O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi denunciado nesta terça-feira (2) pela Força-Tarefa da Operação Lava-Jato pelo recebimento de propinas vindas de atos de corrupção na Petrobras. Ele e outros quatro foram acusados pelo Ministério Público Federal do Paraná por conta de 33 crimes de lavagem de mais de R$ 2,4 milhões, praticados entre abril de 2011 e outubro de 2014.
Segundo a denúncia, os atos foram praticados para permitir que José Dirceu recebesse vantagens indevidas decorrentes de crimes de cartel, fraude a licitação e corrupção praticados no interesse das empreiteiras Engevix e UTC e em detrimento da Petrobras.
É a terceira denúncia apresentada contra Dirceu, que foi o homem forte do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As denúncias anteriores já renderam condenações que somam mais de 32 anos de prisão.
Além de Dirceu, foram acusados o irmão dele, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-executivo da Engevix, Gerson de Melo Almada, e o ex-executivo da UTC, Walmir Pinheiro Santana.
Parte da denúncia é desdobramento de uma anterior, pela qual Dirceu foi condenado há 20 anos e 10 meses de reclusão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e pertinência a organização criminosa. O Judiciário entendeu que a execução destes crimes durou de 2007 a 2013, envolvendo repasses de R$ 15 milhões da Engevix para o grupo político de Dirceu.
A denúncia desta terça-feira descreve novos atos de lavagem por meio dos quais a Engevix, com a finalidade de ocultar e dissimular a origem criminosa de recursos desviados da Petrobras, teria encoberto pagamentos por serviços de assessoria de comunicação prestados no interesse do ex-ministro-chefe da Casa Civil.
Melhor imagem com dinheiro de corrupção
Ainda segundo a acusação, José Dirceu contratou uma empresa de assessoria para melhorar sua imagem durante o escândalo do mensalão. “Seu envolvimento em um escândalo de corrupção custou-lhe a perda do cargo público e um desgaste de imagem. É chocante que o ex-ministro-chefe da Casa Civil tenha usado dinheiro da corrupção na Petrobras para contornar os efeitos negativos da descoberta de seus crimes. É o crime sendo usado para reduzir os prejuízos do crime descoberto”, ressalta o procurador da República Júlio Noronha.
Segundo as investigações,Dirceu recebeu valores da UTC decorrentes de crimes praticados na Petrobras. De acordo com a denúncia, mesmo com a decretação de prisão de José Dirceu em 15/11/2013, houve em 01/02/14 a celebração entre a UTC e JD Assessoria de um segundo aditivo contratual, o qual estabelecia a prestação de serviços de consultoria faticamente impossíveis, pois o consultor encontrava-se no momento preso.