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Estado de Minas

Após derrocada nas eleições, PT avalia desistir de candidatura em 2018

Isolado, o partido pode abrir mão de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2018 e apoiar o nome de Ciro Gomes, hoje filiado ao PDT


postado em 09/10/2016 06:00 / atualizado em 09/10/2016 07:38

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Ciro Gomes: o PT já deixou de apoiar o político em mais de uma oportunidade em campanhas de anos anteriores(foto: Nelson ALMEIDA/AFP)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Ciro Gomes: o PT já deixou de apoiar o político em mais de uma oportunidade em campanhas de anos anteriores (foto: Nelson ALMEIDA/AFP)

Brasília – A derrocada nas eleições municipais e a pressão da Operação Lava-Jato sobre Luiz Inácio Lula da Silva, a principal estrela do partido, pode levar o PT a uma escolha considerada inimaginável: abrir mão de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2018 e apoiar o nome de Ciro Gomes, hoje filiado ao PDT. Se isso ocorrer, será a primeira vez, desde 1989, que o principal partido de esquerda do país não terá a cabeça de chapa na disputa presidencial. As conversas ainda não chegaram à cúpula partidária, mas começam a correr nas instâncias mais básicas do partido e em outras legendas que disputarão a Presidência com o PT.

Um grande empecilho para o início oficial do debate é que o próprio Lula ainda não autorizou esse caminho. Réu em dois processos da Lava-Jato, os petistas acreditam que o ex-presidente não será preso. Mas isso não significa que ele poderá ser candidato. A avaliação interna é de que ele será condenado pela Justiça Federal, o que o enquadraria na Lei da Ficha Limpa, tornando-o inelegível.

O medo do PT é tomar uma decisão de maneira tão antecipada. “Ciro vai se viabilizar realmente como candidato? Ele já demonstrou em outros momentos disposição para a tarefa, mas acabou sucumbindo às próprias palavras”, afirmou, temeroso, um interlocutor petista. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, está de braços abertos à espera dos petistas. “Não houve uma conversa formal neste sentido, apenas expectativas. Mas posso dizer que seria um caminho natural”, destacou Lupi. “Ciro tem bom trânsito na esquerda, um recall interessante perante o eleitorado e, o mais importante, não tem máculas em sua trajetória”, completou o pedetista.

O grande dilema é saber se, de fato, o PT está maduro para uma decisão como essa. A legenda tem uma tradição hegemônica, embora enfrente o pior momento de sua história recente. Lula tem o Ministério Público e a Polícia Federal em seu encalço, a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada por acusação de crime de responsabilidade. O discurso sindical do partido, diante dos tempos modernos, tornou-se obsoleto. E o eleitorado parece pouco disposto a ouvir o que a legenda tem a dizer.

Ainda assim, o PT tem dificuldades para se autoanalisar. “Sim, cometemos nossos erros e precisamos pagar por eles. Mas por que só cobram de nós? Por que os outros partidos não são obrigados a purgar pelos equívocos?”, afirmou o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, em recente reunião com parlamentares petistas. Cada vez mais, na base partidária, essa postura incomoda. “É uma intervenção de alguém que não tem a mínima noção para onde precisamos ir. É ridículo querer cobrar que o PMDB e o PP tenham a mesma atitude que nós”, atacou uma liderança petista.

MUDANÇA A presença de Falcão no comando partidário tem dificultado o PT dar guinadas em sua história. Ele foi alçado ao posto porque Lula queria alguém sob sua influência. O partido deve antecipar para fevereiro a saída dele da presidência da legenda. Está disposto, até, a enterrar o processo de eleição direta feita pelos filiados, promovendo a substituição da cúpula no congresso do partido. Só não sabe quem colocar em seu lugar. “Esse assunto precisará ser discutido com cautela, no tempo certo”, defendeu o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

Se uma substituição interna é tão problemática, que dirá abrir mão da chapa presidencial. Pouco depois do mensalão e antes de escolher Dilma Rousseff como sua sucessora, Lula chegou a conversar com Ciro Gomes, à época no PSB. Mas alertou que ele precisaria construir a candidatura “por dentro”, ou seja, buscando o apoio dos petistas. Não conseguiu. Em 2009, alterou o domicílio eleitoral para São Paulo, pois havia a possibilidade de candidatar-se ao governo paulista em 2010. Mais uma vez, o PT deixou-o na mão, optando por lançar o senador Aloizio Mercadante.

SITUAÇÃO OPOSTA NO PSDB

O PSDB vive uma situação inversa à do PT: tem muitos possíveis candidatos para as eleições presidenciais de 2018. O que não significa tempos mais tranquilos internamente. A exemplo dos petistas, os tucanos também terão uma eleição para a executiva partidária no início do ano que vem. Candidato natural ao Planalto após o bom desempenho nas eleições presidenciais de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o atual presidente da legenda. Mas há pressão do grupo ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o grande vitorioso nas eleições municipais ao emplacar, em primeiro turno, o empresário João Doria para a prefeitura paulistana.

Em seu primeiro discurso após ser eleito, Doria lançou Alckmim ao Planalto e defendeu a realização de prévias internas para a escolha do candidato do PSDB. O senador Aécio Neves defendeu na semana passada a realização de prévias e ressaltou a importância de os tucanos terem um candidato próprio na disputa pelo Palácio do Planalto. “Quem chegar em melhores condições deve ser o candidato. Ninguém pode ser um candidato porque resolveu ser candidato”, afirmou o tucano em entrevista coletiva em Belo Horizonte. De acordo com Aécio, a realização de prévias não deve ser “temida” pelos tucanos, mas encarada como um processo que pode revitalizar o partido e permitir um conhecimento maior dos candidatos.

O PSB, no entanto, aguarda o governador paulista com a ficha de filiação em mãos. O partido, que disputou em 2014 com Marina Silva após a morte de Eduardo Campos, sente-se grato pela aliança no maior estado do país. Os socialistas indicaram o vice na chapa de Alckmin — o então deputado Márcio França — que assumirá o Palácio dos Bandeirantes durante eventual campanha do tucano. Com isso, França torna-se o nome natural para concorrer ao governo estadual.


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