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Estado de Minas

Jereissatti defende propaganda do PSDB e animos se acirram entre tucanos

Programa na TV amplia divisão interna no PSDB. Tasso Jereissati rebate ministros tucanos e diz que não se arrepende de críticas ao governo, enquanto senador do partido defende cúpula


postado em 19/08/2017 06:00 / atualizado em 19/08/2017 08:05

O PSDB vai demorar a fechar a cicatriz aberta pela propaganda partidária veiculada na noite de quinta-feira.

A divisão entre o grupo liderado pelo presidente do partido, senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), e os integrantes da ala que defendem a permanência no governo se acentuou na sexta-feira (18), um dia após a veiculação da peça política.

O presidente Michel Temer recebeu os ministros tucanos Aloysio Nunes Ferreira e Antonio Imbassahy para um almoço no Planalto. Os dois ministros criticaram publicamente o programa, dizendo que ele não os representava. Em Fortaleza, Tasso, durante evento ao lado do prefeito de São Paulo, João Doria, deixou clara sua posição.

“Não me arrependo de nada e assumo total responsabilidade pelo programa. Enquanto eu for presidente do PSDB, a orientação será a minha”, resumiu o senador tucano.


A crise, portanto, está aberta. “Temo que esse processo leve a uma cisão interna ainda maior. Qualquer posição que prevaleça, ao término desse episódio, vai provocar insatisfação interna no outro grupo, o que poderá levar até a uma debandada da legenda”, lamenta um cabeça preta tucano.

“Isso só nos afasta dos planos de voltar ao Planalto no ano que vem”, prosseguiu ele. Para um tucano alinhado ao Planalto, é cedo para avaliar quem ganha mais com a crise do PSDB: se a direita emergente, centrada no DEM, ou PT, eterno rival dos tucanos nas corridas presidenciais.

A aliados próximos, Aécio tem reclamado sobre o que considera deslealdade de Tasso. Quando foi alvejado pela Lava-Jato, Aécio abriu mão da presidência do partido e deixou Tasso como presidente interino. Após a crise abrandar, tentou voltar ao comando partidário, mas alega que o senador cearense lhe fechou as portas. Mas a tendência é que Tasso permaneça no posto até dezembro, quando uma convenção escolherá o novo presidente do PSDB.

Temer não ficou nem um pouco satisfeito com a propaganda tucana. A peça publicitária critica o apoio ao governo, compra briga com senadores e deputados ao indicar que a adesão é fisiológica e retoma o debate em torno do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, assunto que o peemedebista queria ver sepultado. “Eles (o grupo ligado ao senador Tasso) acreditam ter agido certo ao dizer que a legenda errou. Me diga, qual eleitor vai virar o voto por causa de uma autocrítica partidária?”, questiona um tucano aecista.

Vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PB) discorda, afirmando que “o fato de a propaganda ter virado assunto mostra que a linha adotada está correta”. E rebateu as críticas feitas ao centralismo de Tasso na escolha do discurso político e das críticas ao governo.

“A expressão ‘cooptação’ foi uma sugestão do próprio FHC. Ia ser coalizão e ele sugeriu cooptação”, afirmou o senador. Para o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), o partido poderia ter optado por outro caminho. “Ao falar do impeachment, por exemplo, poderíamos ter destacado que, sem o empenho das lideranças do PSDB, não teríamos concluído o ciclo do PT no poder”, lembrou Bauer.

DISTANCIAMENTO

Um parlamentar tucano critica o fato de o petista Lindberg Farias (RJ) ter virado garoto propaganda, aparecendo em diversas imagens ao longo da peça publicitária. “Imagina o cenário. Agora, toda vez que um de nós for à tribuna fazer qualquer crítica, os petistas vão indagar: não foram vocês que disseram que o PSDB errou? Vocês não assumiram que esse governo é fisiológico?”, diz o político.

A divisão reforça, em grau máximo, o distanciamento entre Tasso e Aécio. E o Planalto estimula essa cizânia. Temer e o núcleo palaciano adoraram a escolha do mineiro Paulo Abi-Ackel para relatar a denúncia por corrupção passiva contra o presidente.

Peemedebistas enfurecidos

Depois do programa de quinta-feira, lideranças do PMDB e do Centrão, grupo do qual fazem parte PP, PSD, PR e PRB, subiram o tom e passaram a cobrar publicamente que o PSDB entregue os quatro ministérios no governo: Cidades, Secretaria de Governo, Relações Exteriores e Direitos Humanos.

 “Se eles estão achando que o governo é tão ruim, peçam para sair, senão vira aquela história do discurso apenas”, afirmou o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), um dos vice-líderes do PMDB na Câmara. Para o parlamentar baiano, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), deveria, no mínimo, emitir nota dizendo que os quatro ministros do partido não representam a sigla e que, a partir daquele momento, serão da cota pessoal do presidente.

O deputado João Arruda (PMDB-PR) também cobrou do presidente Michel Temer “punição” ao PSDB. Para o peemedebista paranaense, é uma “falta de coerência absurda” de Temer concordar com a punição aos seis deputados do PMDB que votaram a favor da denúncia por corrupção passiva contra ele na Câmara e não punir os tucanos, que o criticam. “Não tem sentido agir com rigor em relação aos colegas e passar a mão na cabeça de quem ocupa espaço enorme e ainda critica o modelo de gestão”, disse.

Enquanto isso...

...Doria chama Lula de ‘covarde’ e ‘corrupto’


O prefeito João Doria xingou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “sem-vergonha”, “corrupto”, “covarde” e “preguiçoso”, ontem, durante almoço com empresários em Fortaleza. “Eu não queria. Tinha prometido a mim mesmo que não faria, mas vou mandar um recadinho para o ex-presidente Lula: você, além de sem-vergonha, preguiçoso, corrupto e covarde, declarou que o João Doria não deveria viajar, mas administrar a cidade de São Paulo. Lula, além de tudo talvez você não saiba ler. Você é inexpressivo. Na primeira avaliação (da gestão) eu fechei com 70% de aprovação, enquanto o seu prefeito Fernando Haddad fechou com 15%”, disse o tucano em tom exaltado. Após a fala de Doria, que usava um bottom com bandeira do Brasil, o tema da vitória de Ayrton Senna começou a tocar nas caixas de som. O prefeito encerrou o discurso com uma variação do seu slogan das eleições de 2016: Acelera, Brasil. Lula não comentou as ofensas.

 

 


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