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Estado de Minas

Saiba como foram os bastidores do julgamento da chapa Dilma-Temer

Para além do plenário, refúgio dos ministros, fatos inusitados e forte aparato de segurança marcaram quatro dias de sessões no tribunal superior eleitoral


postado em 11/06/2017 06:00 / atualizado em 11/06/2017 09:53

Julgamento que absolveu a chapa Dilma-Temer de abuso de poder político e econômico durou 25 horas na semana passada(foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE)
Julgamento que absolveu a chapa Dilma-Temer de abuso de poder político e econômico durou 25 horas na semana passada (foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE)
Brasília - As 25 horas do julgamento mais importante da história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — que absolveu o presidente Michel Temer e a ex-presidente Dilma Rousseff dos crimes de abusos de poder político e econômico durante as eleições — foram intensas, como se viu nos jornais, sites e televisão. Mas, para além do plenário, fatos, no mínimo inusitados, marcaram os quatro dias das sessões. Nos bastidores, um exército de servidores e policiais foi mobilizado para garantir os trabalhos.


Antes de os debates serem travados no plenário, a principal preocupação dos ministros era que eventuais manifestações do lado de fora do complexo pudessem atrapalhar o andamento das sessões. Para evitar transtornos, quatro mil policiais militares e seguranças foram escalados para proteger o prédio. Fortemente armados e equipados com armaduras para combates corpo a corpo, os responsáveis por garantir a tranquilidade no local cercaram o TSE. Quatro centrais de comando móvel, montadas em ônibus da Polícia Militar, foram usadas para coordenar as atividades. Cachorros treinados farejaram cadeiras.

O gigantesco aparato de segurança foi necessário apenas para acalmar um único manifestante que se amarrou a uma placa de identificação na entrada na Corte. O rapaz tinha um adesivo colado no peito que pedia eleições diretas. Após uma hora de diálogo com os policiais, ele se desamarrou e foi embora a pé. No dia mais movimento, algumas pessoas vestidas com roupas verdes e amarelas amarraram algumas faixas no espaço reservado para manifestações.

Sem tumulto nos arredores do TSE durante os quatro dias dp julgamento, os momentos mais agitados ocorreram no primeiro subsolo. O espaço abriga os três plenários onde são decididos os milhares de processos eleitorais que tramitam na Justiça, três copas, o Museu do Voto e a galeria de ex-presidentes. Em um dos plenários, os jornalistas de veículos nacionais e estrangeiros acompanhavam atentos as manifestações dos ministros por meio de um telão montado especialmente para a ocasião.

Quatro servidores do setor de tecnologia da corte eleitoral foram destacados para liberar senhas de acesso à internet. Além deles, 25 prestadores de serviços terceirizados de limpeza e copa se reservaram diariamente para atender as necessidades de quem estava no local. Os visitantes nada habituais consumiram 30 garrafões de 20 litros de água, 80 quilos de pó de café e outros 80 quilos de açúcar. Além disso, sanduíches e salgados eram servidos aos ministros no espaço exclusivo para os magistrados, localizado atrás da bancada onde se sentam os setes juízes.

Detector de metais


Quem ingressava no tribunal passava por uma revista por meio de um detector de metais e uma esteira com raio-X para inspecionar bolsas e mochilas. Uma segunda revista era feita antes do ingresso no plenário principal. Somente homens trajados de terno e gravata e mulheres com roupas sociais podiam acompanhar a sessão das poltronas vermelhas destinadas a advogados e visitantes. No primeiro dia, apenas 20 jornalistas puderam assistir aos debates em uma área montada atrás das cadeiras. Nas três sessões seguintes, todos os profissionais de imprensa credenciados foram autorizados a entrar no plenário. Entretanto, o vaivém de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos era grande, já que o prédio, inaugurado em dezembro de 2011 e projetado por Oscar Niemeyer, não possui tomadas entre as poltronas.

Além da confusão protagonizada pelo filho do ministro Napoleão Nunes, que foi barrado na entrada do plenário por estar vestido inadequadamente, um único protesto velado ocorreu durante o último dia de sessão. Uma mulher não identificada que se sentou na parte mais alta do plenário levantou um cartaz com a frase “É ditadura”. Acionados, dois seguranças da corte sentaram ao lado dela e explicaram que manifestações eram proibidas no local. Após um longo diálogo, ela deixou o plenário irritada.

Além dos jornalistas, caravanas de estudantes de direito passaram pelo plenário durante os quatro dias de sessão. Inquietos, os jovens aproveitaram para tiras fotos dentro do plenário, na galeria de ex-presidentes e tietaram alguns repórteres de televisão. Os mais assíduos, entretanto, eram os juristas especialistas em direito eleitoral. Uma delas, que preferiu não se identificar, afirmou que é essencial para quem atua na área acompanhar os julgamentos, já que as decisões do TSE são usadas frequentemente como base para as defesas dos clientes. “A atualização de jurisprudência é constante, e por isso temos que estar aqui”, disse ela que acompanhou todas os dias.

OBSERVADOR Depois de dar o quarto e polêmico voto que absolveu a chapa Dilma-Temer no TSE, o ministro Gilmar Mendes voltou a se manifestar numa rede social. Ele disse que acompanhou as discussões, muitas delas criticando seu voto, mas achou melhor apenas atuar como observador. “Volto ao Twitter depois de uma semana intensa, quando os olhos de toda a sociedade se voltaram ao TSE. Acompanhei as discussões que aqui aconteceram, mas achei por bem ser apenas observador”, resumiu, sem dar mais detalhes.


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