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Estado de Minas

Impeachment de Dilma envolve luta política entre aliados e oposição

Exér­ci­tos do go­ver­no e da opo­si­ção já es­tão a pos­tos pa­ra a lon­ga ba­ta­lha política. Re­a­ção nas ru­as e des­do­bra­men­tos da La­va-Ja­to se­rão de­ci­si­vos pa­ra o des­ti­no de Dil­ma Rous­se­ff


postado em 21/03/2016 00:12 / atualizado em 21/03/2016 08:04

Sessão plenária da Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira a instalação da comissão especial e deu início ao processo de impeachment(foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 17/3/16)
Sessão plenária da Câmara dos Deputados aprovou na quinta-feira a instalação da comissão especial e deu início ao processo de impeachment (foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 17/3/16)

Bra­sí­lia - Da­qui a três se­ma­nas, quan­do o re­la­tó­rio do pro­ces­so de im­pea­ch­ment pro­va­vel­men­te es­ti­ver pron­to pa­ra ser vo­ta­do na co­mis­são es­pe­cial e re­me­ti­do ao ple­ná­rio, o de­ba­te so­bre o fim ou a con­ti­nui­da­de do go­ver­no da pre­si­den­te Dil­ma Rous­se­ff (PT) te­rá en­fren­ta­do uma lon­ga ba­ta­lha po­lí­ti­ca. Os exér­ci­tos de la­do a la­do es­tão ali­nha­dos há um bom tem­po e pron­tos pa­ra o em­ba­te, exer­cen­do pres­são so­bre par­la­men­ta­res, bus­can­do atrair o má­xi­mo pos­sí­vel de apoio po­pu­lar e fler­tan­do com a in­ca­pa­ci­da­de do diá­lo­go pa­ra sair da maior cri­se po­lí­ti­ca da his­tó­ria bra­si­lei­ra re­cen­te. Os no­vos ca­pí­tu­los da Ope­ra­ção La­va-Ja­to, as ma­ni­fes­ta­ções nas ruas e as ba­ta­lhas ju­di­ciais tam­bém te­rão um pe­so im­por­tan­te na ba­lan­ça do im­pea­ch­ment. “Es­ta­mos dian­te de uma tem­pes­ta­de per­fei­ta”, co­mo re­su­miu o pre­si­den­te da Co­mis­são, de­pu­ta­do Ro­gé­rio Ros­so (PSD-DF), em en­tre­vis­ta pu­bli­ca­da on­tem no EM. Ele não es­tá er­ra­do. O Bra­sil vi­ve a pior re­ces­são eco­nô­mi­ca des­de 1930. O de­sem­pre­go au­men­ta, a in­fla­ção es­tá re­si­lien­te e os in­ves­ti­do­res na­cio­nais e es­tran­gei­ros es­tão as­sus­ta­dos e cau­te­lo­sos, sem sa­ber pa­ra on­de o país vai. Con­se­quen­te­men­te, sem ter as ga­ran­tias de que va­le a pe­na in­ves­tir por aqui, mo­tor prin­ci­pal pa­ra mi­ti­gar o tom­bo no Pro­du­to In­ter­no Bra­si­lei­ro (PIB), que po­de­rá acu­mu­lar, em dois anos, qua­se 9% de en­co­lhi­men­to.

As ma­ni­fes­ta­ções de sex­ta-fei­ra fa­vo­rá­veis a Dil­ma e ao ex-pre­si­den­te Lu­la, so­bre­tu­do na Ave­ni­da Pau­lis­ta, on­de qua­se 100 mil pes­soas, pe­la con­ta­gem do Ins­ti­tu­to Da­ta­Fo­lha, fo­ram as­sis­tir ao dis­cur­so do mi­nis­tro sub ju­di­ce da Ca­sa Ci­vil, jo­ga­ram mais in­ter­ro­ga­ção no pro­ces­so. “Po­de ser até que os even­tos de ho­je (sex­ta-fei­ra) não se­jam su­fi­cien­tes pa­ra nos man­ter no po­der. Mas, com cer­te­za, mos­tra­rão que se­rá mui­to mais di­fí­cil nos ti­rar da­qui co­mo eles pen­sa­vam an­tes”, dis­se um pe­tis­ta com bom trân­si­to no Pa­lá­cio do Pla­nal­to.

“Pa­ra sa­ber se te­rá um mí­ni­mo de chan­ces de so­bre­vi­ver, o go­ver­no pre­ci­sa­rá man­ter o PMDB ao seu la­do”, afir­mou o di­re­tor de do­cu­men­ta­ção do De­par­ta­men­to In­ter­sin­di­cal de As­ses­so­ria Par­la­men­tar (Diap), An­to­nio Au­gus­to de Quei­roz. Pe­los cor­re­do­res do Pa­lá­cio do Pla­nal­to cir­cu­la a in­for­ma­ção de que o go­ver­no es­tá dis­pos­to a in­cluir o PMDB na ar­ti­cu­la­ção po­lí­ti­ca e a ofe­re­cer mais car­gos na Es­pla­na­da pa­ra man­tê-lo alia­do à ba­se. Mas as ne­go­cia­ções se­guem aca­nha­das. A vi­ce-pre­si­dên­cia as­se­gu­ra que nin­guém da coor­de­na­ção po­lí­ti­ca de Dil­ma os pro­cu­rou pa­ra con­ver­sar. In­ter­lo­cu­to­res li­ga­dos ao vi­ce-pre­si­den­te Mi­chel Te­mer re­la­tam que Lu­la ten­tou jan­tar com ele em São Pau­lo na úl­ti­ma quar­ta-fei­ra, an­tes da pos­se, mas não con­se­guiu. Te­mer pe­diu pa­ra que o en­con­tro ocor­ra em Bra­sí­lia, nes­ta se­ma­na. “É me­lhor es­pe­rar a poei­ra bai­xar mais um pou­co”, des­de­nhou Te­mer.

En­tre as prin­ci­pais re­cla­ma­ções do vi­ce, que in­clu­si­ve dei­xou ex­plí­ci­ta sua in­sa­tis­fa­ção por meio de car­ta a pre­si­den­te – é o fa­to de ter si­do iso­la­do das ar­ti­cu­la­ções do go­ver­no. Sem Lu­la na Ca­sa Ci­vil, Te­mer po­de­ria ser apro­vei­ta­do pa­ra aju­dar nas ne­go­cia­ções. No en­tan­to, na con­tra­mão dos in­te­res­ses go­ver­nis­tas, in­ter­lo­cu­to­res li­ga­dos a Te­mer afir­mam que o rom­pi­men­to é da­do co­mo cer­to, com da­ta mar­ca­da: 29 de mar­ço, quan­do acon­te­ce­rá a reu­nião do di­re­tó­rio na­cio­nal da le­gen­da. To­ni­nho lem­bra que a lu­ta do go­ver­no não é, na ver­da­de, pa­ra con­se­guir os 171 vo­tos ne­ces­sá­rios com o ob­je­ti­vo de bar­rar o pro­ces­so de im­pea­ch­ment. A opo­si­ção pre­ci­sa, sim, de 392 vo­tos pa­ra abrir o pro­ces­so. “Es­ses 171 vo­tos po­de­riam in­cluir, por exem­plo, vo­tos con­trá­rios, abs­ten­ções ou au­sên­cias de de­pu­ta­dos em ple­ná­rio pa­ra im­pe­dir que o quó­rum qua­li­fi­ca­do se­ja atin­gi­do”, ex­pli­cou To­ni­nho.

SES­SÕES
A de­pen­der do pri­mei­ro dia de tra­mi­ta­ção do pro­ces­so na ca­sa, con­tu­do, é bom não con­tar com es­sa hi­pó­te­se. An­tes das 9h de sex­ta-fei­ra, 51 de­pu­ta­dos ha­viam mar­ca­do pre­sen­ça no ple­ná­rio, o que per­mi­tiu a rea­li­za­ção da pri­mei­ra ses­são – das 10 ne­ces­sá­rias – que re­gu­lam os pra­zos na co­mis­são es­pe­cial do im­pea­ch­ment. “Par­la­men­ta­res têm um ins­tin­to de so­bre­vi­vên­cia gi­gan­tes­co e ja­mais vão vi­rar as cos­tas ao de­se­jo ex­pres­so pe­las ruas, es­pe­cial­men­te, em ano de elei­ções mu­ni­ci­pais”, de­cre­tou o cien­tis­ta po­lí­ti­co e pro­fes­sor do Ins­per Car­los Me­lo. Ele lem­bra que a di­vul­ga­ção dos gram­pos te­le­fô­ni­cos nos quais Lu­la te­ceu pro­fun­das crí­ti­cas ao Ju­di­ciá­rio e ao Con­gres­so ge­rou rea­ções in­tem­pes­ti­vas de ma­gis­tra­dos, juí­zes e pro­cu­ra­do­res, que cul­mi­na­ram com a re­da­ção, pe­lo pe­tis­ta, de uma car­ta na qual di­zia sem­pre ter ti­do to­do o res­pei­to com o Ju­di­ciá­rio. “Ele per­ce­beu que er­rou e que is­so com­pli­cou ain­da mais a vi­da de­le. Por is­so, pro­mo­veu um re­cuo tá­ti­co”, jus­ti­fi­cou o cien­tis­ta po­lí­ti­co.


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