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Estado de Minas

Dilma diz que país perde guerra contra o Aedes aegypti

Ao reconhecer que o governo está perdendo a guerra contra o mosquito, a presidente apela à população e articula com o colega Barack Obama desenvolvimento conjunto de vacinas


postado em 30/01/2016 06:00 / atualizado em 30/01/2016 13:39

Depois do desconforto causado pelas declarações do ministro da Saúde, Marcelo Costa, petista se dobrou ao discurso do aliado do PMDB(foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Depois do desconforto causado pelas declarações do ministro da Saúde, Marcelo Costa, petista se dobrou ao discurso do aliado do PMDB (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Ao admitir que o país está perdendo a guerra contra o Aedes aegypti, a presidente Dilma Rousseff (PT) pediu ontem mobilização nacional para eliminar focos de água parada e erradicar criadouros do mosquito causador da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus – este último apontado pelo governo como responsável pelos casos de microcefalia que têm sido registrados no país desde o ano passado. Para dar o exemplo, o Palácio do Planalto promoveu um dia de “faxina” dentro das unidades do governo e das Forças Armadas. Houve, também, reunião virtual – por teleconferência – da presidente com os governadores da Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo para discutir medidas de combate ao mosquito.


“Temos de nos mobilizar para ganhar a luta. Não vamos ganhar a luta se ficarmos de braços cruzados. Se eu dissesse que nós estamos ganhando a luta, nós estaríamos em uma fase mais avançada. Vamos ganhar essa guerra. Vamos demonstrar que o povo brasileiro é capaz de ganhar essa guerra”, afirmou Dilma. A petista minimizou as declarações do ministro da Saúde, Marcelo Castro, que na terça-feira reconheceu a perda da batalha. “Por que criar um problema com a constatação da realidade? Dizer que nós estamos perdendo é porque nós queremos ganhar”, disse Dilma, depois da conversa com os governadores

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)

De acordo com a presidente, o governador Geraldo Alckmin disse que os testes para a vacina da dengue, que está sendo desenvolvida no Instituto Butantan, começam na segunda-feira que vem (leia abaixo). “Estaremos virando essa guerra quando descobrirmos a vacina. A dengue vai ter uma vacina brasileira que eu considero a melhor”, disse Dilma ao destacar a gravidade da situação. Mesmo diante da crise econômica e da necessidade do ajuste fiscal, a presidente assegurou verbas para o combate ao mosquito.

“Tenho certeza que não só o governo federal considera que não pode (faltar dinheiro), mas o Congresso também. Esta despesa tem a ver com a saúde pública no país. Não sofre contingenciamento nem limites. Vamos colocar todos os nossos recursos”, prometeu. Entre as ações anunciadas pelo governo federal estão campanhas de conscientização da população; atuação de mais de 220 mil militares no combate direto a criadouros do mosquito com a visita a 3 milhões de casas em 356 cidades; pagamento de bolsa de um salário mínimo às famílias beneficiárias do programa Bolsa-Família que tiverem crianças com microcefalia; e distribuição de repelentes às gestantes que sejam beneficiárias do programa Bolsa-Família (cerca de 400 mil mulheres). Ainda não há data, no entanto, que esta última medida seja implementada.

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, informou que na quinta-feira que vem haverá uma limpeza em todos os hospitais do Brasil (públicos, privados e filantrópicos), que recebem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) para destruir os criadouros do mosquito – ontem, prédios do governo federal também passaram por esse tipo de limpeza.

Castro informou, ainda, que, atualmente, 23 países já registraram o vírus Zika e, por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o número de infectados no continente americano pode chegar a 4 milhões – 1,5 milhão no Brasil. Por causa disso, segundo o ministro, a entidade convocou uma reunião do comitê de emergência para segunda-feira, quando será discutida a possibilidade de declaração de estado de emergência internacional.

Parceria com EUA No início da noite de ontem, a presidente Dilma telefonou para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e acertou com ele parceria para os dois países desenvolverem vacinas e produtos terapêuticos contra o zika vírus, que está associado à microcefalia em bebês. Em nota oficial, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que a Secretária do Departamento de Saúde dos Estados Unidos e o ministro da Saúde do Brasil vão se reunir para discutir os termos da cooperação.

Na conversa, que durou cerca de 15 minutos, e foi realizada às 19h10, hora de Brasília, Dilma e Obama discutiram “a cooperação bilateral na área de saúde, para o combate e desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus”. Um grupo de alto nível do Brasil e dos Estados Unidos foi criado para desenvolver parceria na produção de vacinas e produtos terapêuticos. A base do trabalho será a já existente cooperação entre o Instituto Butantan e o National Institute of Health (NIH) para pesquisa e produção da vacina contra a dengue. Os dois presidentes determinaram a realização de contatos entre a Departamento de Saúde norte-americano e Ministério da Saúde do Brasil, com o objetivo de aprofundar a cooperação.

Na última terça-feira, Obama cobrou o rápido desenvolvimento de testes, vacinas e tratamentos para combater o vírus. O presidente norte-americano se manifestou depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertar que a doença vai se proliferar por todos os países das Américas. Segundo a entidade, a presença do vírus já foi constatada em 23 países e o número de casos pode chegar a 4 milhões em 2016. (Com agências)

PECADO

Gubbio Soares, virologista da Universidade Federal da Bahia que isolou pela primeira vez o zika vírus no Brasil em abril de 2015, disse que o erro do Brasil foi não combater o mosquito transmissor do zika a tempo de evitar um surto do vírus. “Esse é o grande pecado do Brasil”, afirmou. Embora o cientista reconheça que ninguém esperava um risco desse tamanho, considerou que “esse vírus finalmente expõe ao mundo a realidade do nosso país”.

 


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