o exemplo e também fechar questão é o PP, que tem 37 deputados, mas ainda não se decidiu. O líder do PRB, Eduardo Lopes (RJ), já afirmou que não fechará questão e acredita que hoje conseguiria garantir votos de cerca de 13 dos 22 deputados da legenda. Por parte do PR, o governo só pode contar, até o momento, com o apoio de 10 dos 52, de acordo com uma fonte a par das negociações. Há uma forte cobrança de Temer aos ministros para forçar o fechamento de questão. Em especial a Gilberto Kassab, auxiliar responsável pela pasta da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que é filiado ao PSD. “Há indicativos pelos números apresentados que o apoio do partido ainda não é o ideal”, disse um interlocutor do governo. O número de votos favoráveis está em torno de 22 dos 37 deputados, de acordo com levantamento de integrantes do partido.

Quanto ao DEM, de Rodrigo Maia, e ao PSDB, o governo espera garantir “coerência” das duas siglas. Após a eleição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defensor da reforma, para a presidência do PSDB, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos vice-líderes do governo na Câmara, afirmou que ficará surpreso se o partido não for no mesmo caminho que o candidato deles à Presidência da República. De acordo com levantamentos preliminares, entretanto, o governo pode contar com apenas 22 votos dos 46 deputados tucanos atualmente. Já no DEM, segundo Maia, pode ser possível conseguir até 25 dos 28 votos mesmo sem fechar questão, só “no convencimento”.

Estratégias


De acordo com o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo na Câmara, além do convencimento, entra agora a “solução de problemas”. O governo ainda tenta apoio por meio da liberação de emendas parlamentares. Ontem, Temer convocou os ministros do Planejamento, Dyogo Oliveira; das Cidades, Alexandre Baldy; da Integração, Helder Barbalho; o secretário executivo do Ministério da Saúde, Antônio Nardi; e o subsecretário de Planejamento e Orçamento da Saúde, Arionaldo Rosendo, para cobrar a liberação de recursos já negociados. “Várias emendas empenhadas ainda estão em ritmo lento. O presidente cobrou maior celeridade nessas liberações”, afirmou o interlocutor.

O governo também aposta boa parte das fichas no “efeito manada”. “É bem possível que, se um votar a favor, puxe o voto de outros”, disse uma fonte do Executivo. “O placar esconde muito o jogo. Tem mais de 100 deputados que não declararam o voto ainda e podem ser a favor, mas estão esperando os outros se posicionarem para não precisarem se expor”, explica o cientista político e consultor da Arko Advice, Murillo Aragão. “Se chegar a 290 ou 300 votos, vem mais gente”, acredita. Para ele, votar na semana que vem é “difícil, mas não impossível”. “Não existe esperança de conclusão da votação na Câmara este ano, mas pode iniciar”, disse. Há a possibilidade de que se vote apenas o texto-base em dezembro e os destaques fiquem para 2018. (Colaborou Denise Rothenburg)


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