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Estado de Minas

Polícia Federal investiga contratos da OAS

Documentos de gaveta podem ocultar donos de unidades no condomínio Solaris, onde Lula teria triplex. Ele nega e diz que tinha apenas cotas do imóvel. Mas promotor contesta versão


postado em 29/01/2016 06:00 / atualizado em 29/01/2016 07:43

Brasília – A Polícia Federal procura indícios sobre a utilização de contratos de gaveta pela OAS para esconder a propriedade real dos donos dos imóveis no condomínio Solaris, no Guarujá (SP). Os investigadores da Lava-Jato suspeitam que os apartamentos tenham sido usados para mascarar propina paga por contratos na Petrobras e outras estatais, incluindo um triplex ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — a defesa do petista alega que ele tinha cotas pagas da residência, não ficou com o imóvel e nega que ele seja dono, apesar de testemunhas terem declarado que a mulher, Marisa Letícia, participou de obras no imóvel 164-A.


O prédio foi construído pela Cooperativa dos Bancários (Bancoop), cujo dirigente era o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, apontado por delatores da Lava-Jato como destinatário de propinas pagas pelas empreiteiras por negócios com a Petrobras. Em 2009, a OAS assumiu a obra do Solaris, três anos depois da falência da cooperativa do Sindicato dos Bancários. A empreiteira informou nessa quinta-feira (28) que não comentaria o assunto. A defesa de Vaccari afirma que ele melhorou a gestão da Bancoop, o que permitiu entregar residências a “milhares” de associados.

Em entrevista a um jornal paulista, Marcos Sergio Migliaccio, conselheiro da Associação das Vítimas da Bancoop, disse que não existia venda de cotas no condomínio Solaris, mas sim de apartamentos. “Não existe esse papo de cota. Isso é mentira. A Bancoop vendia apartamentos, com o andar e a unidade especificados”, afirmou Migliaccio, que é técnico em eletrônica. O promotor de Justiça José Carlos Blat, autor de uma acusação contra a Bancoop que tramita na Justiça paulista, reafirma que não viu nenhum caso de compra de cotas no empreendimento do Guarujá. Cotas é um sistema usado em consórcios, no qual o comprador adquire um certo bem em parcelas, e um sorteio define o bem que caberá a ele.

O condomínio tem moradores ligados ao Partido dos Trabalhadores, além do triplex atribuído à família de Lula. O apartamento 133-A pertence ao ex-segurança do petista e assessor especial da Presidência da República Freud Godoy, que atuou durante anos como guarda-costas do ex-presidente e chegou a ser investigado no mensalão e também por participação no caso dos dossiês dos aloprados, na campanha eleitoral de 2006. Duas unidades residenciais têm ligação com Vaccari, preso e condenado a 15 anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato sob a acusação de recolher propina das empreiteiras para o PT.

O imóvel 44-A foi comprado pela cunhada de Vaccari, Marice Lima, em 2011. No ano seguinte, quando havia pago R$ 200 mil, ela desistiu do negócio e obteve R$ 432 mil da OAS de volta. Mas, em 2013, a empreiteira vendeu o imóvel por R$ 337 mil.

Investigadores ouvidos pelo Estado de Minas entendem que Marice “não conseguiu explicar” como obteve dinheiro para comprar o apartamento. E ainda apuram a suspeita que, de posse do dinheiro recebido pela empreiteira, a cunhada fez um empréstimo em valor semelhante para Vaccari.  O doleiro Alberto Youssef disse à Justiça que Marice foi responsável por arrecadar propina da empresa Toshiba, fornecedora da Petrobras, para o PT.

Além disso, o triplex 162-B está em nome de uma offshore, a Murray Holdings LLC, aberta pela empresa Mossack Fonseca. No entanto, a PF afirma que o imóvel é controlado pela publicitária Nelci Warken, presa na quarta-feira na 22ª fase da Lava-Jato, apelidada de Triplo X. Os delegados e os procuradores do Ministério Público afirmam que ela não tem condições de comprar um imóvel desse valor e, na verdade, é uma laranja do esquema.

Idas e vindas

O lobista Fernando Moura disse ter mentido durante depoimento à Justiça do Paraná porque se sentiu ameaçado. Ele diz que um dia antes de falar ao juiz Sérgio Moro foi abordado por um desconhecido que questionou sobre sua família. Nessa quinta-feira (28),  Moro, que conduz as ações da Operação Lava-Jato, indeferiu pedido de suspensão do interrogatório do ex-ministro José Dirceu. A audiência está mantida para hoje.

 


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