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Estado de Minas

"Cunha era banco de corrupção" afirma Funaro em delação premiada

Operador financeiro diz que políticos pediam dinheiro ao ex-presidente da câmara para se elegerem, assim Cunha mandava no mandato do eleito


postado em 14/10/2017 00:12 / atualizado em 14/10/2017 09:27

De acordo com o operador financeiro Lucio Funaro, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) era uma fonte de corrupção(foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)
De acordo com o operador financeiro Lucio Funaro, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) era uma fonte de corrupção (foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)
Brasília – O operador financeiro Lucio Funaro afirmou, em seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Fedral, que o papel do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) era uma fonte de corrupção. “Eduardo funcionava como se fosse um banco de corrupção de políticos, ou seja, todo mundo que precisava de recursos pedia para ele, e ele cedia. Em troca mandava no mandato do cara”, afirmou. “Não precisava nem ir atrás de ninguém, fazia fila de gente atrás dele.”

O acordo de colaboração foi homologado pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Funaro cita o presidente Michel Temer como beneficiário de repasses de Cunha. Disse também que Temer atuou em defesa de empresas portuárias durante a tramitação da Medida Provisória dos Portos, em 2013. O Planalto nega as acusações.

A gravação em vídeo do depoimento prestado por Funaro à Procuradoria-Geral da República, em 23 de agosto, foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo. Ao descrever o modus operandi do repasse de propinas na Caixa Econômica Federal, Funaro contou que entre 60% e 65% do valor de cada operação ficava com Geddel Vieira Lima, depois de assumir a vice-presidência de Pessoa Jurídica do banco, em 2011. Ele deixou o cargo em 2013, mas manteve ascendência na Caixa, segundo o operador.

“O resto (40% a 35%) eu e o Cunha meiávamos no meio ou eu dava 5% a mais para o Cunha e o resto para mim, dependia da operação e da necessidade de caixa que ele tinha”, afirmou Funaro. O operador classificou sua relação com o ex-presidente da Câmara “muito boa”, porque não se importava em destinar um valor maior a Cunha do que a ele próprio, se fosse para contemplar o “projeto político dele”. “Falava ‘tá bom’ porque apostava que ele realmente ia chegar onde chegou, que foi chegar a ser a pessoa que teve mais importância e poder no Brasil. Foi um período curto de tempo, mas ele chegou.”

Lucio Funaro revelou que teve “uma briga imensa” em 2012 com o empresário Marcos Molina, da Marfrig, para que ele liberasse propina de R$ 9 milhões negociada em troca de financiamento de R$ 350 milhões da Caixa em 2012. Molina tinha “sumido, parou de atender o telefone” e o operador o chamou então para conversar no escritório. Disse que não conseguia “fazer dinheiro” e o operador protestou veementemente. “No dia seguinte, começou a vir o dinheiro”, afirmou.

Funaro disse ainda que evitava deixar montantes de dinheiro em espécie no escritório. “Se eu não tivesse o que fazer com o dinheiro, não deixava dormir dinheiro dentro do escritório, porque tinha medo de ter operação da Polícia Federal.”

A Marfrig alega que “se trata de uma questão antiga, já investigada e esclarecida pela empresa às autoridades”. “O empréstimo tomado pela Marfrig, em 2012, foi feito sob condições e taxas de mercado.

Os valores foram integralmente quitados pela empresa. Os únicos honorários pagos pela Marfrig à Vizcaya Holding ou qualquer outra empresa relacionada ao investigado totalizaram R$ 617 mil– valor atestado pela área de compliance da companhia, pela auditoria independente KPMG e informado as autoridades competentes.”


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