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Estado de Minas

Ex-ministro assume pasta da Cultura em BH

Prefeito Alexandre Kalil anuncia Juca Ferreira, que foi titular da pasta nos governos Lula e Dilma, para assumir a secretaria que será recriada com a reforma administrativa


postado em 06/06/2017 06:00 / atualizado em 06/06/2017 09:24

O prefeito Alexandre Kalil (PHS) anunciou ontem o sociólogo e ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, à frente da gestão cultural de Belo Horizonte, em substituição a Leônidas Oliveira, que deixou a Fundação Municipal de Cultura há dois meses. Ao trazer um nome de expressão nacional, que transita bem em todos os segmentos da cultura – de artistas eruditos a artistas independentes da cultura viva –, Kalil reforça a concepção do governo multipartidário, que dialoga com todos os pensamentos ideológicos – da esquerda à direita. O primeiro escalão de seu governo é formado no âmbito econômico e do planejamento por pessoas ligadas ao PSDB, na área social por pessoas ligadas ao PT, além de incluir nomes próximos ao ex-prefeito Marcio Lacerda e técnicos.

O anúncio da nomeação de Juca foi feito na tarde de ontem pelo Twitter. “Juca Ferreira assume a cultura em BH”, postou o prefeito na rede social. Com a escolha, Kalil também firma um contraponto ao prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que mantém a retórica agressiva da polarização política com o PT e adota políticas de confronto aberto com segmentos da sociedade. Enquanto Doria procura se viabilizar como a expressão do antipetismo no país, Kalil adota a perspectiva pós-PT e pós-PSDB, apostando na exaustão dessa polarização. Além de ex-ministro da Cultura de Lula e de Dilma, Juca Ferreira foi secretário de Cultura no governo de Fernando Haddad (PT), antecessor de Doria.

“Entendo que o poder público não faz cultura. Nosso papel é dar as melhores condições, sob todos os aspectos, para que a cultura se desenvolva, os artistas produzam e as manifestações culturais tenham suporte na secretaria. Esse conjunto complexo é fascinante e a possibilidade de contribuir é mais fascinante ainda”, disse Juca, que assumirá no dia 19 a Fundação Municipal da Cultura até que a Secretaria Municipal de Cultura seja recriada. A fundação concentra as decisões relativas ao setor. No arcabouço da reforma, ela permaneceria como unidade de captação e execução de projetos culturais ligados ao município.

A bancada à esquerda na Câmara Municipal – dos vereadores Cida Falabella (PSOL), Áurea Carolina (PSOL), Arnaldo Godói (PT), Pedro Patrus (PT) e Gilson Reis (PCdoB) – que negociou com a prefeitura a criação da Secretaria Municipal de Cultura, dentro do projeto da reforma administrativa, aprovou a escolha. “É o perfil que defendíamos para a área: uma pessoa que compreende a dimensão mais profunda da cultura e tenha compromisso com o potencial transformador da cultura”, afirmou Cida Falabella.

BAIXO ORÇAMENTO Com a nomeação de Juca Ferreira, Kalil procura se recuperar do desgaste político sofrido no âmbito da Cultura, inicialmente com a saída de Leônidas Oliveira, com cortes orçamentários que baixaram a rubrica da área e comprometeram a realização de eventos como o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), o Festival de Arte Negra (FAN) e a Virada Cultural, o que mobilizou artistas e outras categorias ligadas aos eventos.

Sociólogo e biólogo, Juca, filiado ao Partido Verde, elogia a postura de Kalil na área cultural. “Dei os parabéns a ele pela coerência. Prometeu a criação da Secretaria de Cultura e cumpriu. Isso é raro nos políticos de hoje, especialmente no contexto de tantos retrocessos que vivemos”, afirmou o baiano. Ressaltou, no entanto, que já deu o seu recado ao prefeito: “Estou por dentro da situação do orçamento da cultura em BH. Já disse ao Kalil que essa preocupação dele com a área tem que vir acompanhada de um reforço orçamentário”.

Admirador do músico mineiro Sérgio Pererê, Juca diz que vai elaborar os planos para a área cultural em parceria com os artistas e os cidadãos de Belo Horizonte. “Vamos observar as demandas e necessidades da comunidade. Meu estilo é o diálogo explícito. Assim pretendo construir políticas públicas densas para BH, que é tão importante no cenário cultural brasileiro”, diz.

ESTUDO NO EXÍLIO Líder estudantil secundarista, Juca Ferreira participou, na juventude, de movimentos baianos de resistência contra o regime militar. Passou nove anos exilado no Chile, Suécia e França. Estudou línguas latinas na Universidade de Estocolmo e ciências sociais na Universidade Paris 1 – Sorbonne.

Antes de assumir o Ministério da Cultura no segundo governo Dilma Roussef, Juca Ferreira havia comandado a pasta de julho de 2008 a dezembro de 2010, no primeiro governo Lula, substituindo Gilberto Gil, de quem foi secretário. Entre 2013 e 2014, Juca Ferreira foi secretário de Cultura da capital paulista na gestão petista de Fernando Haddad. Foi vereador em Salvador, secretário do Meio Ambiente da capital baiana, vice-presidente da Fundação OndAzul e representante da sociedade civil na elaboração da Agenda 21 Nacional.

Repercussão

“No momento em que a cultura está tão largada no país, vejo como uma grande esperança uma pessoa como o Juca Ferreira nesse cargo. O nome dele no cenário nacional pode trazer um olhar do Brasil para Belo Horizonte, mas, além disso, a sua pessoa e sua experiência valem mais”
n Sérgio Pererê, músico

“Não acho nada (risos). Estou tão descrente, cada vez mais apolítica. Talvez seja bom, talvez seja ruim. Ele vai ter bastante trabalho... Acho que pode ser uma pessoa competente, mas preciso vê-lo começar a trabalhar para ter um olhar amplo a respeito, não um olhar partidário”
n Dudude Herrmann, coreógrafa

“O prefeito procura dar (à cultura) status com uma pessoa que já foi ministro. Agora é torcer para que a aposta do prefeito dê certo, ainda que aqui em BH existam pessoas altamente capacitadas que poderiam ocupar o cargo. Vamos torcer para que não haja partidarização na secretaria, que ela seja resultado da luta dos vários segmentos da cultura e atenda à diversidade de produção artística da cidade”
n Rômulo Duque, presidente do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais (Sinparc)

“O nome do Juca Ferreira será de extrema importância para o cenário de Belo Horizonte. É um nome forte na política nacional pelos grandes projetos que implementou enquanto ministro”
n Flávio Renegado, rapper

“Achei ótima a escolha, tomara que dê certo. O Juca tem uma visão ampla, brasileira, popular, bem democrática. Acho que é um ganho para a cultura do estado.”
n Eid Ribeiro, ator, dramaturgo e diretor


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