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Estado de Minas

Parlamentares investigados na Lava-Jato tentam manter benefício do foro privilegiado

Para isso se candidatem a cargos inferiores nas eleições do ano que vem


postado em 12/11/2017 06:00 / atualizado em 12/11/2017 07:27

Ligado pela PF aos R$ 51 milhões achados em um apartamento, Lúcio Vieira Lima pode trocar Brasília por Salvador (foto: Gilmar Félix/Câmara dos Deputados - 20/3/17)
Ligado pela PF aos R$ 51 milhões achados em um apartamento, Lúcio Vieira Lima pode trocar Brasília por Salvador (foto: Gilmar Félix/Câmara dos Deputados - 20/3/17)

Brasília – A menos de um ano das eleições e diante de um cenário em que pesquisas de intenção de votos demonstram desejo de renovação por grande parte da população, políticos com mandato investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) começam a fazer as contas para manter o foro privilegiado e fugir do julgamento em primeira instância, nem que para isso tenham de disputar cargos considerados inferiores.

Os preocupados com a matemática das urnas estão em todas as instâncias. O STF tem atualmente cerca de 500 processos abertos contra parlamentares, dos quais mais de 270 inquéritos tiveram origem nas investigações da Operação Lava-Jato. Apesar de negarem inquietação, integrantes do alto escalão do Palácio do Planalto estão na lista dos interessados em se manter com foro, que inclui oito ministros do presidente Michel Temer. O prazo final para os registros de candidaturas é 15 de agosto do próximo ano, mas há casos, como de políticos governistas e da oposição, que pretendem deixar o Senado em busca da Câmara para não correr o risco de perder o foro privilegiado.

Um dos atingidos pelas investigações contra o PMDB, Lúcio Vieira Lima considera abrir mão do cargo de deputado federal e disputar uma vaga na Assembleia Legislativa da Bahia. Irmão de Geddel, o peemedebista é investigado no caso dos R$ 51 milhões encontrados em um apartamento de Salvador. “O Lúcio vai tentar qualquer coisa que lhe garanta o foro. Ele pensa mesmo na reeleição, mas, diante da dificuldade, já considera virar deputado estadual. Assim, ficaria mais longe dos holofotes do Congresso”, comenta um correligionário. Vieira Lima não foi encontrado pela reportagem. Já assessores de Temer afirmam que ele não teme a primeira instância “por ser inocente” e não cogita disputar cargos eletivos.

EXTINÇÃO No Senado, há um grupo de parlamentares que teme o fracasso nas urnas e deve concorrer a uma vaga na Câmara. Com medo de repetir a história do ex-senador Gim Argello (DF) – que tentou em 2014 se reeleger, perdeu e foi direto para a cadeia – preferem encarar uma disputa mais fácil que a de um cargo majoritário.

Preso desde abril de 2016 no Paraná, Argello havia sido condenado a 19 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas teve sua pena reduzida em segunda instância para 11 anos e 8 meses. O político foi denunciado por exigir propina de dirigentes de empreiteiras para não convocá-los a prestar depoimento nas comissões parlamentares de inquérito que investigaram ilícitos na Petrobras em 2014.

Na opinião do presidente da Associação Internacional para a Administração da Justiça (Iaca), o ex-desembargador Vladimir Passos de Freitas, nada disso estaria em jogo se o Congresso já tivesse extinto o foro privilegiado. “Já passou da hora de isso acabar, só que a decisão cabe a eles. Ou seja, não vai mudar. Os investigados vão tentar conseguir qualquer cargo com medo de cair na primeira instância. É uma tristeza, mas, infelizmente, um processo natural no nosso país”, comenta.

Depois de aprovada no Senado, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com o foro permanece parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara – o presidente do colegiado, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), afirma que ela entrará em debate na próxima semana.

INABALÁVEIS
Apesar de uma parte do Congresso estar preocupada em se reeleger para manter o privilégio do foro, grandes caciques não se abalam pelas denúncias. Com 11 inquéritos abertos no STF, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) conquista cada vez mais fãs nas redes sociais e aparece bem cotado em pesquisas. Ao lado do filho, Renan Filho, governador de Alagoas, tem rodado o estado em clima de campanha e parece ter a reeleição garantida. Enquanto era da base do presidente Michel Temer no Congresso, Renan temia a rejeição, mas, depois que se tornou oposição, tem feito sucesso com vídeos e discursos críticos.

Mas não é a oposição ao presidente que tem determinado o sucesso de uns e o fracasso de outros. Apesar de muitos parlamentares estarem dispensando o apoio de Temer com medo de a impopularidade pegar, na prática, há nomes que se sustentam independentemente de posicionamentos. Um deles é o do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado e fiel aliado do presidente. Com oito inquéritos no STF, Jucá domina o eleitorado em Roraima e a possibilidade de não se reeleger é praticamente nula.

O especialista em marketing eleitoral Marcelo Vitorino comenta que em certos colégios eleitorais o domínio desses caciques é muito forte porque eles são de famílias tradicionais que detêm grandes empresas e meios de comunicações há décadas. Entretanto, fora casos específicos, a tendência para 2018, segundo ele, é de renovação. “Claro que há lugares em que os caciques são muito fortes e isso não cairá, mas o momento é, sim, propício para a novidade”, aposta.

 

 


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