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Estado de Minas

Mais 2 mortos e Exército nas ruas

Novo motim em Alcaçuz tem mortes e feridos. PM invade penitenciária e Temer autoriza Forças Armadas em Natal


postado em 20/01/2017 00:12

 

Natal –  A luta pelo domínio da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, superou ontem 120 horas, com cenas de batalha campal, duas mortes e tentativa de assassinato até do diretor da cadeia. À noite, a Tropa de Choque entrou na prisão para tentar criar uma “parede” que separasse os detentos ligados ao Sindicato do Crime (SDC) dos filiados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Ao longo do dia, o ponto em disputa era o pavilhão 3 da unidade, antes ocupado por detentos considerados neutros e também por aqueles ligados ao SDC. Perto dali, integrantes do PCC, que ganharam força desde o massacre do sábado, quando mataram 26 presos rivais, queriam avançar ainda mais no território e conquistar mais um pavilhão – além do 5, o 4 já havia passado para a organização de origem paulista. Essa disputa, travada com armas artesanais, entre lanças e escudos, e com os pés na areia, representou o confronto mais intenso entre as partes na cadeia desde o início da semana.

O sexto dia de rebelião em Alcaçuz começou cedo. Nas primeiras horas da manhã, detentos de lado a lado voltaram a ocupar os telhados dos pavilhões e traçar objetivos para ameaçar e confrontar a parte rival. A polícia, que havia entrado no local na noite de anterior para transferir detentos do SDC, só ocupava as guaritas. A transferência foi apontada como um dos fatores que desencadearam a nova briga. Isso porque as duas centenas de presidiários retirados da unidade eram ligados ao Sindicato, o que enfraqueceu a resistência contra o PCC, que optou por avançar. Do alto dos muros, o barulho dos disparos de armamento não letal efetuados por PMs e agentes penitenciários ecoavam na região, além das explosões das bombas de efeito moral. A corporação queria evitar à bala a aproximação dos grupos criminosos.

No meio da manhã, a tensão aumentou e os ataques se sucederam com pedras, paus, lanças e até com disparos de arma de fogo. No momento de maior conflagração, o diretor da unidade, Ivo Freire, subiu em uma das guaritas e virou alvo dos presos. Um tiro de arma de fogo disparado em sua direção com intenção de matá-lo atingiu a parede da guarita, esfarelando o cimento atrás dele. No presídio, o cenário visto desde o domingo passado continuava: bandeiras hasteadas e falta de controle sobre a circulação dos presos. Vários detentos feridos foram retirados por colegas. À noite, o governo confirmou duas mortes nos confrontos.

À tarde, o clima de relativa tranquilidade, em comparação com a manhã, só foi rompido por um incêndio no pavilhão 3 que espalhou uma fumaça negra pela unidade. Pouco depois, às 17h, agentes do Batalhão de Choque, do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Grupo de Operações Especiais (GOE), dos agentes penitenciários, entraram na unidade com objetivo de cessar a livre circulação e a ameaça de confronto entre os presos. Até as 20h, o ônibus da equipe permanecia no interior da cadeia, avançando aos poucos. Os presos se recolheram aos pavilhões.

Forças Armadas Depois do registro de mais de 30 ataques em dez cidades do Rio Grande do Norte em pouco mais 24 horas, o presidente Michel Temer autorizou ontem o envio das Forças Armadas para reforçar a segurança nas ruas de Natal. O revide das forças de segurança locais resultou em pelo menos uma morte e nove prisões. O contingente militar a ser deslocado para a região será formado principalmente por homens do Exército, que devem iniciar as operações na próxima semana. “Após pedido do governador do Rio Grande do Norte, autorizei o uso das Forças Armadas para reforçar a segurança nas ruas de Natal”, escreveu o presidente em sua conta pessoal no Twitter.

Ao ser informado que os presos continuavam fora de controle na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, o presidente admitiu que a solução é de longo prazo. “A curto e médio prazos, destinamos R$ 150 milhões para bloquear os celulares e R$ 80 milhões para as revistas, mas depende da conexão com os estados. Vamos fazer 30 presídios no país, mas amanhã ou depois não vai estar resolvido”.

A situação no Rio Grande do Norte se agravou depois do motim em Alcaçuz. Entre a noite de quarta-feira e a tarde de ontem, 22 ônibus, 2 micro-ônibus, 4 carros e uma caçamba foram incendiados em diferentes pontos de Natal e também no interior. Também havia relatos de tiroteios pela capital e o registro de uma execução em uma das principais avenidas da cidade. Diante do agravamento do quadro de segurança pública, a prefeitura autorizou que táxis, vans escolares e carros credenciados fizessem serviço de lotação.

O resultado disso foi o recolhimento da maioria dos veículos de transporte coletivo na capital, sem previsão para o retorno dos ônibus às ruas. Pelas vias da cidade, pouca gente circulava, mesmo de carro. O comércio também fechou as portas mais cedo. Nos pontos de ônibus, era possível ver pessoas caminhando em busca de algum tipo de transporte. Alguns estabelecimentos públicos e privados também liberaram os funcionários mais cedo.

 

enquanto isso...

… Rio diz estar sob controle

O sistema penitenciário do Rio está sob controle, e o monitoramento dos presídios não aponta risco iminente de que a convulsão verificada em unidades do Norte e do Nordeste chegue ao estado, disse ontem o secretário estadual de Administração Penitenciária, Erir Ribeiro Costa Filho. ‘Eu não posso prever o futuro, usar achismo. Até o momento, está sob controle, não tem como analisar risco. Estamos monitorando. Pode acontecer? Eu não sei”, disse Costa Filho. “Em se falando de sistema prisional, mesmo dentro da normalidade, a preocupação é constante, independentemente do que está acontecendo no país. Estamos lidando com seres humanos. As pessoas só falam do Primeiro Comando da Capital (PCC), que não está no Rio. Isso traz uma situação de conforto”, continuou o secretário, que espera a volta ao trabalho dos agentes penitenciários para hoje, depois de três dias de paralisação.


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