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Estado de Minas

Delator da Chacina de Unaí será julgado nesta terça-feira


postado em 09/11/2015 06:00 / atualizado em 09/11/2015 08:09

Hugo Pimenta (E) alega que teve participação somente na morte de um dos fiscais do trabalho(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Hugo Pimenta (E) alega que teve participação somente na morte de um dos fiscais do trabalho (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

O empresário Hugo Alves Pimenta – acusado de intermediar a contratação de pistoleiros para execuções da Chacina de Unaí –, senta nesta terça-feira (10) no banco dos réus para responder pelas mortes dos quatro servidores do Ministério do Trabalho, executados em Unaí, em janeiro de 2004. Ele é o último réu a ser julgado pelo crime, em razão da delação premiada. Nas duas últimas semanas, os mandantes e irmãos Norberto e Antério Mânica foram condenados a 100 anos de prisão, cada um. Os pistoleiros, julgados no ano passado, já cumprem pena total de 226 anos de prisão. Nas duas ocasiões, o empresário foi arrolado como testemunha de acusação, apesar da estreita amizade que mantinha com Norberto Mânica.

Ao colaborar com a Justiça, Pimenta, por meio de seu advogado Lúcio Adolfo, apresenta a tese de que teve participação apenas no assassinato do auditor-fiscal Nelson da Silva, desafeto de Norberto e Antério Mânica, em razão das rigorosas e frequentes fiscalizações e multas aplicadas por desrespeito à legislação trabalhista em suas fazendas, produtoras de feijão, no Noroeste de Minas. Em seu depoimento à Justiça, Hugo Pimenta disse que não sabia da ordem dos irmãos para execução de toda a equipe do Ministério do Trabalho, tomando conhecimento somente depois do crime. “Eu passei mal quando fiquei sabendo das quatro execuções e fui para casa”, disse durante o julgamento de Antério Mânica.

Hugo Pimenta disse, em depoimento, que recebia diariamente a visita do fazendeiro Norberto Mânica em sua empresa, a Uma Cereais, e ele sempre demonstrava insatisfação com as fiscalizações do Ministério do Trabalho. No entanto, um dia disse que não aguentava mais o Nelson e iria matá-lo, questionando se o empresário conhecia “alguém para fazer o serviço”. Isso teria ocorrido dois meses antes do crime. Diz que comentou o fato com outro amigo, José Alberto de Castro, que se ofereceu para resolver o problema. Segundo ele, Francisco Pinheiro – outro réu do processo que morreu antes de ser julgado – era amigo de José Alberto e contratou o serviço dos três executores.

Lula

“Norberto, isso vai parar na mão do Lula (presidente da República à época do crime)”, afirmou Pimenta, ao dizer que tentou demover o amigo da ideia da execução de Nelson. No entanto, Norberto rebateu alegando que resolveria tudo com a venda de uma fazenda. Pimenta disse que não sabia da ordem de execução dos quatro servidores porque não participou da reunião que decretou a sentença de morte dos demais que estavam com o Nelson, na noite anterior ao crime. De acordo com Lúcio Adolfo, desta forma, fica clara a participação do seu cliente apenas em uma morte. Além de Hugo Pimenta, o pistoleiro Erinaldo de Vasconcelos Silva também aceitou colaborar com a Justiça.

Pimenta será julgado na 9ª Vara da Justiça Federal, em Belo Horizonte, com a presidência do júri a cargo do juiz Murilo Fernandes, com os trabalhos de acusação sob os cuidados da procuradora Mirian Lima. O advogado Antônio Francisco Patente, contratado por familiares e fiscais do trabalho, atua como assistente a acusação. A sessão do juri está marcada para ter início às 8h30. Foram assassinados, além de Nelson Silva, os auditores-fiscais Erastótenes de Almeida Gonçalves, o Tote, e João Batista Soares e o motorista Ailton Pereira de Oliveira. O grupo foi abordado numa estrada vicinal da zona rural pelos três pistoleiros que simularam um assalto. A brutalidade do crime e o a investida contra o Estado fez com que o caso ganhasse repercussão internacional.




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