São Paulo, 07 - A subida de tom da presidente Dilma Rousseff em relação aos rumores sobre impeachment repercutiu bem no PT. Depois que Dilma disse à Folha de S.Paulo que "não vai cair", o vice-presidente e responsável pela estratégia de mídias sociais do PT, Alberto Cantalice, disse que não é possível prever a repercussão da entrevista na internet, mas gostou do tom da fala.
Um texto sobre a entrevista da presidente já foi publicado no site oficial do PT sob o título "Não me aterrorizam, diz Dilma sobre tentativa de golpe". No Facebook, o texto foi publicado com a legenda "PRESIDENTA FORTE". O presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se pronunciaram sobre a entrevista.
Um dos fundadores da Democracia Socialista, o deputado estadual Raul Pont (RS) diz que a fala de Dilma está "de acordo com o padrão que o PSDB e outros setores oposicionistas estão tentando criar no País". "É um absurdo uma convenção de um partido que perdeu a eleição dentro do jogo democrático com declarações claramente golpistas", disse Pont. A Democracia Socialista, aliada à Mensagem ao Partido, é a segunda maior força do PT e tem ministros importantes como José Eduardo Cardozo e Miguel Rossetto.
Pont lamentou, porém, que a subida no tom não seja acompanhada de um movimento de imposição do governo perante o PMDB. Pont participa de um movimento de setores petistas que quer promover mudanças no PT para que o partido dê uma guinada à esquerda. "Reconheço que a presidenta quer manter alguma governabilidade, mas é esquizofrênica a relação que o PMDB tem, através do Eduardo Cunha, com o governo", disse Pont ao comentar a declaração da presidente de que o PMDB "não quer" tirá-la do poder.
"Se (o vice-presidente Michel) Temer e (o ministro Eliseu) Padilha querem estar no grupo político, e é legítimo que estejam, tem de haver contrapartida. Tem de mostrar que PMDB controla seus eleitos", cobrou Pont, que chamou de "incoerente" a postura dos peemedebistas.