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Estado de Minas UM GIGANTE INDEFINIDO

Destino da presidente Dilma Rousseff depende do PMDB, que flerta com a oposição

Maior bancada na Câmara, partido do vice Michel Temer mas continua dividido sobre o apoio ou repúdio ao impeachment da petista


postado em 20/03/2016 06:00 / atualizado em 20/03/2016 07:29

Michel Temer dá todos os sinais de que vai apoiar o impeachment, mas evitar falar abertamente do tema (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Michel Temer dá todos os sinais de que vai apoiar o impeachment, mas evitar falar abertamente do tema (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Para onde vai a maioria do PMDB, maior bancada na Câmara dos Deputados e que com sete ministérios partilha o maior naco do poder na Esplanada, ainda é uma incógnita. Dessa legenda, uma frente de interesses políticos que, país afora, por vezes se alia ao PT e por vezes, ao PSDB, brotam os mais engajados articuladores pelo impedimento da presidente Dilma Rousseff: a começar pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e o vice-presidente, Michel Temer (SP), maior beneficiário de um desfecho desfavorável a Dilma, costura entendimentos com a oposição liderada pelo PSDB e ainda, tenta atrair caciques de sua própria legenda que dão sustentação ao governo no Senado.


Dos 65 deputados federais peemedebistas em exercício, quase 20% dos 342 votos que a oposição persegue para autorizar na Câmara a instalação do processo de impeachment, 20 são favoráveis, 15 apoiam o governo e são contrários. Ainda indefinidos há 30. Estes aguardam o desenrolar do confronto nas ruas entre críticos e apoiadores do governo, além dos bastidores da queda de braço entre Executivo e segmentos do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal. Para esses deputados, permanecer na base dependerá das condições do governo Dilma de um reposicionamento, principalmente na área econômica, que gere confiança ao setor produtivo. No campo político, eles têm expectativa de que o ex-presidente Lula volte ao governo, para tentar destravar o impasse entre base e oposição que impede a aprovação de matérias importantes para o país no Congresso.

Em Minas, dos cinco deputados em exercício – Mauro Lopes acaba de assumir o Ministério da Aviação Civil – três aguardam definição do cenário político: Saraiva Felipe, Newton Cardoso Filho e Rodrigo Pacheco. “Não vou me posicionar antes de examinar a defesa da presidente. É um princípio, como advogado”, diz Rodrigo Pacheco. Enquanto de um lado o mineiro Silas Brasileiro é contrário à abertura do processo, do outro, Leonardo Quintão, que foi indicado para a comissão especial, defende o impeachment. E explica o porquê: a economia. “Sem clareza do setor produtivo em relação aos rumos da política econômica não é possível continuar. O país está afundando, à beira da bancarrota, e precisamos de uma solução rápida”, afirma ele.

Com dois deputados, o PMDB do Tocantins, da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, também entrou em compasso de espera. Igualmente dois, entre três da bancada peemedebista do Maranhão, onde a legenda se coligou ao PT para respaldar a candidatura ao governo de Lobão Filho e foi derrotada por Flávio Dino (PCdoB). Dino é entre os governadores um dos mais fiéis aliados de Dilma, encabeçando todos os movimentos de apoio à sua permanência. Da mesma forma no Acre, do governador Tião Viana (PT) , e em Rondônia, do governador Confúcio Moura (PMDB), os quatro parlamentares do PMDB hesitam em resolver para que lado irão.

 

Maior apoio está no Rio

Embora também com seis deputados federais indefinidos em relação à abertura do processo de impeachment, entre os 15 peemedebistas favoráveis a Dilma, o maior apoio da presidente vem do Rio de Janeiro. Não apenas do governador Luiz Fernando Pezão, aliado do Planalto. Da bancada fluminense de 11, quatro estão com o governo, entre estes o líder Leonardo Picciani. Só um, o próprio Eduardo Cunha, que também aposta em Temer para ajudá-lo a salvar o próprio mandato ameaçado por acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, é favorável ao impeachment. O PMDB do Rio está representado na Esplanada pelo deputado federal Celso Pansera, ministro da Ciência, da Tecnologia e da Inovação. No Pará, onde peemedebistas e petistas se juntaram nas eleições de 2014 e foram derrotados pelo tucano Simão Jatene - os três deputados do PMDB respaldam Dilma. O estado tem o Ministério dos Portos, entregue a Helder Barbalho, filho do senador Jáder Barbalho (PA).

Entre os 20 peemedebistas que se declaram a favor do impeachment, a maior oposição vem do Sul: da bancada de cinco do Rio Grande do Sul, estado onde peemedebistas e petistas são adversários históricos, quatro apoiam a empreitada e um, José Fogaça, está indeciso. Já em Santa Catarina, onde o governador Raimundo Colombo (PSD) dá sustentação à presidente, entre os seis deputados federais, cinco se posicionaram: a legenda no estado anunciou na segunda-feira passada a decisão de desembarcar da base de apoio. Por conta disso, o diretor-presidente da Eletrosul, Djalma Berger, e o diretor da estatal, Paulo Afonso Vieira já deixaram os cargos na empresa. Das bancadas paulista, terra de Michel Temer, e do Mato Grosso do Sul, os quatro deputados peemedebistas querem o impeachment.

A divisão da frente peemedebista entre aqueles que querem a cabeça de Dilma para empossar Temer e aqueles que defendem o mandato da petista se expressa na comissão especial da Câmara, formada para a análise do pedido de impeachment. Dos 65 membros, oito foram indicados pelo partido. Quatro se declaram a favor: além do mineiro Leonardo Quintão, Lúcio Vieira Lima (BA), Mauro Mariani (SC) e Osmar Terra (RS). Quatro são contrários: Leonardo Picciani (RJ), Washington Reis (RJ), João Marcelo Souza (MA) e Valtenir Pereira (MT). Para um lado ou para o outro, a maior bancada da Câmara tem nas mãos o destino da presidente. Nas ruas, a sorte de Dilma está lançada.


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