(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Dilma depende de 49 deputados do PP para ficar no cargo

Ao mesmo tempo em que barganha cargos com o Planalto, partido tem sete dos 33 nomes da legenda investigados na Lava-Jato denunciados pela Procuradoria-Geral da República


postado em 31/03/2016 06:00 / atualizado em 31/03/2016 07:05

Em reunião ontem, deputados federais e senadores do PP decidiram pressionar o Palácio do Planalto até as vésperas da votação da comissão especial do impeachment, em meados de abril (foto: José Cruz/ABR)
Em reunião ontem, deputados federais e senadores do PP decidiram pressionar o Palácio do Planalto até as vésperas da votação da comissão especial do impeachment, em meados de abril (foto: José Cruz/ABR)

Depois do desembarque oficial do PMDB, maior partido que dava sustentação ao seu governo, a presidente Dilma Rousseff (PT) tem no PP o principal foco na busca de votos para evitar sofrer um impeachment e já trabalha nos bastidores para trazer os 49 deputados federais para o seu lado. A legenda, que se tornou a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados – atrás apenas de PMDB, PT e PSDB – depois das trocas partidárias possibilitadas pela janela aberta por lei, é também a que tem o maior número de investigados na Operação Lava-Jato. São 33 nomes de atuais ou ex-parlamentares. Com todo esse peso, o partido resolveu cozinhar o Palácio do Planalto até as vésperas da votação da comissão do impeachment para decidir se continua na base ou reforça a oposição.

É o que foi decidido em reunião das bancadas, nessa quarta-feira (30), com deputados e senadores. Segundo o líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), um dos investigados na Lava-Jato, a legenda deve reunir seu diretório em meados de abril. “O partido fará uma reunião no dia anterior à definição da comissão especial do impeachment, ou no dia imediatamente posterior à votação, e aí o diretório se manifestará quanto a permanecer no projeto que construiu ou tomar outro rumo”, disse. A expectativa é de que a comissão do impeachment vote o parecer entre 11 e 15 de abril.

No mesmo dia que o PP decidiu adiar a decisão, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra sete integrantes do PP investigados na Operação Lava-Jato. A PGR pede que os deputados Luiz Fernando Ramos Faria (MG), Roberto Britto (BA), Mario Negromonte Junior (BA), Arthur Lira (BA) e José Otávio Germano (RS) e os ex-deputados Mario Negromonte (BA) e João Pizzolatti (SC) respondam pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia se baseia em delações premiadas e os detalhes não foram divulgados.

O PP tem hoje o Ministério da Integração Nacional, ocupado por Gilberto Occhi, mas já teve a bem mais cobiçada pasta das Cidades, que perdeu no fim de 2014 para o PSD. A troca teria motivado o início das insatisfações na legenda, hoje dividida. “Ficou claro que não há um pensamento consensualizado, então, para debater melhor, haverá reunião do diretório nacional no dia 11 ou 12 de abril”, afirmou a senadora Ana Amélia (RS), que encabeça o grupo dos que defendem o rompimento com o governo Dilma. “Não tem outra saída, não tem que aceitar cargo, tem é que cair fora”, afirmou. Segundo os deputados Jerônimo Georgen (RS) e Júlio Lopes (RJ), que articularam a reunião dessa quarta-feira, a maioria da bancada do PP está contra a presidente Dilma. Já a conta da direção partidária é de que 15 dos 49 estariam dispostos a votar pelo impeachment.

O líder Aguinaldo Ribeiro não deu números, mas também afirmou que a bancada está dividida sobre como votará o processo de impeachment. “Há uma postura clara de parlamentares que são contra e de parlamentares que são a favor. A posição é de que decidamos em conjunto”, disse. Para reverter os números e tentar levar a bancada toda, as investidas já começaram. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem cuidando da articulação para evitar o afastamento da presidente, se encontrou nessa quarta-feira com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI). Antes mesmo de o peemedebista Marcelo Castro decidir se vai deixar o Ministério da Saúde, pasta com maior orçamento e visibilidade, o posto já teria sido oferecido ao PP. O líder do partido, no entanto, não respondeu claramente se há alguma determinação no sentido de aceitar ou recusar cargos. Disse apenas que há um calendário e que esse não é o momento de discutir isso.

A ala aliada ao vice-presidente Michel Temer, que também já trabalha para a composição de um eventual governo do peemedebista, contando com a possibilidade do impeachment, também teria procurado o PP e oferecido o Ministério das Cidades.

DEFESA Outra bancada assediada por ambos os lados, o PR também anunciou que vai esperar o parecer da comissão especial do impeachment para decidir sobre a permanência ou não no governo. Com 40 cadeiras, o partido tem hoje o Ministério dos Transportes e pode acrescentar o dos Portos. O argumento do líder na Câmara, Maurício Quintella (AL), é que a legenda não pode se posicionar antes de ouvir a defesa da presidente que ainda nem chegou à Casa. O parlamentar negou que o Palácio do Planalto tenha oferecido cargos. “As conversas com o governo têm sido no sentido de tentar convencer, claro, o partido a permanecer na base, o que é natural”, afirmou. Quintella confirmou que interlocutores de Temer também estão abordando as legendas para compor um possível governo.

Declaradamente contrária ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, a deputada federal Zenaide Maia (RN) renunciou nessa quarta-feira à vaga de titular do PR na comissão especial do impeachment na Câmara. Ela alegou problemas de saúde na família para deixar o colegiado. Além da vaga dela, o plenário deverá eleger dois novos suplentes após os antigos perderem as vagas por  mudar de partido.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)